Análise sobre a venda do jornal Diário de S. Paulo

Clipping
O Estado de S. Paulo
Sábado, dia 16 de outubro

Jornais atraem novos investimentos
Matias M. Molina, autor do livro "Os melhores jornais do mundo"

A compra do Diário de S. Paulo por J. Hawilla, dono do Grupo Traffic, é o mais recente exemplo do dinamismo da indústria brasileira de jornais. Esse mesmo empresário vem ampliando a penetração de sua rede de jornais diários Bom Dia, em franca expansão no interior do Estado de São Paulo, lançando novas edições em diferentes cidades.Ainda nesta semana, o Valor Econômico informou que o grupo de Vitorio Medioli, dono de O Tempo e Super Notícia, de Belo Horizonte, pretende investir R$ 150 milhões na compra de mais jornais em Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A Tarde, de Salvador, estuda o lançamento de um jornal popular na Bahia, para enfrentar seu concorrente Correio, cuja circulação cresce rapidamente. Na semana passada, foi lançado um novo jornal de negócios, Brasil Econômico, para tentar ocupar o espaço deixado pelo fechamento da Gazeta Mercantil.Uma das grandes surpresas positivas da imprensa foi o surgimento de um novo jornal popular em Manaus, Dez Minutos, cuja circulação quase triplicou de outubro do ano passado até agosto deste ano, chegando a 64,3 mil exemplares diários.Outra indicação da vitalidade do meio é que o número de jornais diários em circulação no Brasil mais que dobrou em 20 anos, dos 288 publicados em 1988 para os 678 registrados em 2008 - que foi o ano em que mais jornais se leram no Brasil: 8,5 milhões de cópias por dia.Esse panorama contrasta com o declínio contínuo da circulação da imprensa diária na maioria dos países do Primeiro Mundo, especialmente nos Estados Unidos. E contradiz as constantes previsões que auguram o fim dos jornais.Mas é prudente suspender qualquer manifestação de euforia. Como ocorreu com todos os outros negócios, o movimento ascendente dos jornais brasileiros foi bruscamente interrompido, no último trimestre do ano passado, como consequência da crise econômica global. A partir daquela data, tanto a circulação como a receita de publicidade entraram num processo de queda da qual só agora começam a se recuperar.Ao contrário dos países desenvolvidos, onde a perda de leitores da imprensa diária é aparentemente inexorável, independentemente da situação da economia, no Brasil, assim como em outros países emergentes, a circulação dos jornais acompanha a evolução dos ciclos econômicos. Em épocas de crise, como aconteceu a partir do ano 2000, a venda de jornais cai, para depois recuperar-se em tempos de expansão, como também ocorreu a partir de 2004.No Brasil, a retomada depois das crises tem sido bastante desigual. A maioria dos jornais não consegue recuperar todos os leitores perdidos durante a retração econômica, mas essa perda é mais do que compensada, no conjunto do setor, com o lançamento de novos diários, quase todos de cunho popular.Também desta vez, o padrão de retomada da indústria parece repetir-se. O que significa que deve continuar crescendo o peso e a participação dos jornais populares dentro do setor, com um encolhimento das vendas dos diários tradicionais.Isso não significa, porém, que os jornais formadores de opinião, de repercussão nacional ou regional, tenham perdido importância. Pelo contrário. Continuam influentes e participando de maneira decisiva da formação da agenda de debates e de prioridades do País. Dada a ausência de fortes agências nacionais de notícias no Brasil, comuns em outros países, os principais diários passaram a distribuir suas informações e suas principais colunas para a maioria dos outros jornais, que dependem deles para as informações de fora de seus Estados. E a difusão do seu conteúdo pela internet reforça sua relevância na sociedade. Além disso, em termos econômicos, os principais jornais entraram, desde meados da atual década, numa fase de invejável prosperidade. Mas para manter sua influência terão de evitar, no médio prazo, novas erosões em sua circulação.A recente onda de lançamentos de diários populares pagos mostra que a indústria de jornais - assim como outros setores da economia que passaram a dar atenção às classes C, D e E - está descobrindo um vasto mercado que antes ignorava. A inesperada entrada de um novo jornal de economia indica confiança para investir no segmento oposto. Esses novos negócios e as ofertas para compra de jornais já existentes sugerem que as profecias sobre o fim da mídia impressa no Brasil são algo precipitadas.

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