Neste artigo para a Folha de hoje, Benjamin Steinbruch, dono da CSN, diz que a recessão precisa combate imediato, antes mesmo das eleições. Ele sugere redução da taxa básica de juros, desvalorização do real, mais crédito, renovação da frota de carros e corte no Custo Brasil. Leia trechos selecionados pelo editor (no link, o texto original):
Vejamos o que está ocorrendo na indústria de São Paulo.
Dados da Fiesp mostram que foram demitidos no Estado 15,5 mil empregados no
setor no mês de julho. Em 2012 e 2013, os dados acumulados indicam o fechamento
de 88 mil vagas de trabalho. Considerada a estimativa de 100 mil perdas para
2014, teremos um volume impressionante de 188 mil empregos perdidos em três
anos. Em termos de oferta de trabalho, é como se duas empresas do tamanho da
Petrobras tivessem fechado as portas.
Apesar desses resultados desastrosos da indústria
paulista, o Brasil continua com nível confortável de empregos. Até nos
surpreendemos com notícias da chegada de milhares de imigrantes, que são
absorvidos sem maiores traumas pelo mercado de trabalho nacional. Considerados
todos os setores, até julho foram criados 632 mil postos neste ano em todo o
país. Mas o número de julho (12 mil vagas) foi o mais baixo para esse mês nos
últimos 15 anos.
A tendência, portanto, é de piora na oferta de empregos,
mas ainda há tempo para corrigi-la antes que o país como um todo comece a
perder postos de trabalho. Várias ações emergenciais podem ser tomadas
independentemente de eleições. A primeira seria a redução imediata dos juros,
que permanecem em 11% ao ano e representam forte desestímulo aos investimentos
produtivos.
Se é possível deixar os recursos aplicados com segurança
em títulos públicos que rendem 11% ao ano, por que uma pessoa, em sã
consciência, faria um investimento produtivo que nem de longe consegue um
retorno dessa magnitude?
Outra seria a desvalorização do real, como consequência
da primeira, beneficiando a exportação e dificultando importações.
Medidas para estimular o crédito também não precisam
esperar as eleições --na semana passada, algumas já anunciadas pelo Banco
Central e Ministério da Fazenda foram muito bem-vindas.
(...)
Que venham as eleições, que elas representem uma festa
para a democracia e que o eleitor decida livremente seu voto. Mas não é
necessário esperar o resultado das urnas para combater as doenças da economia,
sendo a principal delas, sem nenhuma dúvida, a recessão (Benjamin Steinbruch,
empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente
do conselho de administração da empresa e presidente em exercício da Fiesp;
Folha de S.Paulo, 26/8/14)
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