O que eu sei sobre jornais e jornalistas que colaboraram com a ditadura militar no RS

A carta publicada abaixo pelo editor é de Demétrio Magnolli e foi publicada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo. No texto, ele denuncia Mino Carta e Veja por colaboração com a ditadura militar. Magnolli não critica a ditadura, mas o escapismo atual de Mino e de Veja, que tentam reescrever a história e passar a idéia de que nunca foram colaboracionistas.

. O editor trabalhou na época com Veja e com Mino, mas pode garantir que as relações de ambos com a ditadura foi de transigência e não de colaboração, o que não parece fazer grande diferença quando se examinam os resultados, mas fez grande diferença para dezenas de militantes da oposição que foram claramente protegidos por ambos.

. Mino não foi o único jornalista e Veja não foi a única publicação que transigiu ou colaborou com os militares.

. Ainda não foi escrita a verdadeira história do apoio da quase totalidade da imprensa brasileira ao golpe de 64 e depois sua colaboração com a ditadura militar.

. No RS, os dois principais jornais da época, Correio do Povo e Diário de Notícias, não só apoiaram o golpe, como colaboraram decididamente com os generais. Os militares consultavam o barão da Caldas Júnior, Breno Caldas, para qualquer mudança no comando político do Estado, inclusive cassações de mandatos. O que não quer dizer que ele não protegesse os "seus comunistas".

. Apenas uma vez dr. Breno, como era chamado, da mesma forma que as elites gaúchos tratam atualmente o sr. Jorge Gerdau, dr. Jorge - para quem costuma prestar-lhe reverência indevida - insurgiu-se contra decisões da ditadura. Aconteceu quando o general Fernando Bethlem, então comandante do III Exército, comunicou-lhe que o aparato oficial tinha escolhido Amaral de Souza para o governo estadual. Dr. Breno reagiu, irônico:

- Dos males, o menor.

. Ele se referia ao tamanho de Amaral de Souza.

. Amaral de Souza, mais tarde governador, deu o troco e colocou a pá de cal no império de Breno Caldass. 

. No Estado, apenas Última Hora resistiu ao golpe, ainda assim por poucas horas, porque logo foi ocupado militarmente, sendo seus principais jornalistas presos ou intimidados. O delegado de Samuel Wainer, Ary de Carvalho, procurou rapidamente o apoio de civis ligados aos militares, uniu-se a eles, mudou o nome do jornal de Última Hora para Zero Hora e passou a apoiar deslavadamente o regime que até o dia anterior criticava.

. Rádios e TVS submeteram-se de imediato.

. Até mesmo nas sucursais dos grandes jornalões do Rio e SP o cenário foi de rendição, muito embora Estadão e Correio do Manhã mantivessem posição diferenciada, de clara oposição ao regime, inconforfmados com os rumos tomado pelos militares depois do golpe de 64, que ambos apoiaram com entusiasmo. O editor trabalhou como chefe de Redação do Correio da Manhã, pelo menos até que Niomar Moniz Sodré Bittencourt, derrotada, passou o controle do jornal para um grupo de empreiteiros ligados ao ministro Mário Andreazza, no caso os Irmãos Alencar, conhecidos na época como os Irmãos Metralha. Andreazza queria ser presidente, mas era coronel e não general, o que inviabilizava e inviabilizou sua postulação.

. Entre os jornalistas gaúchos, as diferenças eram parecidas, com gente colaborando e se opondo ao regime militar.


. O editor não claudicou um só dia, uma só hora, mantendo oposição à ditadura militar durante todo o tempo, só escapando do pior dos males porque volta e meia retirava-o da prisão o próprio presidente da ARI, Alberto André, que num dos episódios de maior tensão, chegou a assinar diante do general Jaime Mariath, um termo de responsabilidade sobre o comportamento futuro do editor. O que foi inútil. No Corrreio da Manhã, nos jornais oposicionistas Opinião e Movimento, na redação da Rádio Gaúcha com Dilamar Machado e José Fontella, poucos jornalistas permaneceram o tempo todo fiéis à causa do restabelecimento da democracia, mesmo que fosse preciso pegar em armas. 

12 comentários:

Anônimo disse...

Jose Sarney, Antonio C Magalhães e Roberto Marinho, todos ARENISTAS que apoiavam a ditadura.

Mas, nos intestinos da Globo uma escritora de novelas socialista.

Não sou socialista, fui contra os militares no voto, lia o Coojornal, JAMAIS votei ou irei votar no PT.

PT foi e é parte Arena. É direita LADRA unida com a esquerda também LADRA e assassina.

Anônimo disse...

Como a Publicação do Artigo foi na Folha de São Paulo, Demétrio, estratégicamente, omitiu o nome do Jornal, que tinha como eXpertise conduzir agentes do regime nos carros do Jornal, ou seja, a Folha éra a Ditadura Militar.

Anônimo disse...

Pelegada querendo se fazer de revolucionária. Morro e não vejo tudo.

FAÇANHA"Integralista" disse...

DEVERIAM ESTAR MUITO SATISFEITOS EM O BRASIL NÃO TER SIDO TRANSFORMADO EM UMA CUBA2; CALEM A BOCA, IDIOTAS!
MELHOR, DEEM VIVAS AO REGIME MILITAR, À BENDITA DITADURA DE 1964!
OU INCLUSIVE ESTE BLOG, NÃO EXISTIRIA, Ó EDITOR!

Anônimo disse...

hoje ficou muito fácil meter o pau na ditadura...

eh coisa de engenheiro de obra pronta...

os milicos nos livraram da comunistada...

seriamos hoje uma imensa, triste e paupérrima ditadura bolivariana...

alias, nunca vi um assunto pra render tanto...

rende, inclusive, muita grana pra muita gente...

Anônimo disse...

E, por acaso salva-se alguém dos que dizem terem sido perseguidos pelo regime militar??? Pelo que se vê, muito poucos! Oxalá, tivessem dado um fim em Luladrão, Dilma e toda essa corja de ladrões que todos os dias aparecem nos escândalos de pilhagem do nosso país. Sem sombra de dúvidas estamos no ponto de uma nova revolução para banir do cenário nacional toda esta corrupção que emporcalha e envergonha nosso Brasil.

Anônimo disse...

Ah, Políbio
E o que voc~e acha agora da cumichão da meia-verdade? ou seria a campanha do revanchismo raivoso dos comunistas derrotados? Deseja colaborar com ela também? Também foi torturado? Ou a chamada ditadura não era tão dura quanto dita?

Anônimo disse...

Magnoli, Magnoli!!

Fale do jornal onde V. escreve hoje.

A Falha de São Paulo é covil de revolucionários intelectuais orgânicos que dão sustentação ao governo petista que está acabando com o Brasil.

Crie coragem e fale dos dias de hoje. O que passou, passou, não vai voltar e que saber mais - não interessa.

Sds

Anônimo disse...

Então a totalidade da mídia sempre esteve ou está a favor do governo, não importa quem seja, isto é, não existiu e não existe mídia isenta!
O Editor deve se dado conta que estava errado na época, assim como nós todos que naquele tempo éramos simpatizantes da esquerda e inclusive votamos nos Petralhas!
Winston Churchill disse uma vez: "Quem aos 20 não foi socialista não tinha coração. E quem aos 40 não for conservador não possui cérebro."
Devemos agradecer os milicos e só lamentar por eles não fazerem o serviço bem feito na época!
Outra do Churchill sobre o socialismo:"O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja.
Seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria”.

Garivaldino Ferraz - Brasília disse...

Infelizmente nem toda a verdadeira história dos "colaboradores da repressão" será conhecida. Há muita gente boa, "revolucionária dasizquerda", com medo de que ainda existam registros de sua participação, ou de serem lembrados, como aconteceu com o "Barba"!

Anônimo disse...

Felizmente vingou uma ditadura de direita, não um totalitarismo de esquerda!

Toda pessoa esclarecida sabe o que teria acontecido com o Brasil e seu povo, caso os esquerdistas tivessem obtido êxito em sua macabra megalomania democida-genocida!

Almirante Kirk

Anônimo disse...

De todos os comentários faltou um elogioso a tua coragem e postura frente o Governo de ditadura. Seja ele militar ou de esquerda de galinheiro como o atual. Mais fácil elogiar ou criticar as forças externas. Parabéns pela trajetória Políbio!

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