Não se surpreenda com o título. Ele não é uma opinião,
mas simples expressão de algo facilmente constatável. O PT, como partido ou
como base do governo, apesar de todas as tropelias, tem sua ação contida por
certos limites. Tais restrições são impostas, ora por conveniências políticas,
ora por ações da oposição, ora por reações da parceria, ora pela possibilidade
de que a lei, um dia, valha para todos. Já o STF não se submete a limites. No
exercício do poder, seus onze membros podem tudo. Não estão submetidos sequer à
Constituição. Substituem-se aos parlamentares para legislar e para deslegislar.
A opinião da maioria é a própria lei. O que seis decidem é irrecorrível. Pouco
se lhes dá o que as pessoas pensam deles.
Dei-me conta dessa realidade ao ler, na Folha, a opinião
do ex-Procurador Regional da República, Rogério Tadeu Romano, sobre o
“fatiamento” da operação Lava Jato. Na teoria e na prática tal decisão deve
retirar das mãos do juiz Sérgio Moro e entregar ao ministro Dias Toffoli os
processos não relacionados com os escândalos da Petrobrás, sob a alegação de
que apenas sobre estes incide a competência do juiz. Graças a tão surpreendente
quanto conveniente justificativa, a fatia do processo referente à senadora Gleisi
Hoffmann foi cortada das mãos de Moro por envolver lavagem de dinheiro. Com
lucidez, o ex-Procurador refuta o argumento esclarecendo que, ao fixar a
competência, se deveria levar em conta o crime principal, o crime de corrupção,
a origem do dinheiro desviado, e não o secundário, lavagem de dinheiro, que só
surge porque havia o principal. Por que será que os advogados dos réus
festejaram tanto a decisão do STF? Ah, pois é.
Até o PT, envolvido à náusea num emaranhado de escândalos
sem precedentes na história universal, se preocupa com parecer menos pior. Ao
STF pouco se lhe dá se for tido e havido como um “tribunal bolivariano”, na
expressão usada pelo ministro Gilmar Mendes. E me sinto igualmente respaldado
para o título deste artigo quando lembro as palavras de Joaquim Barbosa no
final da sessão em que oito réus do mensalão foram absolvidos (pasmem!) do
crime de formação de quadrilha. Disse ele: "Sinto-me autorizado a alertar
a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo. Esta maioria de circunstância
tem todo tempo a seu favor para continuar nessa sua sanha reformadora. (...)
Essa maioria de circunstância foi formada sob medida para lançar por terra todo
um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de
2012".
Sem tirar nem pôr, é o que estamos presenciando.
- Percival Puggina é titular do blog www.puggina.org,
articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
e-mail: puggina@puggina.org
Twitter: www.twitter.com/percivalpuggina
5 comentários:
ESTE é FIEL ao seus chefe, por isso detém o mando num dos poderes. Do contrário estaria engraxando as botas do multimilionário Lula, é o que fazem os militantes/eleitores do PT.
Nosso STF é um representante típico da maior parte de nosso judiciário e de boa parte da OAB , vendem dificuldades para colher bananais
Vereador maçom Marcio Bins Ely, presidente do Creci gaúcho, é denunciado pelo Ministério Público por falsificação de documento. videversus.
Seria porque o STF não vota, segundo as convicções ideológicas do fundador da Arena, hoje PP que tem 5 de 6 Dep federal - só do RS - envolivos na Lava Jato, Percival Puggina? Mas esse é o mesmo STF que julgou e condenou o PT até por dentro dos zoios, inclusive gente que não tinha direito a foro privilegiado, ao mesmo tempo que baixou para o Primeiro Grau o Tucano de Alta Plumagem e "criador do mensalão", Eduardo Azeredo, Dep do PSDB, só porque ele renunciou.
Os Ministros do STF - exceto as exceções conhecidas - comprometeram suas reputações. Aliás, comprometeram, aqueles que tinham reputações a guardar, os outros ... nem isso têm ou tiveram.
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