Com duas afirmações e três perguntas, o jurista Carlos
Velloso, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, matou a pau a tentativa da de
Dilma de desqualificar de véspera a decisão a ser tomada, amanhã, pelo Tribunal
de Contas da União (TCU) de rejeitar as contas do governo relativas ao ano
passado.
O governo pediu ao TCU o afastamento do ministro Augusto
Nardes da relatoria das contas. Acusou-o de se comportar sem isenção e de ter
antecipado seu voto.
Velloso com a palavra:
- Isso não passa de uma manobra para procrastinar. Onde
já se viu isso? Depois que o relator opina, ele vira suspeito? Suspeito porque
votou contra? Isso beira as raias do absurdo.
Absurdo pode ser. Mas a iniciativa do governo tem um bom
motivo: ele quer politizar o debate em torno da rejeição das contas. Curioso
que o faça alegando que o voto de Nardes será político quando deveria ser
técnico.
Justamente o contrário: o voto de Nardes pela rejeição se
baseará no extenso parecer dos técnicos do tribunal. Foram eles que
identificaram as falhas e as maquiagens feitas nas contas do governo. E que
recomendaram sua rejeição.
Ao tentar por antecipação politizar o resultado do
julgamento das contas, o governo pretende fornecer munição para que sua base de
apoio no Congresso faça o mesmo. Afinal, é ali que de fato será decidida a
sorte das contas do governo.
O TCU é um órgão de assessoramento do Congresso. Várias
de suas decisões são terminativas. Outras dependem do Congresso para produzir
efeitos.
É o caso de aprovação ou rejeição de contas de governo.
No Congresso, sim, terá natureza política a decisão de acatar ou não o parecer
do TCU.
É para a batalha no Congresso que o governo começa a se
movimentar. Se o Congresso acatar o parecer do TCU rejeitando as contas, isso
dará ensejo a um pedido de impeachment contra Dilma. Ela será acusada de ter
cometido crime de responsabilidade.
O TCU dirá não ao pedido do governo para tirar de Nardes
o papel de relator das contas. Os nove ministros do tribunal votarão pela
rejeição das contas. O governo ameaça apelar em seguida para o Supremo Tribunal
Federal, mas não terá sucesso se o fizer.
Até que ela o derrote ou seja por ele derrotado, o
fantasma do impeachment continuará atormentando Dilma. Para ela virou uma
obsessão.
2 comentários:
As perguntas que devem serem feitas é, qual o percentual de congressistas que já se venderam e por quanto?
A Dilma tem de ser apeada por ter desgraçado o país, s rejeição das contas é
apenas mais um fato.
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