Gastos maiores e receitas menores ameaçam contas do governo Lula

Previsões para 2009:

PIB: -0,5% a + 0,5%
Inflação pelo IGP-M: - 0,4%

Embora os sinais de retomada econômica sejam visíveis, o primeiro semestre fechou com ambiente econômico desfavorável, já que a recessão permeou o período (menos 1,5% no PIB) e houve recuo evidente dos preços (IGP-M em deflação).

. O verdadeiro problema que começa a assombrar os economistas, segundo análises recolhidas pelo editor, é o referente às contas públicas, que parecem caminhar para um quadrante de desordem. O editor conversou sobre isto com o economista Erik Camarano, ex-secretário Geral do governo Yeda, e ele é um dos que temem o cenário que vem pela frente.

. Até o mês de setembro, o superavit primário do governo federal recuou 68% sobre igual período do ano passado. E isto que o governo se apropriou de R$ 7,8 bilhões em dividendos de estatais, R$ 7,9 bilhões em depósitos judiciais, atrasando liberações importantes de dinheiro de pagamentos de obras do PAC. Foram expedientes extraordinários. A meta de superávit primário para o ano caiu de R$ 74,9 bilhões no ano passado, para R$ 23,9 bilhões este ano (menos 68%). A meta de 2,5% sobre o PIB cairá para 1,5% por decisão do próprio governo, conforme proposta enviada ao Congresso.

. 2009 e 2010 serão anos de muita gastança e pouca receita, embora o governo preveja melhoras substantivas, já que a projeção é de que o PIB cresça 5% em 2010. Isto significa mais inflação. O próprio Banco Central revisou a meta de 3,9% para 4,4% (IPCA) para o ano que vem. O otimismo do governo não é compartilhado por todos, sequer por Erik Camarano.

. O cenário remete a um quadro de juros altos. As previsões são as de que a Selic ficará em 9,25% para o ano todo, podendo subir.

. O pior de tudo é que o governo vem arrecadando menos e gastando mais.

. A receita líquida deste ano fechou até setembro em R$ 380 bilhões (-0,4%), as despesas foram a R$ 356,1 bilhões ((+16%) e com isto o saldo despencou 68,2%, atingindo 23,8 bilhões.