Os alvos eram os dois principais ministros da cozinha do
Palácio do Planalto, que trabalharam pela candidatura de Arlindo Chinaglia
(PT-SP) –segundo colocado, com quase metade dos votos de Cunha. Aloizio
Mercadante (Casa Civil) era Freddie Mercury, vocalista bigodudo da banda Queen.
Pepe Vargas (Relações Institucionais) virou Pepe Legal, desenho animado que
estrelava um cavalo atrapalhado, que às vezes atirava no próprio pé.
O novo presidente da Câmara foi saudado por colegas de
legenda e outros aliados, mas Michel Temer (PMDB) não apareceu. “Achamos que
não era o momento”, disse um amigo do vice-presidente, em referência à rusga
entre Cunha e o poder Executivo.
Mas cinco dirigentes de partidos estiveram por lá, quase
todos pequenos. Os maiores caciques eram Marcos Pereira, do PRB de 21 deputados
e do Ministério do Esporte, e Pastor Everaldo, comandante dos 12 parlamentares
do PSC. Coincidência ou não, ambos são líderes evangélicos –assim como Cunha.
Everaldo se sentou em uma mesa perto da família de Cunha.
No fundo do salão, estavam Levy Fidelix (PRTB), Daniel Tourinho (PTC) e Renata
Abreu (PTN). As três siglas têm, juntas, sete deputados na Câmara.
Enquanto circulava, o presidente da Câmara dedicou um bom
tempo às queixas dos partidos nanicos. Copo de uísque na mão direita, Levy
Fidelix vociferava contra o também diminuto PT do B, o ausente Luis Tibé.
“Ele é traíra! Queria f… a gente, vá pra China! A gente
queria fazer um grupo para apoiar o Eduardo e ele tentou vender a gente pro
governo em troca de carguinho!”, reclamava o ex-presidenciável.
Fidelix carregava no bolso do paletó um documento que
provava que ele havia tentado aderir à candidatura de Cunha. O presidente do
PRTB quer formar um bloco com outros partidos nanicos e conquistar o comando de
uma comissão da Câmara.
No jardim, dois tucanos ficaram a noite toda em silêncio
–duas aves de bico amarelo, presas em uma gaiola. Aécio Neves e seus
correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de dirigentes do PSDB
terem comemorado a vitória de Cunha como gol em Copa do Mundo.
“É o início do fim do ciclo do PT”, disparava o deputado
Danilo Forte (CE), candidato a líder do PMDB.
“O Pepe achou que era o cozinheiro do Congresso, mas vai
ter que servir cafezinho”, disse outro peemedebista. “A grife do PT não anda
muito vendável na praça”, completou um cacique.
Cunha adotava um ar republicano. “Eu não impus derrota
nenhuma ao governo. Foram eles que se derrotaram”, afirmou.
Até o início da madrugada, o presidente dizia não saber
se o Palácio do Planalto havia telefonado para comentar o resultado da eleição.
“Fiquei sem bateria no celular. Não sei se alguém ligou.” Arlindo Chinaglia o
procurou por volta das 22h. Telefonou para o gabinete, que transferiu a ligação
para o celular do motorista de Cunha.
Depois de circular pelo salão por mais de uma hora, o
novo presidente só conseguiu jantar à meia-noite. Dono da festa, não precisou
pegar a fila: por trás da mesa do bufê, pediu que lhe servissem um pouco de
talharim com tiras de filé mignon. “Eu vou tomar um vinhozinho, mas ali na
mesa”, avisou ao garçom, que correu para providenciar uma taça de tinto.
Nem assim conseguiu jantar em paz. Enquanto comia com a
família, ouvia cochichos de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro de Lula,
que se sentou na cadeira ao lado e se curvava para falar em seu ouvido.
Cunha foi embora depois de 1h da manhã. Às 10h, teria seu
primeiro compromisso institucional como chefe de poder, ao lado de Ricardo
Lewandowski na abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal.
7 comentários:
Quem quer segundo escalão desse governo que está aí?
Sobre a disposição da presidente Dilma e seus ministros de tentar uma reaproximação com Eduardo Cunha, usando as nomeações do segundo escalão do governo, seus aliados ironizaram: — Esquece! O Eduardo vai se fazer respeitar colocando uma pauta de votações olhando os interesses do País.O governo precisa interpretar melhor o tamanho dessa derrota. Quem quer segundo escalão desse governo que está aí?
Quer o que. com nomes de pintado, juquinha,pepe, chico, zé das velas, molusco, stela, é pra chorar.
A galhofa, o popular sarro, já está encorpando tendo os petralhas por alvo.
O Mercadante não tem jogo político para ser ministro da casa civil!
O PMDB no momento que quisesse poderia acabar com os petralhas, mas não sou tão otimista assim, acho que só pode ter sido um recado dos peemedebistas corruptos para o governo começar a preparar o mensalão 2. O Renan Canalha depois de eleito falou em entrevista que as 'mudanças' irão continuar sendo feitas (entenda-se implantação do bolivarianismo), isto é, o mesmo discurso da petralha Dilma. Eu até já estou achando que o Renan é petralha, só que continuou no PMDB porque assim poderia influenciar os colegas e usar o partido em prol do governo ladrão!
Os mesmos que comiam no prato,agora gospen no mesmo, para mim não passa de teatro,como é vil nossa política.
Eles fazem a "festa" , nós pagamos a conta e ainda acreditamos que alguma coisa vai mudar! É muito "pragmatismo"!
Anônimo 22:21, correto sobre o
Petralhismo do Renã, não esquecendo de que ele já foi comunista.
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