RioGrande previne-se contra ataques de piratas

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Folha de São Paulo
Segunda-feira, 16 de junho

Rio Grande previne-se contra ataques de piratas

Por medo de ataque de piratas nas proximidades dos mais importantes portos do país, navios da Marinha Mercante aguardam a ordem de atracação a quilômetros da costa. A precaução tem sido tomada no litoral do Rio de Janeiro, de Santos e de Rio Grande (RS).Os piratas dos portos nacionais diferem muito dos criminosos que atuam no oceano Índico, em especial na costa da Somália (leste da África). Estes capturam embarcações, fazem reféns e pedem resgate. Os nacionais arrombam contêineres e roubam cargas, quase sempre sem violência, embora atuem armados.A situação considerada mais preocupante pelas empresas de navegação e pelos oficiais da Marinha Mercante é a do porto de Santos -o maior da América do Sul, com movimento de cargas, no ano passado, de 81 milhões de toneladas.Em 15 meses de 2007 e 2008, 18 embarcações foram atacadas na costa da cidade paulista pelos piratas brasileiros, definição adotada por policiais, portuários e profissionais de marinha do país.Um dos navios atacados foi o cargueiro Flamengo, no fim de fevereiro do ano passado. O comandante Francisco Gondar disse à Folha que a ação dos piratas aconteceu em uma madrugada escura, sem que a tripulação de 20 homens, recolhida nos dormitórios, percebesse o assalto."Eles subiram pelo costado, arrombaram 16 contêineres até encontrarem a carga que lhes interessava -um carregamento de TVs de plasma. Foi uma ação rápida", afirmou Gondar, 56, que atua na Marinha Mercante há 35 anos.Por causa de assaltos anteriores, o comandante mantinha o Flamengo ancorado a 13 km da barra de Santos. "Julgava ser uma área segura." Mesmo assim foi atacado. Agora, fica a até 50 km, enquanto a entrada no porto não é autorizada. Quando está no Rio, ele para a 20 km, depois da ilha Rasa, pois considera a baía de Guanabara vulnerável.Medidas de segurançaOutro procedimento de segurança recomendado pelas empresas de navegação é o de o barco nem ancorar enquanto a ordem de atracar não for emitida. Ele circula pelo litoral até receber a determinação. O gasto de combustível é maior, mas, na avaliação dos oficiais, a ação pirata torna-se mais difícil quando o navio não para.No caso do cargueiro Independente, em março de 2008, os tripulantes perceberam a chegada dos piratas, mas, como na Marinha Mercante os profissionais não portam armas, receberam do comandante Leonardo Nicodemus de Castro, 41, ordem para trancarem- -se no interior do navio e não reagir."A gente não tem armamento nem preparo para enfrentá- -los. Uma reação poderia ser pior", disse o oficial, atacado também ao largo do porto de Santos. Os três piratas avistados pelos 20 tripulantes violaram dez contêineres e roubaram uma carga de sandálias.Para orientar os oficiais sobre como agir quando vitimados por atos de pirataria, o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante criou um curso de navegação defensiva, com simulações, em equipamentos, da ação dos invasores e ladrões de carga."No Brasil não há e não vejo condições efetivas de termos uma pirataria clássica. Isso não quer dizer que não temos roubos. Esses nossos piratas chegam aos navios como ratos e desaparecem como ratos", disse o presidente da entidade, Severino Almeida Filho.No mês passado, em Santos, a PF (Polícia Federal) prendeu seis homens e uma mulher acusados de pirataria. Segundo o delegado federal Luiz Carlos de Oliveira, há um mês houve um ataque frustrado a um navio na área do porto santista. Os tripulantes conseguiram chamar os policiais federais.Patrulhas preventivasOliveira disse que não vê vantagem em manter o navio afastado por segurança até a ordem de vir ao cais."Há mais de um ano não registramos casos importantes. Os que aconteceram foram a três milhas da costa [cerca de 5,5 km] ou mais. Na região do porto, realizamos patrulhas preventivas e ostensivas."Para o capitão dos portos do Rio, capitão de mar e guerra Wilson Pereira Lima Filho, o que existe nas imediações do porto e ao longo da costa são apenas assaltos."Pirataria é em alto-mar. Na área da capitania, onde estou há pouco mais de dois anos, não registro ações do tipo. Apenas alguns casos em terminais no fundo da baía de Guanabara", disse ele, para quem as companhias que optam por manter os barcos afastados visam, na verdade, evitar o pagamento de taxas portuárias -no Rio de Janeiro, R$ 2.000 por até dez dias de ancoragem na baía.(Fonte: Folha de S.Paulo/SERGIO TORRES/DA SUCURSAL DO RIO)

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