A repórter Marli Olmos, jornal Valor, relata desde Buenos Aires que os reflexos cambiais sobre a competitividade brasileira são acompanhado de perto pelo setor agropecuário da Argentina, porque a idéia geral ali é de que ele perderá mercado.
A crise no Brasil agrava a deterioração das exportações
dos produtos argentinos. Além disso, a onda de desvalorizações do real e de
moedas de outros parceiros comerciais e de concorrentes preocupa o setor
agropecuário do país, onde o câmbio mudou menos nos últimos tempos.
Nos últimos 12 meses, o dólar se valorizou 70% em relação
ao real, mas apenas cerca de 11% em relação ao peso argentino. Ainda é difícil
medir o alcance desse aumento da concorrência brasileira em relação a produtos
que a Argentina também exporta por causa do câmbio, mas esse não é o único
problema. Com o movimento, o Brasil também tende a importar menos produtos
argentinos, com reflexos sobretudo para as chamadas economias regionais.
O mercado brasileiro é o destino de mais de 70% do que os
argentinos exportam em farinha de trigo, cebolas, alho, azeitonas, malte e
batatas congeladas. Mais de 40% de uvas e azeite de oliva e um terço de peras e
maçãs vendidos ao exterior também seguem para o Brasil.
"É muito preocupante a situação econômica que o
Brasil vive hoje. Afetará fortemente o comércio, porque boa parte de nossos
produtos regionais destina-se a esse país", afirma Ezequiel de Freijo,
analista do Instituto de estudos econômicos da Sociedade Rural Argentina.
Independentemente da conjuntura, lembra Freijo, muitas
empresas brasileiras que atuam na Argentina passaram a ser mais competitivas
que as locais. O economista conta que, no varejo, o quilo do presunto de marcas
como Sadia (da BRF) já custa pelo menos 35% menos que tradicionais marcas
locais. "O Brasil comprou empresas produtivas e nós ficamos com as
velhas", destaca ele.
Com a desvalorização do real, aumenta a preocupação
também em relação a produtos fabricados no Brasil que podem chegar ao mercado
da Argentina se o próximo governo adotar uma política de importação menos
controlada que a atual.
Mas não é só a queda do real que preocupa o agronegócio
argentino. Na Rússia, outro mercado importante, a desvalorização do rublo
supera a da moeda brasileira. Para o mercado russo, seguem 20% das exportações
de carne bovina congelada e 41% da carne equina.
A possível retração da demanda da China é mais um problema,
já que o país asiático absorve, por exemplo, 81% das exportações de soja em
grão da Argentina e 57% dos embarques de óleo de amendoim.
Um comentário:
Calma argentinos, o Brasil vai dar um jeito de facilitar para vocês, o governo brasileiro vai criar mais um empecilho para as empresa daqui e vocês irão exportar produtos primários para aqui, calma!
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