Artigo, André Vanoni Godoy, Zero Hora - De quem é a conta ?

Nunca se discutiu tão aberta e criticamente o emprego do chamado dinheiro público como nestes tempos de agora. Talvez porque o partido que hoje governa o país tenha sido durante toda sua história pré-poder um vigilante atento ao emprego das verbas públicas e, estando no poder, emprega o dinheiro tão mal ou pior do que aqueles a quem tanto criticou.

Mas talvez o que realmente esteja incomodando a sociedade é que ela nunca sentiu com tanta intensidade a sangria tributária a que está sendo submetida, que desidrata o bolso do mais humilde ao mais abonado cidadão. Afinal, em média, mais de 60% (revista Veja, ed. 1.864) da renda dos brasileiros, entre impostos diretos, indiretos e aquilo que o governo vende mas não entrega - educação, saúde e segurança - são covarde e impunemente subtraídos da renda de cada um de nós todo santo mês. E tudo em nome de um contrato eleitoral que outorga aos governantes a administração dos recursos arrancados da sociedade, na suposição de que o fazem sempre no melhor interesse da... sociedade. Mas será que é assim que acontece? Tudo indica que não.

O exemplo mais gritante e ofensivo vem de uma prática comum do partido que governa o país, quando obriga os funcionários públicos a ele filiados a darem uma expressiva parcela de seus salários aos cofres da agremiação. Ou seja, você, leitor, hoje contribui, querendo ou não, para sustentar o PT. Você, contribuinte gaúcho, durante o governo estadual passado, deu dinheiro para a compra da sede do PT em Porto Alegre e, hoje, é um doador da campanha do senhor Raul Pont à prefeitura. Você, contribuinte paulista, gaúcho, carioca, capixaba, mineiro, brasileiro, querendo ou não, faz doações compulsórias para a campanha da dona Marta Suplicy ao governo da capital paulista.

E que dinheiro é esse que ajuda a financiar as campanhas municipais do PT por todo o país? A seguir a lógica contábil prevalente, é dinheiro público, porque o salário dos funcionários públicos filiados ao PT é pago pelo contribuinte através dos tributos arrecadados pelo governo e, como parte deste salário vai para os cofres do PT, o partido está sendo financiado por dinheiro público. Parece uma lógica simplista. E é. Na verdade, não é dinheiro público. É muito pior do que isto. É o seu dinheiro, caro leitor, que financia as campanhas, as festas, os jardins e os galinheiros da Granja do Torto. A lógica correta é: não existe dinheiro público, pelo simples fato de que o governo não produz nada que não seja "fundeado" pela sociedade, quer ela queira, quer não.

É por isso que esta onda de inconformismo com a elevada carga tributária tem uma lógica anterior a esta que todo mundo vê, de que o governo arrecada demais e usa mal o que arrecada. O que importa à sociedade é ter a exata compreensão de que é o seu dinheiro que o governa usa, não o dos governantes. O papel que cabe a cada um de nós é cobrar do presidente que faça aquilo para o que foi eleito, usando nosso dinheiro para o bem da sociedade, não do seu partido ou do seu projeto de poder. Para início de conversa, os governos do PT, a começar pelo governo federal, devem parar de contratar funcionários públicos "de balaio" a fim de engordar o caixa do partido, deixando a criação de empregos para a iniciativa privada.

Eu não sei quanto a você, caro leitor, mas eu não quero o meu dinheiro sendo usado para ornar os jardins do Torto com a estrela do PT ou para comprar avião novo para o Lula fazer turismo internacional, exibindo-se como avis rara para uma platéia estupefata (ainda existe gente assim?). Eu quero usar o meu dinheiro para pagar salários maiores e a todos os trabalhadores brasileiros, gerando mais renda e crescimento econômico para o país. Eu quero pagar menos tributos para poder investir mais na produção de bens e serviços, para comprar mais, para estudar mais, para ir mais ao cinema. E por que isto? Porque o dinheiro é meu e ninguém melhor do que eu para saber o que fazer com ele. Não existe dinheiro público. Existe o meu, e o seu. E nós não queremos que os outros o gastem por nós a favor deles mesmos. Ou queremos?

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3 comentários:

Anônimo disse...

Polibio, sua frase o PT sempre foi um vigilante atento do dinheiro pública é só em parte verdadeira. O PT sempre foi OLHO GRANDE para saber em que órgãos públicos estava o DINHEIRO, para
que quando chegassem ao poder pudessem fazer mais rapidamente o
que fizeram, ASSALTAR OS COFRES DA NAÇÃO, que atualmente estão em FRANGALHOS.

Anônimo disse...

Concordo totalmente com o comentário acima!

Gaspar disse...

De tantas notícias importantes que o blog trás para conhecimento dos seus leitores. Nessa matéria embora não sendo petista de carteirinha (nunca fui), me alegra que tenhamos bons candidatos a Prefeitura de POA, entre eles do Sr. Raul Pont, pois, NÃO dá mais essa gente que está a frente da Prefeitura (Fortunatti, Mello). Quero saber o que funciona na capital? As "buraqueiras" é total, a EPTC sem capacitação, as obras tocas sem competência, o transporte público nem se fala (aumentam a passagem acima da inflação, e o Prefeito "preocupado" com R$0,13 a mais para colocar ar condicionado, será?), e, assim poderíamos elencar mais um enorme número de problemas.

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