Nesta reportagem do jornal El País, intitulada "Brasil, entre a diplomacia da paz e o destaque na
exportação de armas", o repórter Gil Alessi conta que nem só de soja vivem as exportações do Brasil, porque existe um
outro comércio, muito mais letal, no qual o país também vai muito bem: trata-se
do mercado de revólveres, pistolas, metralhadores, fuzis, lança-granadas,
artilharia anti-tanque, munições e morteiros, quase tudo fabricado no Rio Grande do Sul.
Leia a reportagem:
Atrás apenas dos Estados Unidos,
Itália e Alemanha, o Brasil é o quarto maior exportador de armas leves do
mundo, de acordo com o relatório As Armas e o Mundo divulgado nesta
segunda-feira pela Small Arms Survey, entidade que monitora conflitos armados e
o comércio de armas de fogo no mundo.
De 2001 a 2012 o país exportou 2,8 bilhões de dólares
(374 milhões apenas em 2012) em armas, deixando para trás potências do setor
como a Rússia – fabricante do famoso fuzil AK-47, arma de escolha de nove entre
dez grupos guerrilheiros, do Estado Islâmico às Farc – e China, que possui o
maior exército regular do mundo. O Brasil, no entanto, é o único entre os
quatro maiores exportadores do ranking cujas transferências de armamento não
são transparentes, diz o relatório. Ou seja, o país não apresenta à ONU seus
recibos e contratos de venda: não se sabe exatamente o que, para quem e quanto
é comercializado.
Na prática, isso significa que existe a possibilidade de
que os armamentos vendidos pelo país estejam sendo comprados por nações em
conflito ou que violam os Direitos Humanos. Ou que o Brasil venda para
terceiros que por sua vez irão repassar as armas para milícias, facções
terroristas ou governos autoritários. O Brasil é signatário do ATT, um tratado
que regula este comércio no mundo e proíbe transferências consideradas
irresponsáveis. A legislação ainda não foi sancionada.
Em 2011 o país não entregou às Nações Unidas o relatório
de suas transferências de armas, e se absteve na votação do embargo imposto à
Líbia. Em 2013, grupos de monitoramento de conflitos denunciaram que granadas
de gás lacrimogênio da marca brasileira Condor estavam sendo usadas pela
polícia turca para conter protestos contra o Governo de Recep Erdogan.
O país participa de missões de paz da ONU,
e por outro
lado vende armas”
“O Brasil costuma explorar no cenário internacional esse
seu lado mediador, sua vocação diplomática”, diz Reginaldo Nasser, professor de
Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica São Paulo. Segundo
ele, os dados do relatório apontam uma contradição: “o país participa de
missões de paz da ONU, e por outro lado vende armas”. De acordo com ele, houve
um aumento nas exportações de armas brasileiras para o Haiti, onde as tropas do
país participam de uma operação de pacificação.
Para professor, “existe o mito de que o Brasil é um
clamor diplomático, mas aos poucos essa máscara vai caindo”. De acordo com ele,
isso ficou claro durante a Primavera Árabe, “quando os ativistas que estavam
sendo massacrados pelos seus governos começaram a perceber que armamentos
brasileiros estavam sendo usados na repressão”. Angola é outro país onde essa
“dualidade” do país se manifesta: “Lá o Brasil participou dos processos de
negociação de paz, mas a Taurus [maior fabricante de pistolas e revólveres
brasileira] está em Angola. É um duplo jogo”.
O Brasil também é o quarto país entre os maiores
exportadores cujas transferências de armas leves mais cresceram entre 2001 e
2012: houve um aumento de 295% nas vendas. Nesse quesito, perdeu apenas para a
China (1.456%), Coreia do Sul (636%) e Turquia (467%). As maiores fabricantes
de armas brasileiras são a Forjas Taurus, Imbel e Companhia Brasileira de
Cartuchos.
10 comentários:
Ou todos param de produzir os armamentos, ou o mercado está para quem for eficiente. O resto é hipocrisia.
Ou todos os produtores de armamento param de produzir, ou resto é hipocresia.
E nós aqui desarmados no meio de turbas de bandidos armados até os dentes e sob a complacência criminosa do governo federal esquerdista.
O Brasil fornece armas para terroristas e bandidos da pior espécie, agora para os cidadãos brasileiros só resta o apoio divino para não ser a bola da vez, pois fomos deliberadamente tornados frágeis e alvos de quaisquer bandidos, principalmente os ideologizados.
Nosos governantes não produzem armas, mas estão matando o povo sem assistencia médica, preços que sobem diariamente, falcatruas, mentiras . . .
Isto se chama espírito de vira-lata. Quem acredita que nossa conta em armamentos é grande? Vendendo armas leves e de baixa tecnologia? Agora, aos pacifistas, sugiro que vão ao Estado Islâmico ensinar a bíblia e a cultura da Paz. Certamente terão muito sucesso. Já dizia Getúlio Vargas, quem muito se abaixa deixa em evidencia sua parte mais fraca.
Não é o Brasil que escolhe o país para vender !
É o país do conflito que escolhe o Brasil para comprar. Se o Brasil não vender, a Argentina vende . Os tiros serão dados de qualquer jeito ( ou de qualquer arma ).
Maior palhaçada, tenho a impressão que a maior parte destas "armas leves" (como algo letal pode ter esta designação?? só pode ser coisas dessa gente que sente necessidade de garantir que tem algo entre as pernas) são "reimportadas" pelas nosasas próprias fronteiras e acabam nas mãos dos não de milicianos, terroristas e etc, mas sim nas mãos do "nossos" bandidos - aquee sque te assaltam no dia-a dia da cidade.
sinceramente, não vejo por que fabricar armas. tipo da indústria estúpida.
abs
Será que vem mais uma campanha contra indústria brasileira?O Brasil já não produz nem lâmpadas por incompetência do nosso desgoverno.Até o pro-alcool já está nas mãos estrangeiras.Em São Paulo já estão dizendo em entregar os ônibus urbanos para empresas estrangeiras,trocar todas lâmpadas públicas por lâmpadas de LED que não são produzidas no país.Há pouco tempo já foram trocadas as maiorias das lâmpadas Vapor de Mercúrio por lâmpadas Vapor de Sódio.Será que isso é a prioridade da Cidade de São Paulo?Quem ganhará com essa troca imensa?Brasil Pais de Tolos.
mas quem em sã consciência ainda dá bola pro que a ONU fala???
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