Crônica de sexta-feira, Vitor Bertini - Irene

Uma parede branca, uma máscara branca, uma cadeira de rodas, olhos cansados fugindo da foto e um cobertor nas costas. No colo da Irene, sobre outro cobertor, um celular velho e um pequeno embrulho de padaria.

A parede branca é coberta de azulejos e tem um corrimão de aço acompanhando seu comprimento. Os braços da cadeira denunciam sua idade, os da Irene ostentam duas agulhas de borboletas azuis pousadas sobre um esparadrapo branco. Quem conta sobre seu tempo e sua vida são suas mãos fechadas, cruzadas sobre o colo.

Às suas costas, de costas, formando um involuntário par, um laço de jaleco branco veste quem tem cabelos grisalhos e sorte parecida com a sua. 

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