Homem de confiança dos generais, ministro de vários governos da ditadura, Delfim diz agora que não sabia nada sobre torturas e assassinatos políicos - nem sobre a censura à imprensa.
Relatórios de órgãos de informação da época concluem que ex-ministro
- homem forte do regime - teria alavancado esquema de corrupção para chegar ao
Palácio do Planalto.
. A reportagem é do jornalista Vasconcelos Quaadros, do iG, conforme publicação feita hoje:
Dois relatórios de órgãos de informação do regime militar
encontrados no Arquivo Nacional, em Brasília – um da Aeronáutica e outro do
Exército –, aos quais o iG teve acesso, insinuam que o ex-ministro
Delfim Netto, czar da economia da ditadura, teria alavancado um esquema de
corrupção para pôr em prática um plano que o levaria ao governo de São Paulo em
1974 e, depois, ao Palácio do Planalto.
Os dois informes foram produzidos em períodos distintos.
O primeiro, de maio de 1969, é uma espécie de alerta da comunidade de
informação ao governo militar. Diz que o homem forte do regime, “movido por
ambição pessoal desmedida”, fez pactos com grupos econômicos nacionais e
internacionais com a intenção de chegar ao topo do poder.
“Seu objetivo imediato é enriquecimento pessoal. Seu
objetivo mais remoto é o de sustentação financeira de um plano político que o
conduziria ao governo do Estado de S. Paulo, na pior das hipóteses”, descreve o
informe. Em seguida o autor sugere: ”Delfim Netto aspira à própria Presidência
da República”.
Câmara Municipal de São Paulo
Delfim Netto depôs à Comissão Municipal da Verdade de São
Paulo em junho de 2013
Informado pelo iG sobre o conteúdo dos
relatórios através de e-mail enviado a sua assessoria na quinta-feira, 17, Delfim
não respondeu. Informes, como se sabe, são peças parciais e incompletas de
espionagem e, sozinhos, não têm valor jurídico. No caso de Delfim, revelam que
ele era bombardeado pelo fogo amigo dentro do próprio regime militar, num
período encoberto pela censura imposta pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), do
qual foi defensor e signatário.
O ex-ministro foi alvo constante de monitoramento. Em sua
pasta no Arquivo Nacional, além de um suposto plano de sequestro pela esquerda
armada, abortado entre o fim 1969 e início 1970 pelos próprios órgãos de
informação, há fartura de referências citando supostos esquemas de corrupção.
Em 1974, antes de assumir o governo, o ex-presidente Ernesto Geisel recusou a
indicação de Delfim para o governo paulista, embora o pedido tenha partido de
seu antecessor, o general Emílio Garrastazu Médici.
Comissão Nacional da Verdade conclui que JK morreu em
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Em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, da
Globonews, sobre os 50 anos do golpe, Delfim contou ter ouvido de Médici que
Geisel argumentou que os militares temiam perder o poder com sua eventual
ascensão à política. “Não quero porque ele, com a Avenida Paulista, vai tomar o
governo”, teria dito Geisel a Médici, segundo Delfim.
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3 comentários:
Infelizmente parece que esse malandro vai escapar da justiça. Da justiça dos homens, bem entendido. Pois da justiça divina não tem como escapar.
Sr Plibio Braga
Muito interessante,é um dos melhores amigo do BARBA ou BOI
Saudações
Não seria esse mais um caso de Assassinato de Reputação?
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