Opinião do editor - Bolsonaro se despede, não aconselha nada e diz que fez o que pode para conter o Eixo do Mal

Bolsonaro não pediu para que o povo se desmobilize, mas também não incentivou os protestos e condenou veementemente qualquer ato violento. Agora é com o próprio povo que protesta diante dos quartéis e se dirige em massa para Brasília, em ações que não dependem mais do presidente e que não se sabe se continuarão contando com o apoio dos militares.O jogo mudou de mão.

Em manga de camisa, no seu gabinete de trabalho do Palácio Alvorada, o presidente Bolsonaro acaba de fazer seu último pronunciamento como chefe do governo.

Ao contrário do que milhares de manifestantes esperavam, não haverá 142.

"O Brasil não acaba no dia 1o de janeiro", avisou o presidente, que ao final do discurso pareceu extremamente emocionado. É o sinal de que eventualmente voltará para comandar a oposição.

Ele disse que permaneceu calado durante dois meses porque estava procurando alternativas legais ("dentro das quatro linhas") para desatar o nó criado pelas intercorrências verificadas durante o processo eleitoral, mas não citou o 142. Embora sem deixar claro a natureza das "alternativas" que buscou durante 60 dias, está claro que a principal delas foi a de busca pelo apoio militar. Isto parece não ter acontecido, pelo menos não na medida que a prudência poderia ensejar.