Crônica - Tia Norma, por Vitor Bertini

Tia Norma não conta a idade. Nunca. Perguntada, alisa os dedos longos, diz que negar a idade é deprimente e fala um número. Qualquer um. 

Viúva duas vezes, ela tem voz rouca, quatro sobrenomes, uma biblioteca notável, um patrimônio que ocupa duas horas de leitura, amigos internacionais e a fama, justa, de promover festas e jantares inesquecíveis. 

Discreta sobre seus eventos, a única inconfidência que se permite é o quanto seus convidados e amigos não entendem de café. 

– Exibem-se no vinho, morrem no café.

Tia Norma - e eu jamais a chamei assim, não é minha tia. É tia da Bruna, minha namorada por um outono e responsável pelas devidas apresentações. 

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