O dono da Azul ganhou a corrida à privatização da TAP,
vencendo a proposta apresentada por Germán Efromovich, confirmou o jornal "O Público", Lisboa, depois de a notícia ter sido avançada pela TVI e pelo Económico, A decisão foi
tomada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros, no qual o Governo aprovou a
venda de 61% da companhia a David Neeleman, que se aliou nesta operação ao
empresário português Humberto Pedrosa, dono da Barraqueiro.
O empresário norte-americano, que também tem
nacionalidade brasileira, chegou a ser dado como candidato à TAP na primeira
tentativa de privatização lançada pelo atual Governo, no final de 2012. No
entanto, os rumores não se confirmaram.
Desta vez, regressou em força, com uma oferta que, em
termos estratégicos, aposta no desenvolvimento da operação no Brasil e numa
investida no mercado dos Estados Unidos, com 53 novos aviões na calha. Em
termos financeiros, a primeira proposta pressupunha uma injecção entre 300 e
350 milhões de euros na TAP, não se sabendo que melhorias foram introduzidas após
a fase de negociações com o Governo.
Dono da terceira maior companhia brasileira, que por ano
transporta mais de 20 milhões de passageiros, Neeleman optou por uma atitude
discreta neste processo. A única declaração pública que fez à imprensa
portuguesa ocorreu a 5 de Junho, por escrito, depois de ter apresentado a
oferta final pela TAP.
Em cinco parágrafos, o empresário sintetizava que a
prioridade "é o investimento na TAP", com o objectivo de a colocar
"numa rota de crescimento, fortalecendo-a como companhia de
bandeira", e reforçar o hub [placa giratória] de Lisboa.
Um dos temas quentes em redor do empresário é o facto de
ter obrigado o Governo a redobrar cuidados por causa das regras da União
Europeia (UE), que impedem que investidores não-europeus controlem companhias
de aviação do espaço comunitário. Neeleman juntou-se a Pedrosa, mas Efromovich
não está disposto a deixar o tema morrer e prometeu levar o caso a tribunal, se
o agora novo dono da TAP não cumprir os requisitos.
O consórcio Gateway, pelo qual dá o nome a união de
forças entre Neeleman e Pedrosa, ficará, por agora, com 61% da TAP, estando 5%
reservados aos trabalhadores. No entanto, se não houver procura para esta
última fatia, os 5% serão entregues ao investidor privado, conferindo-lhe uma participação
até 66%. A intenção do Governo é alienar o restante capital da companhia
de aviação dentro de um período máximo de dois anos.
O Governo agendou para as 14h a conferência de imprensa
em que anunciará oficialmente o vencedor da privatização da TAP.
Apesar de a decisão ter sido tomada nesta quinta-feira,
será ainda necessário obter luz verde por parte das entidades reguladoras,
nomeadamente da Direcção-Geral da Concorrência da UE. E, por isso, é improvável
que seja ainda o actual Governo a concluir este negócio com a transferência das
acções, já que as eleições legislativas ocorrem no Outono.
Este calendário é importante em termos políticos, visto
que o PS defende que o Estado mantenha o controlo do capital da TAP e o
secretário-geral do partido, António Costa, já garantiu que reverterá a
operação se chegar ao poder.
3 comentários:
Por certo a TAP ficará em mãos competentes. David Neeleman é muito competente no que faz, e a companhia portuguesa, que é a quem mais tem voos partindo do Brasil para Europa fica sendo um pouquinho brasileira também. Parabéns e sucesso.
Num momento em só vemos empresas brasileiras se desnacionalizando ou fechando, uma notícia dessas é altamente louvável.
A oposição em Portugual vai entrar na justiça pois acha que foi "carta marcada". A TAP é do governo.
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