Tínhamos no fim do ano passado três inconsistências: um
regime desastroso de política econômica, que produziu forte desaceleração na
atividade e a construção de desequilíbrios (inflacionário, externo e das contas
públicas); o esgotamento de um contrato social que requer crescimento contínuo
do gasto público além do crescimento da economia; a necessidade de nova rodada
de medidas com vistas a elevar a eficiência da economia e estimular o crescimento,
como a reforma dos impostos indiretos para reduzir o custo de observância da
legislação tributária.
O ministro Levy abordou o primeiro item dessa pauta, pois
encontra-se sob sua jurisdição. O resto depende do Congresso Nacional.
O impedimento da presidente Dilma não irá fazer aparecer
3% do PIB de superavit primário, não produzirá uma reforma previdenciária que
mantenha o crescimento do gasto público nos limites dados pelo crescimento do
produto nem criará as condições políticas para a aprovação das reformas
estruturais necessárias à retomada do crescimento.
O exemplo exitoso do mandato tampão de Itamar sugere que
podemos repetir a aposta. Sou cético.
O motivo de meu ceticismo é que os dilemas atuais
apresentam economia política muito mais complexa do que a estabilização
econômica. A complexidade do Plano Real era mais técnica do que política,
apesar de os desafios de construção de consensos políticos serem sempre
imensos, dadas as características de nossa sociedade e de nossas instituições
políticas.
Parece-me, portanto, que dificilmente Temer ou quem quer
que venha ocupar aquela cadeira terá as condições de tocar o governo. A
campanha eleitoral, que somente discutiu legados, retira hoje legitimidade de
qualquer governo.
A melhor saída que há à manutenção da presidente zumbi
por mais três anos seria renúncia de toda a chapa, da presidente e do vice,
para que um novo processo eleitoral fosse convocado e os partidos apresentassem
candidaturas.
Um processo eleitoral competitivo, em que os partidos
conversassem abertamente com a sociedade sobre nossos dilemas, dificuldades e
possíveis caminhos, poderia pavimentar a construção de consensos políticos para
viabilizar saídas para as duas inconsistências que impedem, mesmo após
completarmos o ajustamento cíclico, a retomada do crescimento.
Essa saída, porém, teria que derivar de ato voluntário da
atual chapa no poder, e não a ela imposto.
-
Na coluna anterior abordei o esforço que houve em 2005,
liderado pelo Ipea e por políticos da situação e da oposição, além dos
ministros Palocci e Paulo Bernardo, com vistas à construção de um limitador ao
crescimento do gasto público.
Glauco Arbix, à época presidente do Ipea e um dos líderes
da iniciativa, e o atento leitor Ney José Pereira notaram erro que cometi no
texto da coluna.
A hoje presidente Dilma, que abortou a iniciativa em
entrevista no dia 9 de novembro de 2009 ao jornal o "Estado de S.
Paulo", quando qualificou o ajuste de "rudimentar", já deixara o
Ministério de Minas e Energia e encontrava-se na Casa Civil.
Aos dois agradeço a atenção. Os interessados encontrarão
no blog de Mansueto Almeida (https://mansu
eto.wordpress.com/), em post do dia 13, o link para o
texto do Ipea que acabou não vindo a público, além da entrevista ao
"Estado de S. Paulo" da então ministra da Casa Civil.
5 comentários:
Políbio,
Este tal Manuel Pessoa escreveu sobre o "mundo infantil".
Texto perfeito para DEIXAR TUDO COMO ESTA!!!
Primeiro vamos tirar a Dillma para DEPOIS ver o que acontece.
Manuelito, tu não entendeu nada!!!
JulioK
Políbio,
Errei o nome do idiota: Samuelzito!!!
JulioK
Polibio, o quadro está muito complicado, nitidamente todos os poderes estão preenchidos por militantes ptistas pagos com dinheiro público, taxados ptralhas.
Estamos numa posição semelhante a Venezuela, de um lado o povo e de outro forças armadas compradas pelo PT.
Acho que não haverá nova passeata, a próxima será de tipo quebra-quebras.
Em sendo verdade o ocorrido em 2009, deveria ser cassado DIPLOMA dos DOUTORES EM ECONOMIA que deram a DILMA tal honraria equivocada!
http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/08/16/elite-branca-lidera-protesto-contra-dilma-em-bh/
Gente de todas as cores e classes sociais protestam contra os estelionatários do pt, ladrões dos cofres públicos, mentirosos e enganadores do povo brasileiro!
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