Memória - No começo do Mensalão, Flávio Koutzi denunciou: "Nossos melhores valores foram abandonados por alguns companheiros dirigentes do PT"

Este desabafo foi do deputado gaúcho Flávio Koutzii e data de 2005, ano da CPi dos Correios, que foi quando foi desvendado o Mensalão. Ele tratou das denúncias que surgiram contra o PT. O material foi publicado pelo Jornal do Comércio, Porto Alegre. As declarações de Koutzi, que depois disso não concorreu mais a cargo eletivo, tem tudo a ver com o atual debate que o ex-governador Olívio Dutra trava com dirigentes nacionais do PT, que teimam em defender os mensaleiros, com ênfase para Zé Dirceu e José Genoíno. Vale a pena ler a íntegra da entrevista, que vai no link. O editor destaca  este  trecho mais expressivos da entrevista:

JC – Qual foi a pior derrota? Contra a ditadura ou, agora, com as denúncias envolvendo o PT em esquemas de corrupção?
Koutzii
 Essas denúncias, que surgem depois da metade de maio deste ano, acabam provocando uma grande derrota para nós. Os melhores valores da história do PT, que não eram propaganda e sim baseados na vergonha na cara e na revisão dos padrões éticos da política brasileira, foram abandonados por alguns ex-companheiros dirigentes. Quero dizer que não caiu a máscara quando se identificaram esses crimes. O que aconteceu é que ao chegar ao nível máximo de poder, não soubemos dirigir o extraordinário desafio que temos em mãos e a partir daí houve inflexões em nível de orientação política e de orientação organizativa interna do partido que são inaceitáveis. O PT não vai parar nem vai deixar de existir, mas entramos num período complexo e grave da crise de nossa existência. Chamo de derrota justamente para provocar um contraste. Nós, numa democracia, em cima de uma vitória de 53 milhões de votos, com um enorme enraizamento nos movimentos sociais do País, comprometermos isto é um crime contra tudo que nós e gerações passadas fizeram. Minha resposta poderá chocar algumas pessoas que não irão me entender, mas a derrota mais importante é essa em que está mergulhado o governo Lula. Ninguém está sendo torturado, mas na alma de milhões de petistas há uma dor profunda. Morre um pouco da nossa esperança num futuro melhor mais próximo. A estrada vai ficar mais difícil de ser percorrida. Algumas pessoas dizem que estou largando a política. Não é verdade. Tenho 43 anos de militância. Minha vida foi dedicada à política.

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CLIQUE AQUI para conhecer melhor Flávio Koutzi, desde seu exílio, prisão e resgate na Argentina. Na época, a Argentina vivia sob ditadura militar. Ele foi vereador por dois anos em Porto Alegre, deputado durante 16 anos e atualmente ocupa cargo de terceiro escalão, por vontade própria (Koutzi é cardíaco) no governo Tarso Genro.

CLIQUE nas fotos acima: a foto da esquerda mostra Koutzi quando foi libertado na Argentina e a outra foto é mais recente.