A dificuldade que o cidadão brasileiro tem de garantir
acesso aos serviços públicos de saúde é crescente e angustiante. Não à toa, a
saúde pública surge em todas as pesquisas de opinião como o maior problema do
país. Milhões de brasileiros vivem uma rotina macabra, barrados nas emergências
superlotadas, amargando meses e, por vezes, anos de espera para cirurgias simples.
Muitos não resistem à demora!
Estamos vivendo a agonia do Sistema Único de Saúde, que
se debate entre a falta de resposta à expectativa da população e o
financiamento cada vez mais reduzido. E o governo federal anuncia um corte de
cerca de R$ 12 bilhões do seu já caquético Orçamento para cumprir o
"ajuste fiscal". Poderá ser o golpe mortal no SUS.
A Constituição estabelece que sejam compartilhadas ações
e recursos entre União, estados e municípios. Descentralizou-se o atendimento
básico, as redes de especialidades e de hospitais vinculados foram
regionalizadas e hierarquizadas. Foram criados grandes programas nacionais, que
mudaram para melhor, o curso da mortalidade infantil e da longevidade da nossa
população. Mas isso não é suficiente. É necessário atender à demanda crescente
de atendimento e de tratamento de média e alta complexidade. O aumento
vertiginoso de veículos no país inflou as estatísticas de pessoas acidentadas
ou sequeladas. A epidemia das drogas e a violência urbana dizimam parcela
importante da nossa juventude, sem uma resposta minimamente adequada.
É necessário não só manter, mas ampliar as estruturas de
atendimento e, no mínimo, dobrar o Orçamento. O sistema também tem que ser
atrativo para os profissionais da área. Tem que ter carreiras adequadas e
meritocracia. Hoje, nosso governo gasta quase a metade do per capita em saúde
da Argentina, quatro vezes menos que o Reino Unido e cinco vezes menos que o
Canadá. Há mais de uma década a participação da União no bolo da Saúde vem
sendo reduzida.
Iniciativas para reverter essa situação, como o Saúde +
10, foram bloqueadas pelo governo. O que seria um reajuste para 19% da receita
tributária líquida foi transformado em 15%, e bastante parcelado, pela maioria
governamental no Parlamento. O governo também utilizou pleitos dos parlamentares,
como o Orçamento impositivo, para reduzir ainda mais os recursos para a Saúde,
absorvendo nele as emendas parlamentares. E o governo cortou 10% do orçamento
do SUS!!
São atitudes de um governo que jamais tratou a Saúde como
prioridade. E o ápice desse esvaziamento se dá agora, com o anúncio do corte de
R$ 12 bilhões. Ou o governo federal revê com urgência esse corte ou vamos
assistir, ainda este ano, ruir o maior e mais generoso programa que o Brasil já
criou.
* Osmar Terra é deputado federal (PMDB-RS) e presidente da
Frente Parlamentar da Saúde e Defesa do SUS. Este artigo foi originalmente escrito para o jornal O Globo.
9 comentários:
Não esqueçamos que o partido desse cidadão (PMDB) é cúmplice dos descalabros administrativos atualmente no país, em todas as áreas. De quem é mesmo o vice-presidente da República? Qual o partido que tem maioria no Congresso? Quem sempre esteve no governo após a saída dos militares? Antes de ficar alardeando os problemas do decrépito SUS, que todos nós bem conhecemos, que vá cobrar do seu partido, do PT (que é o seu grande aliado) e dos demais partidos da base do governo que cumpram o que prometeram em campanha. Deixe de ser santarrão de sacristia, deputado! Menos "papo" e mais ação! Vá trabalhar, Sr. Deputado! Queremos mais coerência sua,de seu partido e de seus aliados...
CORTAM 12 BILHÕES DA SAÚDE, GASTAM 40 BILHÕES NA COPA ??
OBRAS DA COPA NÃO PRONTAS, ESTÁDIOS CAINDO, E O DINHEIRO NA CONTA DO PT.
E MESMO ASSIM AINDA FALTAM PROVAS PARA PRENDER.
ESTAMOS CEGOS DOS DOIS OLHOS.
Isto é muito bom. Pode ser que assim o eleitor entenda que para dar almoço de graça para quem não gera renda, é preciso tirar direitos de quem gera. Enquanto o governo direcionava bilhões em obras assistencialistas sem retorno deixava de aplicar estes mesmo bilhões onde era necessário para garantir o desenvolvimento. Tudo o que o eleitor aplaudiu hoje sente na carne, nas filas da saúde, do desemprego, da insegurança pública por este gasto mal feito. E ainda deve bilhões que o país e os estados não geram. Este era o outro mundo possível.
E quantos que precisam do SUS apoiaram a COPA DO MUNDO e mais as OLIMPIADAS esta mais que na hora de pensar melhor na hora do voto ou estamos ferrados se já nao estamos.
O legado esta aí ! Aproveitem.
Aos mais jovens,na éporca da Democracia Militar todos hospitais atendiam pelo INPS.Bem ou mal apesentava me
hores resultados e com orçamento 10 vezes menor que o atual.Acho que o problema do SUS está na competência da Gestão atual que deixa a desejar.
Melhores condições de saúde da população em geral (água potável, esgotos, vacinação, alimentos sadios, tratamentos médicos eficazes) vão gerar, inevitavelmente, uma grande proporção de idosos. E estes sofrerão de doenças degenerativas mais complexas (vasculares, renais, neurológicas, osteo-musculares, neoplásicas) cujo tratamento será extremamente dispendioso. Este fenômeno já está ocorrendo, daí a inviabilidade do atual sistema.
Com o avanço tecnológico da medicina (mais exames, cirurgias, quimio, radio) e o envelhecimento da população (=mais doenças), não tem jeito: qualquer sistema estilo SUS vai à falência. Os países europeus já não sabem como fazer pra manter um sistema pesado e caríssimo e nós, terceiro mundo, copiamos o deles. Em Portugal, já são negados exames no "SUS" deles, na Inglaterra, a fila para cirurgias de lata complexidade é gigantesca. Socialismo na saúde é como socialismo em qualquer outro setor da economia: mau gerenciamento de recursos, filas, escassez.
Perguntar não ofende:Tinha 1,7 bilhões para enviar ao Fidel Castro pelo programa mais médicos?
Esse deputado recebeu doações de empreiteiras ligadas a lava jato, quem duvida é so olhar a prestação de contas dele. Esse cara anunciou nas eleições obras em que ele não deve nenhuma participação e o povo falou, olha como ele trabalhou...
Postar um comentário