Bloqueio de caminhoneiros já produz desabastecimento em várias regiões do País

A reportagem a seguir, assinada pela jornalista Júlia Lewgoi, Jornal do Comércio de hoje, rfevela que a paralisação nos eixos rodoviários, reduziram estoques de diversos produtos serão reduzidos. Leia tudo:

Foram 46 municípios e 53 trechos de rodovias federais e estaduais paralisados ontem no Estado pelo protesto dos caminhoneiros, que reivindicam melhores condições à categoria. Em oito estados no País, as principais queixas dos transportadores ainda são a alta nos preços do diesel, dos pedágios e dos tributos sobre o transporte. O movimento não tem liderança unificada, nem uma pauta conjunta, mas ganha força e preocupa diferentes entidades, que temem a falta de insumos na indústria e nas prateleiras.

Ontem, o movimento ganhou amplitude no Rio Grande do Sul. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os principais eixos rodoviários do Estado e do Mercosul foram bloqueados. Entre eles, a BR-116 - nos municípios de Camaquã, Capão do Leão e São Lourenço -, a BR-285 - em Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Mato Castelhano, Ijuí e Carazinho -, e a BR-386 - nas cidades de Soledade, Sarandi e Frederico Westphalen.

Ainda ontem, a Justiça determinou a liberação de trechos de três rodovias no Sul do Estado: as BRs 293, 116 e 392. A decisão da 3ª Vara Federal de Pelotas foi a primeira a atender pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que ajuizou ações em sete estados, para solicitar a liberação das rodovias federais. Na decisão da Justiça de Pelotas, que tem caráter provisório, foi fixada uma multa de R$ 5 mil por hora de permanência não autorizada dos manifestantes nas pistas. A decisão também obriga a aplicação de sanção prevista no Código de Trânsito Brasileiro, que estabelece como infração gravíssima a promoção de eventos organizados sem permissão da autoridade de trânsito.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o procedimento da maioria dos manifestantes tem sido o mesmo: parar nos postos de gasolina e obrigar caminhoneiros que estão passando a estagnar nos postos. Muitos, no entanto, param no acostamento, e liberam veículos leves, ônibus e caminhões com cargas perecíveis.

Nas estradas estaduais, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar, em 17 trechos, os bloqueios não tinham previsão de encerramento até o fechamento desta edição. Entre os municípios atingidos pelo protesto, estão Passo Fundo (RSC- 153), Veranópolis (RSC-470) e Caxias do Sul (ERS-122), onde ocorre liberação a cada cinco minutos.

A falta de matéria-prima, que deixa de ser transportada, atinge diferentes setores da indústria gaúcha e ameaça o abastecimento de alguns produtos no Estado. Em alguns postos de combustíveis na região Sul, em Pelotas e cidades ao redor, e na zona das Missões, já falta gasolina, especialmente a comum, a mais consumida. Segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), Adão Oliveira, a falta de gasolina ainda é isolada, mas pode se agravar, se o protesto perdurar por mais um dia. "Com o movimento de que faltará combustível, muitos consumidores já enchem o tanque para se precaver. O álcool é uma boa alternativa", considera Oliveira.

Nos supermercados, ainda não há sinais de desabastecimento, segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Em nota, a entidade afirmou que monitora a situação junto à indústria e que, se os bloqueios das rodovias continuarem, consumidores sentirão os efeitos ainda a partir de amanhã. Os produtos que mais correm risco de faltar são frutas, verduras e carnes. "A alta do diesel veio em hora errada, não apenas pelo encarecimento do frete, mas também pelo desincentivo à produção própria de energia com geradores, em meio a uma grande crise energética", afirma o presidente da Agas, Antônio Longo.
Empresas de outros estados também sofrem dificuldades com o desabastecimento
A paralisação dos caminhoneiros já prejudica a produção em Santa Catarina e Minas Gerais. De acordo com o Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados) catarinense, toda a produção do estado foi paralisada na segunda-feira, causando prejuízo mínimo de R$ 10 milhões por dia. A maior parte dos laticínios catarinenses está na região Oeste, que é também o epicentro da paralisação em Santa Catarina, e que já registra falta de combustível em postos e alimentos hortifrúti.

O bloqueio das rodovias também fez a Fiat dispensar, pelo segundo dia consecutivo, cerca de 6 mil trabalhadores do primeiro e segundo turnos da fábrica de Betim (MG), fazendo com que, pelo menos, 2 mil veículos deixem de ser produzidos por dia. Segundo a empresa, o protesto impede que as autopeças e componentes utilizados na fabricação de veículos chegue no horário programado. A Fiat não descarta ter que dispensar os colaboradores novamente hoje. No Rio de Janeiro, lojas da Ceasa deixaram de receber mercadorias e receberam avisos de que os fornecedores não vão abastecer os caminhões.
Empresas já estão suspendendo suas atividades no Estado
Produtores também sentem os reflexos das paralisações, já que falta matéria-prima para rações de animais, medicamentos e outros itens necessários. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, os suinocultores já contabilizam prejuízos, com unidades suspendendo abates pela falta de animais e de insumos para o abastecimento da granja, como na gaúcha Alibem, de Santa Rosa.

Um levantamento feito pelo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS) apontou que o leite dos produtores não chega a muitas indústrias, algumas delas com 80% da produção parada, à espera do insumo. A situação é agravada pelo acúmulo de matéria-prima, que é perecível e deve ser mantida sob refrigeração. "O processo produtivo do leite está travado", avalia o presidente do Sindilat-RS, Alexandre Guerra.

Em Rio Grande, a Superintendência do Porto informou que a manifestação dos caminhoneiros têm reflexos na operação portuária, mas que não paralisou as atividades do Porto de Rio Grande. "Os terminais possuem carga nos pátios, o que permite que sigam operando os navios",afirma o diretor técnico, Darci Tartari.

A superintendência do porto participou ontem como mediadora de uma reunião entre o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam), transportadoras e transportadores autônomos.


2 comentários:

Anônimo disse...

Um militar da intel. de alta patente, amigo nosso de clube de tiro aqui na minha cidade disse que o bicho vai pegar e é para comprar o que puder e guardar, comida, água, combustível, até pólvora, espoletas e pontas para quem é atirador com C.R !! A onça pode beber água antes mesmo que muitos imaginam !!

Anônimo disse...

Uma salva de palmas aos ignorantes que apoiavam essa iniciativa dos camioneiros. Daqui a uma semana estarão se degladiando por comida nas gôndolas dos supermercados.

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