O jornal O Estado de S. Paulo e a Agência Estado, produziram a reportagem a seguir, assinada pelos repórteres Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Júlia Affonso e Alberto Bing.
Vale a pena ler tudo com atenção aos detalhes:
O mais poderoso dos empreiteiros alvos da Operação
Lava-Jato, Marcelo Bahia Odebrecht, completa, neste domingo, 100 dias
encarcerado. Nos meios jurídico, político e empresarial, a data é
considerada um marco, por motivos distintos, e tem suscitado debates e batalhas
nos tribunais.
Eram 5h30min do dia 19 de junho de 2015 quando uma equipe
da Polícia Federal comunicou a prisão dele. Odebrecht, aos 46 anos, estava
pronto para uma de suas rotinas matinais: a natação na piscina de sua casa, no
bairro do Morumbi, em São Paulo. Seu primeiro pedido aos policiais foi ter
acesso ao mandado expedido pelo juiz federal Sérgio Moro — que conduz os
processos da Lava-Jato, em Curitiba, sede das investigações.
Nas redes sociais, imediatamente, uma bolsa de apostas
informais começou a funcionar. A unanimidade se formava no sentido de que o
empresário não permaneceria preso mais do que um fim de semana. Seus defensores
alegavam que a prisão era abusiva e seria rapidamente revista. Os céticos iam
em outra direção: por ser um homem rico, ele sairia do cárcere porque a Justiça
brasileira sempre fora conivente com os poderosos.
A prisão de Odebrecht foi o maior desafio enfrentado até
aqui pela força-tarefa do Ministério Público Federal. Chamado pelos demais
empreiteiros do esquema de "príncipe", nem mesmo os investigadores
acreditavam que ele poderia ficar por longo período encarcerado.
Alvo central da 14ª fase, batizada de Operação Erga
Omnes — "vale para todos", em latim —, colocar Odebrecht atrás
das grades, para a força-tarefa, era mais do que atingir o suposto líder do
esquema de cartel. Sua prisão teve papel simbólico.
— A lei deve valer pra todos ou não valer pra ninguém
— disse o procurador da República Carlos Fernando de Santos Lima, no dia
da prisão.
Dono da nona maior fortuna do país, avaliada em R$ 13
bilhões pela revista Forbes, o presidente do Grupo Odebrecht foi forjado desde
criança pelo avô Norberto Odebrecht e pelo pai Emílio Odebrecht para assumir o
comando do império familiar. No âmbito da operação, ele é acusado de corrupção,
lavagem de dinheiro e organização criminosa em contratos da Petrobras. O
empresário nega todas as acusações.
A expectativa da defesa era tirar o empresário do cárcere
em um mês. No entanto, antes de o primeiro pedido de habeas corpus ser
analisado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF), Moro decretou uma
nova prisão preventiva, no dia 24 de julho. O tribunal, então, julga o pedido
prejudicado.
As investigações encontraram cinco contas na Suíça que
seriam da Odebrecht. Para Moro, a prisão do executivo se faz necessária porque
"a Odebrecht tem condições de interferir de várias maneiras na colheita
das provas, seja pressionando testemunhas, seja buscando interferência
política, observando que os próprios crimes em apuração envolviam a cooptação
de agentes públicos".
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denunciados por corrupção
Defesa
Para a defesa de Odebrecht, os 100 dias dele na prisão
são a marca indiscutível de uma "injusta antecipação de punição", um
abuso do juiz para mostrar ao país que os poderosos não estão acima da lei.
Segundo os advogados, não há elementos que justifiquem a manutenção dele na
prisão. Argumentam que o empreiteiro não foi citado pelos delatores e a teoria
do domínio do fato não pode ser aplicada para o presidente de um conglomerado
empresarial tão grande quanto o Grupo Odebrecht. A expectativa da defesa é de
que nesta semana Odebrecht consiga um habeas corpus.
A cerca de 20 dias de completar 47 anos, Odebrecht na
parece estar resignado. É o principal orientador da estratégia de
confrontar a validade das provas das investigações da Lava-Jato, a competência
do juiz Sérgio Moro e sua suspeição para julgar o caso. Não pensa em assinar o
acordo de deleção premiada, dizem seus assessores.
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Cela, em Curitiba, vira academia e escritório
Marcelo Odebrecht transformou o exíguo espaço onde passa
a maior parte dos dias enclausurado em escritório e academia. Longe das raias
de sua piscina particular, faz exercícios físicos e anotações. O terno deu
lugar ao agasalho de academia. Faz "step" (subir e descer degraus) de
improviso na estrutura de concreto da cela, abdominais e flexões. Uma rotina
que começa cedo e segue tarde adentro. O terno, ele só voltou a usar quando foi
levado a depor CPI da Petrobras. Na ocasião, orientado por seu advogado, negou
"ter o que dedurar" para rechaçar a hipótese de aderir à delação
premiada.
Odebrecht não para nem demonstra abatimento, e anota: são
orientações aos advogados, análises das peças dos processos da Lava-Jato, que
ele lê e relê atentamente, indicações de argumentos, pontos a serem
questionados em juízo, táticas de publicidade e relação com a imprensa.
Acostumado a dar ordens, mantém dentro do cárcere a figura do líder. Cinco
executivos da Odebrecht, presos também no dia 19 de junho, mantém a reverência
hierarquia, mesmo afastados dos cargos e longe da empresa.
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"elite do crime"
— Parece uma relação de seita — diz uma autoridade da
equipe da Lava-Jato, em reservado.
Os 100 dias de cárcere de Odebrecht são divididos em duas
etapas. Nos 26 primeiros dias esteve preso na Custódia da Superintendência da
Polícia Federal, em Curitiba — QG das investigações, sob a guarda direta
daqueles que o prenderam. O empresário dormiu na cama superior de uma beliche,
em uma cela sem janela, onde a luz que entra é a do vão das grades da porta.
Com ele, dois outros executivos.
Acostumado a eventos sociais, jantares sofisticados, o
dono da Odebrecht não reclamou da comida, em geral arroz, feijão, macarrão e
uma carne. Seu primeiro pedido chegou oficialmente, via advogado, no mesmo dia
que foi transferido para Curitiba: o direito ao consumo de barras de cereal de
três em três horas, por causa de uma hipoglicemia. Foi atendido.
Ao ser preso, Marcelo Odebrecht avisou aos familiares que
não queria receber visitas. A ordem deveria valer também para a mulher dele,
Isabela. Mas é ela, junto com a irmã do executivo, Mônica Odebrecht quem mais o
visitam na carceragem, sempre às sextas-feiras.
Odebrecht pediu pessoalmente aos agentes da Custódia da
PF iluminação dentro da cela (o que é proibido) e depois a liberação para
comprar duas TVs que seriam instaladas estrategicamente nos dois corredores que
dão acesso aos dois blocos de três celas. Ambos negados.
Banho quente
No dia 25 de julho, Odebrecht e os outros cinco executivos
da empreiteira foram transferidos para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais,
região metropolitana de Curitiba, cidade de inverno intenso e rigoroso.
A unidade de prisão estadual, apesar de abrigar detentos
condenados, tem acomodações mais espaçosas e um de seus principais problemas, o
banho gelado, foi resolvido. Antes de ser liberado para cumprir pena em regime
domiciliar, no inicio do ano, um dos donos da construtora Mendes Júnior
conseguiu autorização para instalar um sistema de aquecimento para os banhos na
unidade.
10 comentários:
A questão não é o fato dos Odebrechts serem ricos ... a questão é de onde, e como ganharam o dinheiro.
E, pelo que se vê, foi mamando nas tetas da vaca morta, e esse crime, que traz com ele o necessário empobrecimento do povo - porque, ainda que nada comunista, nem esquerdista, não faço vistas grossas a bandidos disfarçados de empresários - não tem como ser mitigado.
Para cada Real ganho na roubalheira, superfaturamento, subornos e sobrepreços, havia um Real tungado à saúde ... e isso matou muita gente, e o senhor Odebrecht, e outros, dão de ombros como se isso fosse normal.
Em síntese: é o típico "empresário" de que o Brasil não precisa.
Coitado ...., chama o Lulão para uns conselhos...., ele pode intermediar a cau$$a ....kkkk
Um dos empresário das Capitanias Hereditárias, herdou "modus operandi" implantado por seu avô.
Na verdade, trata-se de quadrilha ao lado de outra.
PARA QUÊ ISSO. SÓ PODE SER MATÉRIA PAGA.
NELSON JOBIM, dentre os togados o MAIOR TRAIDOR da MÃE PÁTRIA!
Estes repórteres ganharam dinheiro para fazer esta matéria.
Quantos inocentes estão nas prisões ? Daí não falam nada ?
Por isso continuamos com o comando político que temos. Nada muda.
o lula escapou do mensalão,e já colocou em prática o petrolão, tomou conta do BNDES, a Eletrobrás sob o controle da Dilma,ou seja, a quadrilha nove dedos a todo o vapor! Agora que o juiz Moro está metendo a mão nessa cambada, o STF faz o fatiamento da lava jato, mais uma vez tentando salvar os chefes da quadrilha.
A lei só não vale para o Brahma e sua criatura...
Tinham que ter ouvido o papai Odebrecht, que cantou de galo e disse que ia faltar cadeia se prendessem o filhinho.
Dez meses e' pouco . quero ver daqui a dez anos .
Tambem quero ver o filho do Lula preso .
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