No filme O 
Exterminador do Futuro, o ciborgue Schwarzenegger é enviado ao passado para 
matar a mãe do único homem capaz de salvar a raça humana do domínio das 
máquinas. O enredo é linear: problema que não nasce no passado não tem como 
incomodar no futuro. Matando-se a mãe, corta-se o inimigo pela raiz.
Todo 
mundo já deve ter imaginado o que faria se pudesse voltar no tempo para alterar 
um erro, mudar um detalhe. Se lhe fosse permitido ser um Schwarzenegger de si 
mesmo, Lula talvez retornasse para 2003. Ao ver José Dirceu e Delúbio Soares 
aproximando-se de Marcos Valério, gritaria: “Vocês enlouqueceram?!?”
Em 
depoimento à Procuradoria Geral da República, Valério contou que, em vez de 
gritar, Lula balbuciou um ‘ok’. Fez isso para avalizar verbalmente os 
empréstimos fictícios do mensalão. Depois, Lula teve despesas pessoais pagas com 
verbas de má origem, disse o operador do escândalo.
Quem acompanhou a reação 
do PT já sabe: Lula é o homem mais ético e honrado que o seu partido já 
conheceu. E Valério não passa de um reles condenado, um sujeito sem autoridade 
moral para atacar o benfeitor do Brasil. A artilharia petista não exterminou o 
problema. Mas transformou em pó o discurso do PT.
O que vinha dizendo o PT? 
Três coisas: 
1) o STF rendeu-se à pressão da mídia e virou um tribunal de 
exceção; 
2) José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e até Delúbio Soares 
foram condenados injustamente. 
3) o mensalão não existiu. Era caixa dois.
O 
que passou a sustentar o PT? Duas coisas: 
1) esqueçam aquele Valério genial, 
mago das finanças, recebido com honrarias nos gabinetes do partido e da 
República. O julgamento do STF fez dele um criminoso indefensável. 
2) como Lula 
não se envolveu com esse desqualificado, os cúmplices dele no PT e no governo 
são outros.
Tudo muito claro, como se vê. Não podendo voltar no tempo para 
apagar Valério de sua história, o PT esquece o que dizia até a semana 
passada.