Térmica de R$ 3,3 bilhões de Rio Grande está perto de obter licença de instalação

Nesta reportagem de Jefferson Klein, o Jornal do Comércio de Porto Alegre informa hoje que o maior projeto de infraestrutura a ser desenvolvido no Estado está prestes a cumprir mais uma fase para se tornar realidade. É esperada para os próximos 45 dias a licença de instalação da termelétrica que o Grupo Bolognesi construirá no município de Rio Grande. O empreendimento será acompanhado de um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) e de um gasoduto (com cerca de oito quilômetros de extensão) que ligará o píer à usina. Somadas, as estruturas absorverão cerca de R$ 3,3 bilhões em investimentos.

Leia toda a reportagem:

A presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e secretária do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, detalha que a empresa está apresentando os últimos documentos. Ana confirma que a expectativa é de que dentro de um mês e meio seja concedida a licença de instalação do empreendimento. "Não tem nada apontando que vai ter algum embaraço ou algum atraso com esse licenciamento, graças a Deus", afirma.

A secretária era uma das integrantes do governo estadual que estiveram ontem no Palácio Piratini enquanto executivos da Bolognesi conversavam com o governador José Ivo Sartori sobre a iniciativa. O diretor-presidenteda companhia, Ronaldo Bolognesi, comenta que, a licença de instalação sendo obtida nesse prazo divulgado, o projeto estará dentro do cronograma. A térmica, por contrato, precisa entregar energia a partir de 2019. A usina terá 1.238 MW de capacidade instalada (o que corresponde a cerca de um terço da demanda do Rio Grande do Sul - será a maior do Estado quando finalizada).

Durante o pico das obras, serão gerados em torno de 2,5 mil empregos na construção do empreendimento e, em média, deverão ser mantidos cerca de 1 mil postos de trabalho durante as obras. A Bolognesi já assinou o contrato de EPC (Engineering, Procurement and Construction) com a espanhola Duro Felguera e a norte-americana General Electric (GE) para concretizar a térmica.

O vice-presidente executivo da Bolognesi, Paulo Cesar Rutzen, explica que, com a licença em mãos, começará a etapa de aprovações financeiras para o empreendimento, o que deverá durar algo entre três a quatro meses. Com isso, o início de obras deve ocorrer de outubro a dezembro. Rutzen afirma que o contrato de fornecimento de GNL será fechado com uma duração de 25 anos (algo inédito mundialmente, de acordo com o vice-presidente da Bolognesi). O anúncio oficial do fornecedor deverá ocorrer até o final de julho. "O gás será oriundo da Bacia do Atlântico e quando eu digo isso é do Golfo do México, Caribe ou até do Norte da África", adianta.

Os licenciamentos do píer e do gasoduto serão feitos, mais adiante, separadamente. O terminal absorverá um aporte de cerca de R$ 100 milhões, que será feito pelo Grupo Bolognesi. Contudo, o píer será doado à administração do porto do Rio Grande, que ficará responsável pela estrutura. Sobre o gasoduto, ainda está sendo discutido se o investimento (calculado em cerca de R$ 40 milhões) será feito pela Bolognesi e o complexo também será doado ou a estatal Sulgás fará o empreendimento e cobrará a tarifa de distribuição.

Segunda fase do projeto irá até a Região Metropolitana

Após a conclusão dos projetos do terminal, da usina e do gasoduto ligando os complexos, a meta do grupo Bolognesi é participar da implantação de um gasoduto de maior porte até a Região Metropolitana de Porto Alegre. Para isso, é necessário que o Ministério de Minas e Energia (MME) lance uma licitação para a realização da iniciativa. A expectativa da empresa é que ainda neste ano possam ser abertas audiências públicas para discutir o assunto.

A ação faz sentido, pois o terminal de GNL de Rio Grande terá uma capacidade de até 14 milhões de metros cúbicos diários de gás natural (mais do que o dobro do que será consumido pela termelétrica). O excedente será deslocado para outros consumidores. O secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, enfatiza que o excesso de oferta de gás possibilitará atrair mais companhias para o Rio Grande do Sul.


O dirigente reforça que, inicialmente, o novo suprimento será particularmente importante para a Metade Sul e para o porto do Rio Grande, que poderá fortalecer seu aspecto industrial. Branco recorda que foi justamente por causa da falta de gás natural que o município de Rio Grande perdeu para o Rio de Janeiro, há alguns anos, uma fábrica de turbinas da Rolls Royce para o setor naval.

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