Uma das vozes no coro pró-impeachment, Roberto Freire
está otimista com uma possível gestão Michel Temer e diz que a missão de
garantir a governabilidade seria responsabilidade de todos que derrubaram Dilma
Por Marcos Mortari
SÃO PAULO - De umas semanas para cá, as conversas nos
corredores de Brasília sobre um eventual impeachment da presidente Dilma
Rousseff se intensificaram e as tensões políticas cresceram ainda mais na
capital Federal. O ingresso de um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, no grupo
dos que desejam ver a sucessora de Lula fora do Planalto engrossou o tom dos
opositores, que avaliam que a saída presidencial talvez seja questão de tempo.
Sem apoio para governar, Dilma sofre de um isolamento político e luta para se manter
no cargo ao mesmo tempo em que reconhece a necessidade de um ajuste que não
consegue implementar.
Uma das vozes ativas nesse coro e com larga experiência
de atuação no Legislativo, o deputado federal e presidente nacional do PPS
Roberto Freire (SP) tem um ponto de vista mais otimista com um possível governo
comandado pelo vice Michel Temer e diz que a missão de garantir a
governabilidade seria uma responsabilidade de todos que votarem o impeachment
de Dilma. Se votarmos o impeachment, o governo que vier é responsabilidade
nossa – coisa que o PT não entendeu e era o que dizíamos a eles [na época da
saída de Collor]. Não é responsabilidade nem da sociedade, que não escolheu.
Nós é que temos que dar sustentação. Se não quiser assumir responsabilidade,
não derrube o governo que aí está", disse durante visita à redação do
InfoMoney.
Em seu sétimo mandato na Câmara dos Deputados - sendo o
terceiro pelo PPS -, Freire foi líder do governo Itamar Franco na casa, logo
após o impeachment de Fernando Collor de Mello. Crítico das gestões de Lula e
Dilma, o parlamentar culpa decisões equivocadas na política econômica e
escândalos de corrupção que vieram à superfície como ingredientes de destaque
para o descarrilhamento da economia brasileira nos últimos anos. Para ele, é
urgente um choque de credibilidade e ajustes que reaqueçam os motores da
economia para novos ciclos de crescimento com maior sustentação e a atual
presidente não conta com força política para liderar tais processos. Acompanhe
os melhores momentos da entrevista:
InfoMoney - O que diferencia Dilma de Collor?
Roberto Freire - De qualquer forma, ela não é um outside
isolado como era Collor. Hoje, não tem mais muito quem a defenda, mas ela ainda
tem alguns que não trabalham pelo impeachment. É o caso de algumas entidades
como CNBB e OAB, que se envolveram pelo impeachment de Collor. Mas é um governo
que começa a ter problemas graves. Os agentes econômicos estão com muito medo
do que está por vir e, por isso, acabam dando certo apoio ao que está. Mas é
algo muito frágil. As pessoas têm muito medo de mudança. Porém, chega um
momento que é inexorável, tem que mudar. Não se governa mais. Alguém imaginar
que essa Agenda Brasil é alguma coisa séria para enfrentar a crise é
brincadeira.
IM - Mas ela tem conquistado uma base mínima no Senado,
melhor do que a posição que tem na Câmara neste momento.
RF - Não conquistou nada. Sem saber direito o que era,
você teve declarações de Lula e Dilma dizendo que era uma maravilha.
Conseguiram, inclusive, a ridicularia de tirar um dos pontos, que era contra
tudo que qualquer pessoa de bom senso pensava: acabar com o SUS e começar
cobrar pela área de saúde no Brasil. Que brincadeira é essa? Até os Estados
Unidos estão querendo sair disso e aqui queremos voltar...
IM – Também se cogitou o fim do Mercosul. O senhor que se
engaja na discussão de questões de política internacional no Senado, que visão
tem sobre isso?
RF – Serra é um adepto de que o Mercosul atrapalha o
Brasil. Esse governo não: ao contrário. O governo usou o mercado exatamente ao
inverso de qualquer coisa que ele fazia. O governo usou o Mercosul para
expulsar Paraguai, para colocar Venezuela. Foi instrumento de sua política
externa. É uma coisa estranha. É cabelo para náufrago.
IM - Foi pretexto para um acordo de curto prazo então?
RF - Claro. Então não vai resolver. O problema não é de
acerto palaciano. Isso já não resolve mais. Dá um oxigênio, mas o ajuste fiscal
proposto lá atrás pelo Levy já não vale nada, se esfarelou completamente. O
governo não governa. Não há mais governo.
IM - Aproveitando seu gancho na economia: qual é a sua
visão sobre o que foi feito, o que precisa ser feito e o que se deixou de
fazer?
RF - As oposições, durante a campanha, apresentaram
algumas alternativas. O quadro grave, mas ali já tínhamos uma demonstração de
que era necessário fazer ajustes. Lembro mais uma vez Collor. Fui líder do
governo Itamar. Uma das primeiras medidas que tomamos para aplicar um ajuste
duríssimo foi a criação do IPMF provisoriamente. Não era contribuição para
ficar no governo Federal, era um imposto que iria também ser transferido para
Estados e municípios, já que a crise era geral. Veja a diferença para este
governo, que quer que eles entrem pelo cano. Rio Grande do Sul que se lasque.
IM - Foi o caso na decisão de se elevar a CSLL, um
imposto que vai todo para os cofres da União?
RF - Mas é claro. Esse comportamento vem de muito tempo.
Já na segunda fornada de IPMF, ele não veio mais como imposto, mas contribuição
na área da saúde, vinculando ao governo Federal, sem transferir para Estados e
municípios. Para enfrentar a crise, um ajuste tem que ser feito. Estou
mostrando algumas diferenças. Teve até um detalhe: no nosso caso, todos tiveram
que pagar. Inclusive, quebramos na proposta de emenda constitucional da criação
a imunidade de igrejas, sindicatos e outros.
Mas sabe quem não pagava? – na verdade pagava, mas tinha
sua despesa reposta. Aposentados e pensionistas. Isso foi para mostrar a
necessidade do ajuste, aliado à preocupação com Estados e municípios,
aposentados e pensionistas, diferentemente desse governo que faz algo paradoxal
e perverso. Com a crise de desemprego, o que ele faz? Mexe no seguro-desemprego
para piorá-lo, retirando a capacidade de atendimento.
Dou outro exemplo: não tem por que um ajuste no país não
tenha que ser feito no setor financeiro também. É preciso uma negociação para a
dívida interna brasileira com os bancos. Não pode o Brasil continuar fazendo
uma política de toda a poupança interna ser utilizada para pagar juros
bancários.
IM - Seria uma espécie de auditoria?
RF - Não é bem auditoria. Como com todos os setores da
economia, vamos ter que fazer uma negociação. A poupança nacional, em sua quase
totalidade, é para rolar dívida de um governo que não tem um mínimo projeto
para resolver seus problemas. É uma sangria que não pode continuar. Nada contra
o mercado, mas o país não pode apenas viver para pagamento de juros. Seja o
governo com um plano concreto de austeridade na máquina, mas ao mesmo tempo
enfrentando aquilo que é fundamental. Não é tirando dinheiro de trabalhador que
vai se resolver um problema que drena há muito tempo a poupança nacional.
A oposição tem que levar em consideração tudo isso. Vai
ter que fazer um ajuste. A carga tributária brasileira altíssima já não aguenta
mais. Não é por aí que temos que resolver. E o governo não mexe em nada em sua
estrutura, continua irresponsável. Fala, mas nada de concreto é feito.
IM - Como reduzir o número de ministérios com um sistema
de coalizão tão saturado e difícil de se manter uma base aliada por tanto
tempo?
RF - Fui líder do governo Itamar e meu partido tinha três
deputados. Não fizemos nenhum grande acordo, não foi entregue ministério a
nenhum partido para fazer parte de coalizão. Se tiver um governo sério, você
pode encontrar seriedade na Câmara. Costumo dizer que nenhum deputado tem chave
do cofre ou caneta do Diário Oficial, não nomeia diretor de nenhuma estatal.
Conseguimos derrotar a imunidade das igrejas, mas é
evidente que fomos derrotados em algumas negociatas. Como não somos
parlamentaristas, podemos até perder algumas votações e continuar. Se fosse
esse o modelo, poderia haver maior desconfiança – o que seria bom, até porque
Dilma já estaria em há muito tempo fora.
IM - Circula em Brasília, principalmente depois que saiu
a denúncia contra Eduardo Cunha, o questionamento sobre sua legitimidade para
conduzir um eventual processo de impeachment. O que o senhor, que tem se
posicionado de maneira favorável à saída da presidente Dilma Rousseff do cargo,
pensa a respeito?
RF - O Congresso não é o poder representado por uma
pessoa, diferentemente do Executivo, que, sem o presidente da República, deixa
de existir, há um vazio. Todos os titulares têm suplentes. Por si só isso já
mostra que é um poder que, mesmo que seja preciso cortar na pele, continua
existindo e com a mesma legitimidade. Já vi presidentes sendo cassados mesmo
após cassarem o presidente da República. Isso já aconteceu. Recentemente se
cassou um presidente recém-eleito: Severino Cavalcanti. E o poder continuou sem
nenhuma preocupação. O Congresso é que vai resolver a crise, com maior problema
ou sem problema. Porque tem um ou outro denunciado, o Congresso não vai deixar
de cumprir com suas atribuições.
IM - Se houvesse alguma alteração na presidência da
Câmara, como alguns defendem na casa, quem o senhor acredita que largaria na
frente?
RF - Depende. Quando esse momento chegar, Dilma estará na
presidência? Enquanto você não for réu, não há nada que se fazer. No momento em
que se transformar réu, respondendo inquérito, podemos discutir se cabe
licença. Até porque pode ser absolvido mesmo assim.
IM - Qual é a posição do senhor?
RF - Não gostaria que estivesse na presidência alguém com
uma espada em cima, porque isso diminui a capacidade de o poder Legislativo ter
um papel mais ativo. Mas vai precisar ter, porque não há aonde ir. Ninguém quer
chamar bispo, que não resolve, e general, que, quando se mete para resolver, é
pior ainda. Termos que tratar com as instituições republicanas. Aquilo que é do
Judiciário tem tido uma boa presença. Sérgio Moro é um exemplo disso. Pela
primeira vez na República, estamos vendo príncipes da economia presos. Agora
está entrando o STF, que já teve papel de relevo na questão do Mensalão e vai
continuar tendo.
A sociedade percebe. Quem vota o impeachment? Alguém vai
dizer que não pode haver impeachment porque há alguns parlamentares
denunciados? E, se a Câmara votar e ele for condenado, ele também será cassado.
Não há problema.
IM - Uma das leituras que têm surgido apontam para a
possibilidade de Cunha pedir o arquivamento de um processo de impeachment
defendido pela oposição, que exigiria recurso em Plenário. Com maioria simples,
abrir-se-ia o processo contra a presidente na casa. O senhor acredita que esse
caminho seria viável e razoável?
RF - Ter maioria simples não importa muito. Se quisermos
o impeachment, temos que ter maioria qualificada.
IM - Mas abriria o processo.
RF - Mas eu não quero abrir o processo, eu quero o impeachment.
IM - O impeachment é consequência desse processo.
RF - Mas não estou preocupado se tem maioria ou minoria.
É preciso ter a decisão política de se entrar com o processo de impeachment.
Até porque, do ponto de vista jurídico, costumo dizer que temos uma frota de
Fiat Elba da Dilma montada. O problema é político.
IM - Qual seria essa frota de Fiat Elba?
RF - Pedalada fiscal é um. Doação de recursos para
campanha é outro. Presidente do Conselho da Petrobras... É preciso acabar com
esse problema de que tem que ser algo durante o mandato dela. O quadro é
caótico de irresponsabilidade da presidente da República. Essa ideia de que ela
era honesta ficou meio diluída. Ela surgiu um pouco porque Lula é evidentemente
tão mais corrupto que ela. Corrupção no governo está aí. Essa é a suprema
desmoralização do Brasil.
O que não falta é isso. Claro que é preciso analisar,
estudar. Mas temos que enfrentar. Senão a oposição se desmoraliza. O que veio
da opinião pública brasileira é claramente a ideia de não estar aguentando esse
governo, querem uma alternativa ao que aí está. E você tem também surpresas que
podem vir da Lava Jato. O que vai ser do TSE quando se comprovar que recursos
que vieram de propina e do exterior patrocinaram a campanha dela.
IM - Mas os mesmos grupos doam para diversos candidatos.
RF - Doar é uma coisa. Você não está vendo ninguém
levantar doação de empresa a candidato. O que se está discutindo são recursos
que podem ter sido legalizados, mas que a origem vem da propina. Estão levando
em consideração que algumas dessas doações vieram por caminhos tortuosos. Pode
até ser registrado como legal, mas não era legalizado. Vinha da propina.
Ricardo Pessoa falou isso. Até lavar no TSE fizeram. Tem outras formas, como a
origem do dinheiro para pagar gráficas que não existem. Não é da doação. Se
isso fosse investigado, não sei quem ficaria imune.
IM - Recentemente, temos visto cada vez mais efeitos
políticos sobre os movimentos das ações na Bolsa.
RF - O Brasil não pode continuar com isso. No momento em
que tivermos um novo governo, teremos a continuidade das investigações da Lava
Jato, mas também teremos uma gestão com capacidade de governar. Um governo como
o de Dilma não tem nenhuma capacidade de discutir repatriação de recursos, por
exemplo. Quem acredita que esses recursos não têm nada a ver com a roubalheira
do governo dela? A opinião pública não aceita. O governo dela não tem moral
nenhuma para propor nada nesse sentido. Outro governo terá essa condição. A
sociedade, de imediato – eu vi isso com Itamar –, passa a levar em
consideração. Com Dilma, não se leva mais nada em consideração. Ela não
consegue aglutinar nenhuma pauta que possa ser chamada de bomba ou não bomba,
porque é incapaz de ter a condição de ter maioria.
E ainda faz um discurso cobrando de nós como se nós
fôssemos salvar o governo. Não adianta pedir para a oposição. O que a oposição
tem que pedir é que eles vão embora. Chegou um momento em que não é mais aquela
crise em que a oposição pode discutir o enfrentamento conjunto com capacidade
de diálogo. Esse governo não merece nenhum respeito. Imagine a oposição dizer
que vai ajudar Dilma. O que? Para também morrer junto? Estão cobrando demais.
Não sou nenhum radical louco, não, mas é preciso, neste momento, a oposição
dizer à sociedade que esse governo não pode continuar. É importante que se
tenha esse momento. Senão, você não está cumprindo o papel; não está sendo
responsável. Se nem o governo ela consegue controlar, é a oposição que vai
resolver?
IM - O que se observa nesse momento de crise é que existe
praticamente um foco maior em evitar o impeachment, se manter no governo. Há um
imobilismo muito grande.
RF - Tem razão Serra: a única agenda do governo é se
manter no poder. E agora é pior: como evitar o impeachment. Tudo é válido. Até
se segurar nessa Agenda Brasil, que é algo evidentemente inócuo para enfrentar
qualquer crise.
IM - E vai de encontro com muita coisa que ele próprio
pregou inicialmente.
RF - E não é apenas contra o que o governo falou, mas
contra a sociedade. O Mercosul é uma coisa impressionante, porque o PT segurou
o bloco como um grande instrumento de sua política externa. Na oposição ainda
havia alguma discussão, porque Serra sugere que o Mercosul é um atraso para o
Brasil, nos termos que está.
IM - Também há terceirização na pauta, um assunto muito
caro para o PT, levando em consideração o discurso do partido.
RF - Eu não diria que seja, porque o PT apoia qualquer
coisa. O partido falava contra privatizações e fez... Ele não merece nenhum
respeito mais. Mas a questão da terceirização foi algo que CUT e PT
transformaram em cavalo de batalha para tentar ofuscar, naquele momento, aquelas
duas medidas provisórias que eram contra os trabalhadores e eles não se
opuseram – o governo conseguiu colocar goela abaixo. Foi uma boia que lançaram
e eles se seguraram para poder fazer manifestação a favor da classe
trabalhadora, embora de forma parcial, porque os terceirizados são
trabalhadores também.
IM - Com relação a impeachment, o senhor defende Temer na
presidência ou outra opção, como a realização de novas eleições?
RF - Institucionalmente, quem assume é o vice.
Impeachment é crime individual, não coletivo. Constitucionalmente, o parlamento
pode decretar o impeachment de um presidente. Isso é o que cabe fazer. Se não
houver condições de fazê-lo, ela renuncia se quiser. Eu vou fazer pressão
contra o governo, mas não dá para sair imaginando que eu tenha algo a fazer com
relação a uma possível renúncia. Da mesma forma, a convocação de eleições
gerais é responsabilidade do poder Judiciário. Como também não teve nenhum
Tribunal de Contas para iniciarmos o impeachment contra Collor. Aquilo pode
ajudar, mas não nos submetemos a TCU para fazer. Nós não temos que esperá-los.
Minha posição é que temos que discutir o que podemos fazer.
IM - Temer teria condições de pegar esse abacaxi?
RF - Tem porque não é sozinho. Não vou comparar Temer a
Itamar. Mas, avaliando situações, podemos dizer que um governo que surge na
raiz do impeachment tem uma legitimidade dada pelas forças que o realizaram.
Para fazê-lo, articula-se uma força amplamente majoritária seja na sociedade ou
no parlamento, que vai governar. No momento em que houver impeachment, o novo
governo não tem nada a ver com aquele que foi impedido. Ele pode até fazer uma
coalizão maior e trazer alguns que defendiam o governo, mas que podem ajudar.
Normalmente isso não acontece. Por exemplo: o PDT não participou muito
efetivamente do impeachment de Collor. De imediato, ele foi fazer oposição ao
governo Itamar.
Todas as forças que fizeram o impeachment participaram do
governo, à exceção do PT que não quis. Mesmo assim Erundina foi para o
ministério, mas foi embora. O partido participou, por exemplo, da reunião que
tivemos com Itamar para formação de governo enquanto estavam votando no Senado
o impeachment de Collor. Lula não indicou ninguém do PT, em um momento de
oportunismo, imaginando que, com um fracasso do governo Itamar, seria o
presidente da República. Como não houve fracasso... Pelo contrário, tirou
Fernando Henrique Cardoso de certo isolamento político, que não imaginava ser
candidato a nada, e, por conta do Plano Real, virou candidato e presidente da República,
derrotando Lula em primeiro turno. Ele não entendeu nada. Até porque, se
tivesse entrado no governo, muito provavelmente sairia uma coalizão de PT e
PSDB para a presidência da República. E nós trabalhamos por isso. Teve um
artigo meu e do Plínio, que na época era do PT, dizendo que, José Dirceu não
saísse candidato em São Paulo e apoiasse Mário Covas, e fosse feita, em nível
nacional, candidatura de Lula com PSDB entrando de vice. Não entenderam nada.
Quando foram entender, foi através da carta aos banqueiros de 2002.
IM - Qual seria sua disposição como opositor em um
eventual governo de Michel Temer? Haveria disposição para o diálogo?
RF - Total. Se votarmos o impeachment, o governo que vier
é responsabilidade nossa – coisa que o PT não entendeu e era o que dizíamos a
eles. Não é responsabilidade nem da sociedade, que não escolheu. Nós é que
temos que dar sustentação. Se não quiser assumir responsabilidade, não derrube
o governo que aí está. Dentro do PPS, essa discussão não passa.
IM - O Legislativo está mais forte do que nunca neste
mandato?
RF - Talvez esse seja o mérito de Eduardo Cunha, embora
isso já tivesse começado com o próprio Henrique Eduardo Alves. A eleição do
PMDB trouxe ao Congresso, de imediato, a ruptura de uma correia de transmissão
do Legislativo ao Executivo. O Legislativo vivia em função do que o Executivo
determinava. Com Henrique, isso foi quebrado. Um dos episódios mais
ilustrativos foi o do Código Florestal, que gerou uma polêmica muito grande na
sociedade. Aquilo ocorreu porque o PMDB quis, não por causa do governo. O
governo não sabia o que queria, porque sua base era totalmente dividida no
assunto. Com Eduardo Cunha, isso ficou mais evidente também pela política de o
governo querer derrotá-lo.
IM - Desde o ano passado, com a consolidação do blocão,
quando o Cunha era líder do partido na casa, não?
RF - Sim, mas neste caso não era o PMDB como liderança,
era o partido no poder. Claro que o poder tinha também essa força, mas não
existia blocão, não. O que havia era um partido de vez em quando com posições
mais independentes, e o governo não conseguindo ter maioria. Quando o PMDB
vinha, a oposição se fortalecia um pouco. E olha que éramos muito frágeis. A
representação no parlamento das oposições que veio de 2010 era talvez uma das
menores de toda a história republicana. Essa agora, não. Em 2014, a oposição já
ganhou mais forte e agora já é razoável, com a vinda de dois partidos que não
estavam: PSC e Solidariedade. O Congresso adquiriu um poder interessante. A
Câmara começou a ter um protagonismo que muitas vezes não depende só dele.
Ainda bem, porque pode resolver mesmo com um presidente baleado. É o que resta.
Estamos vivendo uma crise muito grande. E não adianta o
mercado pensar que isso vai ser resolvido com acordos palacianos, querendo ver
a miragem em uma Agenda Brasil para enfrentar uma crise. Não vai enfrentar
nada. Aquilo não é uma coisa séria. A sustentação desse acordo está datada. A
qualquer momento, você pode ter uma nova crise.
5 comentários:
Maior político que o Brasil têm.
Sai a Dilma e entram os vampiros do PMD, estamos ferrados. Só a ISIS pra nos salvar ou declarar guerra aos USA e nos entregar sem luta...
Joel
Esse cachaceiro corno e fdp tava sao??
Maior cara de pau, foi líder do governo Itamar, que também fez as pedaladas fiscais, e defende o safado do Cunha, essa é a nossa oposição, tudo farinha do mesmo saco.
Seria responsabilidade nossa se houvesse outra eleição e sem fraude desta vez, não vem agora querer colocar todas as cagadas da Dilma e do PT nestes 13 anos no colo de quem é a favor do impeachment! Aqui não meu irmão! E o Temer que monte o seu governo e tome jeito, se não nóis derruba ele também!
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