Analógico, crônica por Vitor Bertini

– Meu pai, o mais analógico dos humanos, resolveu ser digital.

– Sério? Parabéns!

– Eu poderia saber por que você está me parabenizando? 

– Sério?

– Você quer parar de dizer “sério?”. Claro que é.

– Mariana, o primeiro sério foi retórico, o segundo foi porque é uma coisa útil, inclusiva. Meio atrasado, até, né? Mas, boa.  

– Boa pra quem?

– Boa pra ele que não vai sentir-se excluído dos tempos e pra você. Repito, vai ser bem útil. Você vai ver.

– Você não tem ideia.

– Tenho sim. Minha mãe, por exemplo - aliás, sua amiga em tudo quanto é aplicativo, às vezes me faz passar vergonha; eu aviso algum descuido, ela se chateia, mas, no fim, é bem bom.

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