O jornal Valor informou na edição do final de semana que a equipe econômica nega que se trate de um novo Refis e
considera as mudanças como o início das reformas estruturais que pretendem
reduzir as disputas administrativas com o Fisco e melhorar o ambiente de
negócios.
leia toda a reportagem de Leandro Peres:
As empresas que quiserem quitar dívidas com a União
usando prejuízos fiscais terão até o fim de agosto para aderir ao programa que
será lançado pelo governo nos próximos dias.
A medida provisória que detalhará as regras para o pagamento
também criará um novo sistema para analisar as operações de planejamento
tributários de empresas, abrindo a possibilidade de as empresas consultarem o
Fisco sobre a legalidade dessas operações.
A equipe econômica nega que se trate de um novo Refis e considera
as mudanças como o início das reformas estruturais que pretendem reduzir as
disputas administrativas com o Fisco e melhorar o ambiente de negócios.
O ganho de arrecadação com as medidas ajudará a melhorar
as contas públicas deste ano. Segundo o Valor apurou, a receita pode chegar a
R$ 10 bilhões, embora a equipe econômica prefira usar como referência "com
certeza mais de R$ 5 bilhões".
"Estamos trabalhando para sanear o contencioso
administrativo e reduzir o litígio. Não se trata de mais um parcelamento, mas
de uma medida para limpar (o sistema). Não há desconto nenhum", explicou
uma alta fonte da equipe econômica.
A medida provisória que será editada pela presidente
Dilma exigirá que 43% do valor dos débitos com o Fisco sejam pagos à vista e
57% por meio de prejuízos fiscais ou base de cálculo negativa da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) .
A regra atual não permite o pagamento de dívidas com
prejuízos passados, com exceção das últimas edições do Refis, e estes créditos
só podem ser usados para abater até 30% do lucro apurado pela empresa.
O governo ainda discute como será o pagamento da parte a
ser saldada em dinheiro. Se à vista ou em, no máximo, cinco parcelas, todas
vencendo ainda este ano. A tese do pagamento à vista era a preferida.
De acordo com a autoridade que falou ao Valor, as
mudanças na análise dos planejamentos tributários permitirá que as empresas
declarem anualmente ao Fisco as operações que fizeram no ano anterior. A
Receita Federal terá cinco anos para analisar se a operação é aceitável ou não
e a primeira leva de informações já será entregue em setembro.
Caso a Receita considere o planejamento tributário
abusivo, notificará o contribuinte, que terá o direito de pagar o imposto sem
multas, que chegam a 75% do imposto devido. A dívida será acrescida
de juros e só haverá autuação se a empresa discordar da decisão da
Receita e quiser continuar discutindo o assunto. No sistema atual, as empresas
fiscalizadas, que têm seus planejamentos tributários glosados pelos auditores,
são automaticamente multadas e autuadas.
No novo sistema, as empresas que optarem por não informar
ao Fisco os planejamentos tributários e tenham as operações consideradas
abusivas terão cometido uma ação dolosa e estarão sujeitas a multas, como no
sistema em vigor atualmente.
A outra inovação é que a Receita Federal passará a
responder consultas prévias de contribuintes sobre planejamentos tributários.
Uma empresa que tiver a intenção de montar uma operação para reduzir o valor do
imposto devido poderá apresentar os detalhes à Receita, que informará
previamente se aceita ou não o planejamento.
"Essa é uma novidade importante, porque a Receita
nunca dava respostas a teses, apenas a fatos já acontecidos", explicou o
integrante da equipe econômica.
A expectativa do governo é que o interesse das empresas
em aderir programa de pagamento de dívidas aumentará com a reorganização do
Carf, o tribunal administrativo da Receita Federal que teve suas atividades
interrompidas por escândalos de corrupção. O órgão volta a funcionar no dia 22.
Nos últimos dois meses, o governo encontrou R$ 70 bilhões
em recursos de contribuintes que estavam parados no Carf. A partir de agora os
processos serão devolvidos às delegacias regionais e, caso não sejam pagos, o
débito será inscrito em dívida ativa.
É nesta etapa que o governo aposta no interesse das
empresas. Quando um débito é inscrito em dívida ativa, o contribuinte que
quiser continuar discutindo na Justiça é obrigado a apresentar garantias ou
oferecer bens durante o processo. A equipe econômica acredita que será mais
barato pagar a dívida combinando dinheiro e o uso de prejuízo fiscal do que
apresentar as garantias exigidas no processo judicial.
3 comentários:
AGORA VÃO TAXAR DINHEIRO NO EXTERIOR PARA "LEGALIZAR". VÃO LEGALIZAR PARTE DAS CORRUPÇÕES FEITAS POR ELLES MESMOS.
bem, já devem estar "bolando" planos para dar um jeito de faltar água, fazer o povo economizar, aumentar a conta . . .
No Brasil, quem engana a Receita Federal não perde por esperar. Ganha! Surgiu uma medida provisória que vale por um serviço premium de lavanderia. Brasileiros que lavaram dinheiro sujo enxaguando-o no estrangeiro poderão legalizar suas fortunas clandestinas, repatriando-as com as bênçãos do governo Dilma.
Em troca de uma mordida de 35%, o governo se dispõe a passar e engomar verbas de má origem. Para o ministro Joaquim Levy (Fazenda), o tapete vermelho estendido para recepcionar a verba ilegal é “oportuno”. Para os potenciais beneficiários também.
Diz-se que só será repatriado dinheiro de boa procedência. Lorota. Quem esconde dinheiro no estrangeiro não é mocinho. E as cédulas não têm carimbo. Assim, voltarão juntinhas, de cambulhada, as verbas da sonegação, da corrupção, do tráfico de drogas… A pergunta é: a urgência de arrecadar vale o mau exemplo? (josiassouza)
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