Leitor não gostou do modo como Zero Hora tratou o espetáculo da natividade

Foi um espetáculo mediático o nascimento do neto de Dilma Roussef, tratado como grande trunfo eleitoral pela máquina de propaganda petista, porque há muito tempo os marketeiros da candidata procuravam alguma imagem que amenizasse suas rudes feições de matrona, sempre apresentando jeito de quem está de mal com as meiguices típicas de famílias bem resolvidas. Em Porto Alegre, o jornal Zero Hora festejou o material vindo da campanha, sobretudo a foto de Palo Stuckart, o fotógrafo da presidência, licenciado para trabalhar na campanha. No miolo do jornal, o jornalista Túlio Millmann demonstrou especial emoção ao descrever o espetáculo da natividade. O leitor que assinou a mensagem abaixo para Túlio, não gostou do que leu. A seguir, vai a troca de e-mails entre os dois. Claro que nem Túlio e nem o jornal publicarão coisa alguma sobre isto.

Caro leitor,
Tudo bem? Não sou adepto às verdades absolutas, por isso me dedico à opinião, sempre que tenho alguma. Acredito que o nascimento do primeiro neto da líder das pesquisas de opinião para a Presidência é uma notícia que combina importância e interesse. Por isso se torna relevante. Um nascimento é sempre uma boa notícia. Lembrei hoje pela manhã do dia em que minhas filhas nascarem, por isso talvez tenha deixado transparecer alguma emoção. Nunca pautei minha atuação pelo puxa-saquismo, mas acredito que nós, jornalistas, deveríamos ter a mesma naturalidade para elogiar que temos para criticar. Como eu tinha uma série de informações exclusivas - tamanho, peso, tempo de recuperação, primeira mamada, etc.., julguei importante compartilhar com os ouvintes antes o que toda a imprensa brasileira só divulgou depois.Pensei também no Carlos Araújo, um político que conheço e acompanho há muitos anos e pelo qual tenho profunda admiração. Fui apenas transpartente, o que é uma das tantas formas de ser honesto. Ficou clara a minha posição?Grande abraço,Tulio.-

Informe Especial
Assunto: Primeiro-neto ou primeiro neto
Estimado Túlio. Ao ouvir teu comentário na Gaucha hoje tive inicialmente a impressão de que anunciavas, em tantos detalhes e votos de bemquerência o nascimento do netinho da Dilma, com incontrolável arroubo de emoções e elogios, de que divulgavas assunto tão "relevante" num misto de êxtase e puxasaquismo. No entanto, estranhando a participação de tão relevante nascimento, considerando tua inteligência e a admiração que tenho por teu trabalho, restou-me a esperança otimista de que estavas mais uma vez exercitando tua insuperável ironia e o admirável humor judeu. Ocorre apenas que eu, desatento, não consegui ouvir / identificar as "aspas" que geralmente utilizas nesses casos.Gostaria que me esclarecesses.