Esta análise é de Silvio Ribas, do jornal Correio Braziliense, Brasília. Vai na íntegra.
O estrago provocado por Dilma Rousseff na economia, mais
precisamente na inflação, que está roçando os 10% neste ano, transformou o
ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
em brincadeira de criança, embora, a longo prazo, a sinalização dada por ele
seja importante para mostrar que alguma coisa está sendo feita
para conter o desarranjo das contas públicas. Como o Banco Central foi obrigado
a quase dobrar a taxa básica de juros (Selic) desde 2013,
de 7,25% para 14,25% ao ano, as despesas com a dívida pública deram um salto espetacular, atingindo, em agosto deste ano, 8,5% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Não há, pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional
(FMI), nenhum país do mundo civilizado que tenha um custo tão elevado com o
endividamento público. O caso mais próximo da aberração brasileira é o da Grécia, onde
os gastos com juros consomem 6,2% de todas as riquezas produzidas em um ano. Na
Zona do Euro como um todo, que concentra várias das nações mais endividadas do
planeta, a relação entre as despesas com juros e o PIB está em 2,8%.
O que se vê no Brasil é um círculo vicioso. A inflação
alta obrigou o BC a elevar a taxa Selic. Como ela serve de parâmetro para a
formação do custo do dinheiro, todos os demais títulos emitidos pelo Tesouro Nacional passaram
a pagar mais aos investidores. Há papéis, como as NTNs-B, com rendimento anual
acima de 17%. Os efeitos perversos da inflação alta vão além. Desconfiados em
relação à capacidade do governo de conter os reajustes de preços, os
investidores correram para o dólar em busca de proteção. A moeda norte-americana nas alturas
significa mais inflação.
Para tentar segurar o dólar, o BC despejou no mercado uma
montanha superior a US$ 100 bilhões em contratos de swap cambial, que, na
prática, significam vendas
futuras da divisa dos Estados Unidos. Mas como essas
operações dão prejuízos, as perdas são incorporadas na conta dos juros de
dívida. Pelos cálculos de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos,
somente neste ano, a fatura dos swaps já chegou a R$ 74 bilhões.
Entre janeiro e agosto deste ano, revela o BC, as
despesas com juros totalizaram R$ 338,3 bilhões, aumento de 104,7% em relação
aos gastos contabilizados no mesmo período de 2014. Nos 12 meses terminados em agosto, o
endividamento público custou R$ 484,5 bilhões, o correspondente a 8,5% do PIB,
relação sem precedentes no mundo. Essa conta só vai diminuir quando o governo provar
que é capaz de fazer um ajuste fiscal consistente, de longo prazo. A confiança
voltará aos poucos, a inflação tenderá a ceder e o BC poderá começar a cortar os juros.
Mas ainda é cedo para se animar.
Um comentário:
ERRADO, a DIVIDA PÚBLICA BRASILEIRA não é uma
aberração, Ela é apenas efeito DA MENTALIDADE CORRUPTA do BRASILEIRO. Isto sim uma aberração.
Somos uma País, muito longe de sermos uma NAÇÃO!
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