Escrevi, certa vez, que a geração ideológica que havia
combatido a ditadura e que assumiu o poder no Brasil após o regime militar
chegava ao seu fim, isto é, cumprira a sua função e se esgotava.
O grupo liderado por Fernando Henrique Cardoso, de uma
esquerda moderada, governou até 2002, quando Luiz Inácio da Silva ganhou as
eleições e, com isso, a facção mais radical daquela geração assumiu o governo e
nele se manteve até agora, no segundo mandato de Dilma Rousseff. Essa é uma
geração que, em diferentes graus, situava-se à esquerda dos que apoiaram a
ditadura e se aliou, consequentemente, aos partidos que pregavam o marxismo,
embora não fosse aquele seu pensamento.
Nesse quadro, nasceu o Partido dos Trabalhadores,
liderado por um operário e formado por simpatizantes da Revolução Cubana. Mas
os grupos guerrilheiros foram destroçados, e o sistema soviético em seguida
desabou.
Desse modo, quando o PT chegou ao poder, as fantasias
revolucionárias já estavam fora de moda. Além disso, os escândalos do mensalão
e, agora, as delações da Operação Lava Jato revelaram que, se Lula e seu
pessoal foram de fato revolucionários algum dia, ao chegarem ao poder mudaram
de projeto.
Imagino o que se passou na mente dos petistas: se a
postura revolucionária não tinha mais cabimento, que fazer com o poder que lhes
caíra no colo? Antes de tudo, não deixar que viesse a escapar-lhe das mãos e,
para consegui-lo, a providência fundamental era manter e ampliar o apoio do
eleitorado pobre.
Isso, por um lado; por outro, não dividir com ninguém os
cargos importantes da máquina do Estado, como os ministérios e as grandes
empresas estatais. Aliou-se, então, aos pequenos partidos, aos quais, em vez de
dar altos cargos, comprou com dinheiro público: o mensalão.
Tendo nas mãos os ministérios e as estatais, infiltrou-os
com a nomeação de mais de 20 mil "companheiros", sem concurso, a fim
de que cedessem parte do salário ao partido e trabalhassem pela ampliação do
número de novos militantes a favor do governo.
Mas isso não era tudo. O principal residia na apropriação
das grandes empresas do Estado e particularmente da maior delas –a Petrobras.
Ficou comprovado, na Operação Lava Jato, que, desde 2003– quando Lula assumiu o
governo–, criou-se na Petrobras um "clube", formado por altos funcionários,
ligados aos partidos do governo, e representantes de grandes empreiteiras, que
prestavam serviço à empresa. As licitações –que envolviam centenas de milhões
de reais– eram manipuladas de modo que, em rodízio, cada uma daquelas empresas
obtivesse os contratos.
O custo das obras era então duplicado e as propinas
distribuídas aos partidos e participantes das falcatruas, disso resultando,
para a Petrobras, prejuízos bilionários, por ela mesmo admitidos.
A tais prejuízos somam-se os resultantes de negociatas
envolvendo a compra e a construção de refinarias. E era Lula quem acusava seus
opositores de pretenderem privatizar a Petrobras. Ele, de fato, não a
privatizou: apropriou-se dela.
Lula e sua turma agem sem remorsos, uma vez que, sendo
eles os defensores dos verdadeiros interesses nacionais, julgam-se com o
direito de se apropriarem dos bens públicos.
Vou dar um exemplo. Há algum tempo, antes da Lava Jato,
uma senadora do PT, indagada sobre os crescentes prejuízos sofridos pela
Petrobras, respondeu: "Só quem se preocupa com isso são os acionistas. A
Petrobras existe para servir ao povo".
Ou seja, não tem de dar lucro. Agora, a Operação Lava
Jato mostrou que a sua eleição ao Senado, em 2014, foi financiada com propinas
da Petrobras e, assim, dá para entender a sua tese: a senadora é o povo.
Esse é um tipo de populismo que, se arvorando defensor
dos pobres, atribui-se o direito de usar de qualquer meio, inclusive a
corrupção, para manter-se no poder.
Lula e Dilma só não contaram com duas coisas: que a
gastança demagógica levaria o país à crise econômica e que suas falcatruas
seriam reveladas à opinião pública.
O engodo se desfez, a credibilidade dos petistas
despencou. Qual será o desfecho dessa comédia não sei dizer, mas que o
lulopetismo já não engana a quase ninguém, não resta dúvida.
3 comentários:
Tomara que tenha razão. Mas, se houver alguma brecha para medidas populistas, elas virão e, aí, próxima parada será a venezuelização.
O CARA ainda não sabe que LULA sempre foi isto tudo e serviu apenas para enrolar as esquerdas. Ele continua acreditando que LULA é de esquerda, esta parte ele não está enxergando ou não quer para ser chamado de burro.
LULA nunca foi de esquerda e nem de direita ou qualquer outra ideologia que se quiserem dar. LULA simplesmente é um MERCANTILISTA, hoje MAFIOSO para se safar.
OS pseudo-intelectuais ou acadêmicos que se deixaram - românticamente - iludir pela esquerda soicalista, hoje se mostram arrependidos mas não se movimentam para esclarecer a Sociedade. O mea-culpa é restrito ao mesmo grupo e à mídia.Lembrem-se que o s lugares mais quentes do inferno, segudo Dante, são para os omissos....
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