O que esperar de investigadores bancados pelos
investigados? Esse é o perfil dos deputados que comandarão a CPI da Petrobras,
instalada nesta quinta-feira e condenada a apurar pouco, ou quase nada, sobre a
corrupção na estatal.
O presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), teve 60%
de sua campanha financiada pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht,
ambas citadas no escândalo.
O relator, Luiz Sérgio (PT-RJ), recebeu 40% de seus
recursos das construtoras OAS, Queiroz Galvão, UTC e Toyo Setal. As três
primeiras estão com executivos na cadeia. A quarta era dirigida por um réu
confesso do esquema, que já prometeu devolver R$ 40 milhões desviados.
O conflito de interesses é evidente, mas os dois
deputados dizem não ver nada de errado. Alegam que as doações foram registradas
na Justiça Eleitoral, como determina a lei. O argumento foi endossado por
integrantes da oposição, que também receberam ajuda das empreiteiras.
"Você não pode ser punido por aquilo que a lei
prevê. A doação não é sinônimo de propina, de corrupção", disse Carlos
Sampaio (PSDB-SP).
Não é disso que se trata, e sim dos interesses por trás
de deputados que deveriam investigar com independência. "Quem contrata a
orquestra escolhe a música", resumiu Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos
poucos a protestar contra a escalação da CPI.
A escolha de Luiz Sérgio ainda afronta o Código de Ética
da Câmara, que proíbe os deputados de relatar assuntos "de interesse
específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o
financiamento de sua campanha eleitoral".
A boa notícia é que o corpo mole dos políticos deve ser
insuficiente para atrapalhar as investigações de verdade, conduzidas pelo
Ministério Público e pela Polícia Federal.
Os deputados encenarão um teatro na CPI, mas terão que
enfrentar a pressão das ruas no Conselho de Ética, por onde passarão os
inevitáveis processos de cassação de mandatos.
Um comentário:
CPI=COMISSÃO DA PUTARIA INSTITUCIONALISADA.
Pais da Putaria=Petralhas e pemdebostas.
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