Artigo, Suely Caldas, Estadão - O monstrengo de Lula e Dilma

No meio do furacão que estremece o Congresso, os palácios e gabinetes em Brasília, o governo Dilma tirou da cartola a reforma administrativa para tentar aplacar a tempestade e ganhar sobrevida. Perdido, com a base partidária de apoio se esfacelando, ora o governo fala em reduzir o número de ministérios, ora fala em recorrer ao desgastado toma lá dá cá de cargos e verbas, a esta altura inútil, desacreditado, sem nenhum efeito prático.
Se até o PMDB, eterno campeão do fisiologismo, propõe reduzir o ministério pela metade e abrir mão de cargos, desde que o PT faça o mesmo, sobra unicamente ao governo e ao PT o ônus de carregar o fardo político do monstrengo modelado por Lula e Dilma ao criarem 18 ministérios novos – além dos 21 que herdaram de FHC –, com a única finalidade de distribuir cargos, verbas e poder para partidos políticos. Como se o Brasil fosse um brinquedo cobiçado, que precisa ser multiplicado para satisfazer parceiros e, pior, sabendo terem eles intenções suspeitas.
A gestão Dilma cometeu muitos erros e os jogou no colo dos brasileiros, que hoje pagam com desemprego, empobrecimento, economia em frangalhos e ameaçada de piorar ainda mais. Mas foi o ex-presidente Lula quem concebeu a genial ideia de prolongar o reinado do PT no poder, formando a maior base aliada de partidos políticos da história. Para isso, engordou o Estado com 39 ministérios, a maioria desnecessária, gerando gastos que poderiam ser economizados e espetando a conta para 200 milhões de idiotas pagarem. Coube a Dilma dar continuidade à ideia e o último deles, o Ministério da Micro e Pequena Empresa, foi criado como presente ao PSD, partido do ex-prefeito de São Paulo e hoje ministro das Cidades, Gilberto Kassab.
O monstrengo foi certamente um dos maiores erros dos governos petistas, pelo poder de espalhar estragos por toda a gestão pública e impregnar no Estado gordura, desperdício de dinheiro, ineficiência e corrupção. Se, em vez de alimentar o monstrengo por 12 anos, Lula e Dilma fizessem uma verdadeira reforma administrativa em 2003, delimitando o governo no espaço capaz de atender aos interesses do País, não teriam passado esses 12 anos tendo de comprar votos de parlamentares a cada proposta do Executivo enviada ao Congresso. Não se trata de intransigência de nunca ceder aos políticos. Afinal, um governo de coalizão implica dividir o poder entre os partidos que o apoiam, desde que esta divisão seja feita com critérios éticos, na concepção de um Estado eficiente, que sirva às demandas da população e não aos interesses financeiros dos partidos, que resultam em corrupção, degradação moral e descrédito político do Executivo e do Legislativo. Exatamente a situação que prosperou nos últimos 12 anos e hoje vive seu ápice com rejeição popular e panelaços.
Em 2003 Lula e o PT detinham credibilidade política, arrancada das urnas e de uma história de lutas. Era o momento certo para fazer uma reforma administrativa capaz de ser festejada por longo tempo pelos brasileiros, que neles depositavam esperanças. Fizeram o oposto: com o discurso falso, que não convence ninguém mais, de que os neoliberais é que defendem o Estado mínimo e que ele precisa ser ampliado e fortalecido, incharam o governo com mais 18 ministérios. Para quê? Para loteá-lo e colocá-lo a serviço da classe política. E foram modelando o monstrengo, na contramão do mundo: os EUA têm 15 ministérios; a Alemanha, 14; a Itália, 18 ;e a Argentina, 13.
Agora Dilma fala em reduzir ministérios e encomendou projeto ao Ministério do Planejamento. Mas, em vez de usar critérios de eficiência em gestão, descamba para interesses políticos menores, pois os ligados aos movimentos sociais e ocupados pelo PT serão preservados. Por que Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos precisam estar estruturados em ministérios?

O momento da reforma, infelizmente, passou. O governo e o PT perderam credibilidade e não será reduzindo ministérios sem critérios técnicos que vão reconquistar a confiança e o respeito da população.

5 comentários:

Anônimo disse...

O PMDB ABRINDO MÃO DE CARGOS É PORQUE BATEMOS LÁ NO FUNDO DO POÇO...O PMDB É UM PARTIDO PARASITA,INTERESSEIRO,SE TORNOU JUNTO COM O PSOL BARRIGA DE ALUGUEL DO PT,SÓ QUE COM MAIS CLASSE,O PSOL É ESQUERDISMO PURO,FAZ AQUELA PARTE BEM SUJA DO PT...

Anônimo disse...

Políbio, estou aqui aproveitando seu espaço, para demonstrar a minha indignação com tudo isso que estamos vendo. Tão cedo não haverá salvação contra essa corja que se apoderou de todo um País. Nunca se viu tamanha bandalheira. Triste no final da vida, ver esse monstro disforme, esse Estado bandido, já sem nenhuma vergonha na cara. Me sinto revoltado. Só tenho voto, meu e de mais 7 aqui de casa. Com as maquininhas criativas, nem sei se valem mais alguma coisa. Aqui do RJ, um abraço para todos.

Anônimo disse...

Ministro do TSE corrige Dilma: Ela só tem a “presunção da legitimidade do voto”
Seis dias atrás, Dilma Rousseff disse:
“Voto é a fonte da minha legitimidade e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu. Podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram.”
Hoje, o ministro João Otávio de Noronha, do Tribunal Superior Eleitoral, corrigiu a petista:
“A presidente diz: ‘eu tenho a legitimidade do voto’. Não, ela tem a presunção da legitimidade do voto, que pode ser destruída por uma ação de investigação eleitoral ou impugnação”.
Perfeito. Voto não garante impunidade.
Noronha afirmou que a legitimidade de Dilma “não cai só nas pesquisas”, mas pode cair também “no mundo jurídico”

Mais aqui: http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/

Anônimo disse...

O problema é que os petistas não tem nenhuma capacidade administrativa. A única coisa que sabem fazer, e mesmo assim sem critérios, é se valer do Estado para interesses partidários e particulares. Mas tem um porém: na sua incapacidade de entender os fatos acharam que o Estado era um poço sem fundo, de onde poderiam extrair mais e mais, sem que se esgotasse um dia. Erraram feio, e este dia chegou. Destruiram tudo, inclusive os ideais da esquerda, e passaram a lutar apenas para a sobrevivencia do partido. O povo já entendeu e dará um basta, gradativamente, nas próximas e futuras eleições

Anônimo disse...

Achei este artigo da colunista,totalmente inócuo e irrelevante, porque não tem como tergiversar sobre erros ou falta de planejamento em um governo que só se propôs a se perpetuar no poder, através do apoio de partidos comprados com o dinheiro sujo advindo da roubalheira da Petrobrás, BNDES, Eletrobrás ... . As tais melhorias sociais se limitaram a programas assistencialistas que na verdade em nada melhoraram a vida das classes mais necessitadas, com o agravante de que em todos esses programas houve desvio de recursos para o mesmo fim já descrito. Essas mesmas classes, pretensamente favorecidas por tais programas, hoje amargam com o desemprego maciço decorrente das mazelas de gerenciamento da coisa pública. Fazer considerações sobre os governos petistas, portanto é de uma inutilidade total, constituindo-se tão somente em desperdício de tempo. O PT é um partido com ideais de transformação das políticas vigentes somente na aparência, porque tem vício de origem: seu criador, um metalúrgico aposentado precoce e fraudulentamente é destituído de caráter e suas ações somente visaram o enriquecimento próprio e o de seus apaniguados locupletando-se, em conluio com empreiteiros e políticos igualmente sem caráter, do produto da rapina das empresas estatais, que são propriedade do povo brasileiro e não dos oportunistas que estão no poder.

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