Em geral, quando muitos os meus amigos falam que a
evidência empírica pode solucionar certos debates eu fico com um grande
ceticismo. De 2008 a 2014, muitos alertaram sobre os sucessivos erros de
politica econômica, mas de nada adiantou até chegarmos perto expectativa de
perder o grau de investimento. Assim, dada a expectativa de agravamento da
crise, a presidente e o PT convidarem Joaquim Levy para ministro da fazenda,
que tem a missão de desmontar tudo que a equipe econômica anterior fez nos
últimos seis anos.
Várias pessoas no primeiro governo Dilma acreditavam (e
ainda acreditam) que o governo com o forte crescimento da divida pública para
dar incentivos setoriais levaria a mais crescimento porque o efeito
multiplicador do crédito subsidiado e dos gastos do governo ocasionariam
expansão do PIB e crescimento da arrecadação que pagaria a conta do maior
endividamento.
Mas isso não ocorreu, ou seja, a evidência empírica não
corroborou a hipótese daqueles que defendiam o aumento do endividamento público
como forma de estimular o crescimento do investimento e do PIB. Apesar disso,
muitos ainda acreditam que o problema foi a “crise mundial”, que por algum
motivo nos levou a um crescimento zero no ano passado e a uma queda real do PIB
este ano, apesar de um crescimento mundial esperado de 3,5% do mundo para 2015.
Não é que agora chega na minha caixa postal uma polêmica
idiota de alguns supostos defensores do politicamente correto contra um grupo
de pesquisadores da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do
Sul, que publicaram um trabalho sobre mercado de trabalho, um texto acadêmico
(clique aqui), no qual os pesquisadores tentam explicar, entre outras coisas,
porque os homens no Brasil ganham mais do que as mulheres. Segundo o estudo, os
resultados das regressões mostram que:
“Os resultados da decomposição do diferencial de salários
entre homens e mulheres observado em 2013 podem ser vistos na Tabela 4,
considerando tanto a equação (4) quanto a equação (5). Para fins de análise
optou-se, nesse relatório, pelo grupo de referência dos homens, i.e., equação
(5). O diferencial das previsões dos logaritmos dos salários é de 0,202, o que
pode ser interpretado como um diferencial salarial de 20,2% entre homens e
mulheres. Segundo a Tabela 4, dos 20,2% de diferencial, 13,5 pontos percentuais
(p.p.) são explicados pelas diferenças nas características individuais, ou
seja, aproximadamente dois terços (66,8%) do diferencial salarial se devem às
covariadas utilizadas no exercício empírico. Portanto, apenas 6,7 p.p dizem
respeito a fatores não observados.”
O que deve ter deixado muita gente (mulheres em especial)
irritada é o fato de os pesquisadores terem encontrado que o componente de
discriminação existente no mercado de trabalho – diferença de salários entre
homens e mulheres não explicados por fatores observáveis- seria de apenas 7% e
não 20!
Algumas pessoas me falaram que, por causa desse estudo e
de sua conclusão, algumas pessoas estariam pedindo a cabeça do presidente da
FEE, Igor Alexandre Clemente de Morais. É difícil acreditar que com tantos
problemas no Brasil, existam pessoas que agora querem controlar o resultado de
estudos econométricos porque não gostam dos resultados Seria mais fácil essas
pessoas tentarem fazer um outro estudo com metodologia respeitável para ver se
conseguem refutar o estudo.
É assim que deveria ser um bom debate, ao invés de
pessoas ficarem irritadas com o resultado de estudos que não mostram o
resultado que João ou Maria gostariam. Pedir punição ou a exoneração de pessoas
de uma instituição por causa do resultado de um estudo acadêmico é o melhor
exemplo de discriminação, para não usar um adjetivo mais forte que tal atitude
mereceria.
3 comentários:
O trabalho publicado está errado, quem conhece pesquisa olha e vê, por isso o próprio corpo técnico da FEE se desagradou da publicação do artigo.
Além disso o Sr. Igor de Morais, com todo o respeito, não tem condições de presidir a FEE, em termos técnicos e comportamentais.
É um moleque despreparado, pode voltar para a sua consultoriazinha ou tirar umas férias para ir pegar umas ondas.
Não levem em consideração a opinião dessas mulheres. Não são apenas mulheres. São mulheres petistas, loucas varridas, que não têm com o que se ocupar. Sequer devem trabalhar. Estou cansada dessa guerra de sexos.
Polibio, não é só essa a questão. dá uma investigada, que acho que vale a pena!
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