A foto de Paulo Rossi, Diário Popular, é de empresários lesados. -
O jornalista Diego Queijo, Diário Popular, Pelotas, RS, informa na edição de hoje que enormes dívidas foram deixadas por empresas que erguem o chamado maior complexo de energia eólica da América Latina. "Fomos usados.", disseram em tom de desabafo vários empresários da cidade de Santa Vitória do Palmar, ouvidos pelo Diário Popular. "Não são todos", como salienta o prefeito, Eduardo Morrone (PT), mas basta conversar com trabalhadores, comerciantes e prestadores de serviços na cidade, para ouvir reclamações de insatisfação com um dos resultados negativos das obras dos parques eólicos: o calote.
O jornalista Diego Queijo, Diário Popular, Pelotas, RS, informa na edição de hoje que enormes dívidas foram deixadas por empresas que erguem o chamado maior complexo de energia eólica da América Latina. "Fomos usados.", disseram em tom de desabafo vários empresários da cidade de Santa Vitória do Palmar, ouvidos pelo Diário Popular. "Não são todos", como salienta o prefeito, Eduardo Morrone (PT), mas basta conversar com trabalhadores, comerciantes e prestadores de serviços na cidade, para ouvir reclamações de insatisfação com um dos resultados negativos das obras dos parques eólicos: o calote.
Leia tudo.Vale a pena. A reportagem é muito consistente.
As queixas são motivadas por dívidas deixadas por
empresas que erguem o chamado maior complexo de energia eólica da América
Latina. A falta de pagamentos atinge em cheio fornecedores locais que sonhavam
mudar de vida e faturar com a chegada do megaempreendimento.
Para construir os três parques (Geribatu, Hermenegildo e
Chuí), a região recebeu investimentos próximos dos R$ 3,5 bilhões. O capital
aplicado e a chegada dos imensos cata-ventos mudou não só a paisagem mas também
as demandas por serviços em Santa Vitória do Palmar. Com o Geribatu concluído e
o Hermenegildo e Chuí em fase final, várias empresas subcontratadas pelo
consórcio para atuarem diretamente na construção foram embora, deixando a região
e empreendedores locais a ver navios.
Indira Azevedo e o marido Mohamed montaram um restaurante
em 2012, época em que a chegada dos parques ainda soava feito boato pelas ruas.
Com o início das obras, o número de empregados pelo casal triplicou e eles
ainda adquiriram veículo próprio para entregar refeições nas frentes de
trabalho. Agora, o outrora otimismo de Mohamed deu lugar ao arrependimento. Os
dois afirmam terem deixado de receber mais de R$ 200 mil. Se o caso não for
resolvido, eles preveem o fechamento do restaurante até o fim do ano. "Se
soubesse que seria assim, que não seria pago, não tinha investido."
Gerente de um posto de gasolina, Alexandre Migueis
responde de forma emblemática ao questionamento sobre pendengas de pagamentos
de empresas ligadas à construção dos parques eólicos. "Sim, tenho como
praticamente todo comerciante vitoriense."
Migueis cobra na Justiça o pagamento de cerca de R$ 60 mil
em quatro ações. "Me precavi e fiz notas fiscais e cadastro aprofundado de
todo mundo, de tudo, mas tem gente que não fez e ficou empenhada."
O impacto e o total das dívidas deixadas na cidade não
foi medido oficialmente. Alguns empresários falam em mais de 1,5 milhão
espalhados entre postos de gasolina, imobiliárias, empresas de material de
construção, locação de maquinários, segurança e alimentação. Além do
desemprego.
Há pelo menos seis meses a rotina do vigilante Wagner
Santos, 26, e outros funcionários de uma prestadora de serviços de segurança é
a mesma. Após passar a noite no trabalho, é preciso ligar diariamente para o
patrão ou ir até a sede da empresa em busca do salário, ou parte dele, no caso
de Wagner, para sustentar o filho de seis anos e a esposa. "É sempre uma
briga para receber e já fiquei dois meses sem ver nenhum dinheiro."
Na sala de entrada da firma, onde Wagner trabalha,
dezenas estão na mesma situação. A empresa chegou a ter 105 funcionários. Hoje
são 60. O valor devido ao proprietário, Nelson Nunes, segundo ele, chega a R$
620 mil. "É desesperador ver pais de família que contam contigo e tu não
pode pagar o que eles devem ganhar por direito... Não sei mais o que dizer aos
meus funcionários."
Impacto
O tamanho e o prazo do boom provocado pela chegada do
parque eólico na cidade de 40 mil habitantes pode ser medido pelos empregos
gerados. Há quase um ano, no auge da construção do Geribatu, segundo a
Eletrosul, havia 1,1 mil trabalhadores diretos e 1,4 mil indiretos. Agora, com
o parque pronto, o número de funcionários para manter o sistema funcionando não
chega a 40. Entre diretos e indiretos, para manter o Geribatu e Chuí serão 80
pessoas no máximo, segundo o gerente regional da Eletrosul, Jorge Henrique
Dimer.
Responsável pela estatal, Dimer admite problemas de
inadimplência na cidade envolvendo subfornecedores terceirizados pelo menos
desde 2013, quando uma empresa de construção civil contratada pelo consórcio
formado pela Eletrosul e Eólicas do Sul, não pagou os locais e acabou sendo excluída
do projeto. "Isso, para nós, como empresa pública, é ruim porque a imagem
que queremos levar à população é que estes investimentos vão trazer frutos
positivos."
Para sanar os contratempos, o grupo tomou algumas
medidas. "Convocamos estas empresas para reuniões e às vezes retemos
pagamentos para exigir ações pontuais enquanto a nossa contratada não pagar
seus próprios fornecedores."
Ao longo da reportagem o Diário Popular tentou entrar em
contato com pelo menos duas empresas que estariam inadimplentes, mas não obteve
retorno. Mesmo assim, de acordo com credores, elas alegam a falta de pagamento
por parte da Eletrosul e da Eólicas do Sul. Quanto a isso, Dimer afirma que
pode ter ocorrido atraso de repasses no BNDES, mas nada que comprometesse as
gratificações.
Em entrevista ao Jornal, o prefeito, Eduardo Morrone,
salienta o lado benéfico da construção, preferindo referir-se ao lado positivo
de geração de renda, minimizando os casos de calote. O valor gerado pelo
empreendimento através do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação
de Mercadorias e Prestações de Serviços) ainda não começou a entrar nos cofres
do município. Quando o parque estiver em pleno funcionamento e isto ocorrer, a
prefeitura estima acréscimo de 30% ao ano na arrecadação, ou cerca de R$ 4,5
milhões. "A obra mudou a cidade e muitos não ficaram endividados,
infelizmente alguns tiveram este problema pontual."
Ainda assim, para tentar sanar a situação de
inadimplência, segundo Morrone, uma reunião com alguns empreendedores foi
realizada. "Fizemos uma primeira averiguação da situação e vamos falar com
a Eletrosul para tentar intermediar." Quanto ao desemprego, o prefeito
admite a situação, mesmo sem dados oficiais, e se mostra otimista.
"Qualquer emprego que a gente perde é impacto negativo, mas isso aí, para
o atual estágio de desenvolvimento da cidade, a gente sabe que será
absorvido."
Complexo Eólico
A linha de transmissão, que passa pela Estação Ecológica
do Taim, corta as terras do Sul para levar a energia dos ventos produzida no
complexo eólico Campos Neutrais (Geribatu, Hermenegildo e Chuí) para todo o
Brasil.
A denominação do complexo remete ao período da
colonização. A área compreendida entre os banhados do Taim e o Arroio do Chuí,
onde foram posteriormente instalados os municípios de Santa Vitória do Palmar e
Chuí, foi palco de várias disputas entre tropas portuguesas e espanholas. Para
evitar mais conflitos, com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777,
a região ficou sendo um território neutro e, portanto, conhecida como Campos
Neutrais.
A geração de energia eólica é perfeitamente compatível
com o perfil econômico dos municípios, uma vez que não interfere na atividade
predominante na região, que é o cultivo agrícola, principalmente, de arroz.
Outro efeito da implantação de parques eólicos em Santa
Vitória do Palmar e Chuí é a movimentação do turismo. Os aerogeradores, que
chegam à altura de um prédio de aproximadamente 25 andares, têm atraído
centenas de visitantes, tanto brasileiros como uruguaios. Fomentando o turismo regional,
a Eletrosul implantou um Centro de Visitantes.
Parque Geribatu
129 torres de aerogeradores
Área: 4,7 mil hectares
Investimento: R$ 1 bilhão
Empregos: 1,7 mil diretos e indiretos
Capacidade de Atendimento: 1,5 milhão de habitantes
Parque Hermenegildo
101 torres de aerogeradores
Área: 2,5 mil hectares
Investimento: R$ 900 milhões
Empregos: 1,6 mil diretos e indiretos
Capacidade de Atendimento: 1 milhão de habitantes
Parque Chuí
72 torres de aerogeradores
Área: 3,2 mil hectares
Investimento: R$ 800 milhões
Empregos: 1,5 mil diretos e indiretos
Capacidade de Atendimento: 800 mil habitantes
O Sistema de Transmissão
Paralelamente à implantação dos parques eólicos, a
Eletrosul em parceria com a CEEE investiu aproximadamente R$ 800 milhões na
construção do sistema de transmissão para escoar a energia e integrá-la ao
sistema nacional.
Entre Santa Vitória do Palmar e Marmeleiro são 52
quilômetros de linhas de alta tensão. Entre Marmeleiro e Povo Novo são
aproximadamente 154 quilômetros, com cerca de 15 quilômetros dentro da Estação
Ecológica do Taim, e entre Povo Novo e Nova Santa Rita são 281 quilômetros.
Além das construções das três novas subestações e ampliação das unidades já
existentes nos trechos.
Fonte: Eletrosul
2 comentários:
Eles que se consolem com centenas de pessoas tanto fisica como juridicas que acreditaram que iriam ganhar muito com o Polo Naval em Rio Grande. Sei de dezenas de pessoas que alugaram seus imóveis e não receberam nada além de terem seus imóveis destruidos. O comércio local, duvido que exista algum que não tenha tomado calote. Perto de minha casa, alugaram tres residencias mobiliadas de um mesmo dono,através de immobiliária e após não receber o pagamento devido , o proprietário e o corretor foram ao local e não havia mais ninguém , inclusive se descobriu que os moveis da residencia foi vendida a um brique.
PQP! Mas que desperdício de terra, no Parque Geribatu por exemplo é uma torre para cada 36 hectares de terras, espero que essas terras sejam aproveitadas para a agricultura ou pelo menos pecuária!
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