Flagrado, o larápio esperto apela para o tradicional
berro de "Pega ladrão!", na esperança de se safar no meio da
confusão, deixando que outro pague pelo seu crime.
A mesma ética exemplar pode ser encontrada na tentativa
recente de economistas vinculados ao PT de atribuir as atuais dificuldades
enfrentadas pelo país à suposta austeridade fiscal, deixando de lado sua
responsabilidade pelas políticas que, ao final das contas, jogaram o país na
crise.
Segundo esse pessoal, nada justificaria a reversão da
política econômica adotada a partir deste ano. A que eles propõem, portanto, é
essencialmente a mesma que guiou o país no primeiro governo Dilma: expansão do
gasto, redução na marra da taxa de juros e intervenção pesada do governo no
domínio econômico.
Não por acaso, muitos dos autores da atual proposta são
os mesmos que manifestaram apoio à reeleição da presidente no ano passado,
embora tenham tentado se passar por críticos da política econômica quando a
coisa ficou feia.
Aparentemente, inflação superior a 6% ao ano, mesmo com
preços reprimidos, não seria motivo de preocupação. Nem, é claro, um deficit
externo que superou US$ 100 bilhões no ano passado, e muito menos o virtual
desparecimento do superavit primário do setor público, que por muitos anos
havia se mantido na casa de 3% do PIB, mas que em 2014 se transformou num
deficit (oficial) de 0,6% do PIB —enquanto estimativas de especialistas sugerem
que, descontadas as "pedaladas", o número verdadeiro teria se
aproximado de 1,5% do PIB.
Da mesma forma o crescimento da dívida pública de quase
10 pontos percentuais entre 2010 e 2014 não mereceria qualquer reparo.
Deixa-se convenientemente de lado o fracasso do
crescimento no período, quando o PIB se expandiu a pouco mais de 2% ao ano,
atribuído à "crise internacional", muito embora o crescimento mundial
tenha se mantido praticamente inalterado (3,6% ao ano) e a relação entre os
preços das exportações e importações brasileiras tenha sido simplesmente o mais
favorável desde 1978, pelo menos.
A verdade que os punguistas econômicos querem esquecer é
que as políticas que defenderam então, e que agora pedem de volta, colocaram o
país numa situação insustentável.
Sua manutenção poderia até adiar o encontro com a
realidade por mais um ano ou dois, mas apenas à custa do aprofundamento das
distorções que se acumularam nos últimos anos: inflação mais alta, dívida em
crescimento e déficits externos ainda maiores.
Note-se que isso provavelmente não conseguiria impedir a
recessão. De fato, como notado pelos economistas que fazem parte do Comitê de
Datação de Ciclos Econômicos, a recessão se iniciou em meados do ano passado,
muito antes de qualquer discussão sobre a possibilidade de alteração da tal
Nova Matriz Macroeconômica.
Em particular, o investimento, variável-chave para o
crescimento sustentável, vem em queda desde 2013, e acumulava retração de quase
8,5% quando os punguistas louvavam a política em vigor.
O que eles hoje recomendam é exatamente o que nos trouxe
à situação lastimável em que estamos. Confesso que, apesar disso, meu lado
cruel adoraria tê-los de volta no comando da política econômica. Seria péssimo
para o país, mas divertidíssimo vê-los chamando o ladrão quando o caos se
instalasse de vez.
6 comentários:
O problema não é o pt, mas sim os partidos, principalmente o pmdb que dão sustentabilidade a tudo isso. Não podemos esconder o sol com a peneira.
Políbio,
Existe um "negócio" acontecendo no Brasil, mas ninguém sabe(ou dimensiona) o que é o tal "negócio".
Sinceramente, estou no meio do nevoeiro e com a mão no bolso para manter minhas moedas a salvo.
Hoje é sexta-feira e a semana foi pesada.
JulioK
JulioK - esclareça-nos sobre o "negócio" que está em curso no Brazil.
É verdade - o problema do Brazil é o PMDB. Eliminado o principal aliado da sofisticada organização criminosa (Pt), o Brazil volta a ser o Brasil. É duro ter que aguentar o cinismo militante de petralhas...
Sds
LULA está transferindo para o PMDB toda a RESPONSABILIDADE por tudo que está ocorrendo no Brasil. Assim, os trouxas pmdbistas não serão nem vice na chapa do pinguço em 2018 e muito menos serão base de apoio, ficarão reduzidos até 2018.
Lula muito esperto, encurralou os PMDBistas com ALFAFA comprada na Suíça.
Com tudo ue já veio à tona nos últimos 12 meses, o PT está no poder, unicamente por covardia do povo brasileiro e do PSDB.
Polibio,
esta postura do PT é muito racional e articulada: o governo "morde" com as medidas do ajuste fiscal para corrigir a situação provocada pelo próprio governo e o PT joga para a torcida "assoprando" para manter o apoio de suas bases (sindicatos, beneficiários de bolsas, etc...)
O PT é situação e oposição ao mesmo tempo. E tudo isto já olhando para 2018, no mínimo!
Abs, João.
Postar um comentário