Delator disse ter recebido de José Otávio Germano (PP-RS) propina paga pela Fidens Engenharia

Zé Otávio e Farias, no plenário da Câmara.


O repórter Eduardo Bresciani, jornal O Globo, revela que acusado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa de ter pago propina em nome da empresa Fidens Engenharia, o deputado José Otávio Germano (PP-RS), sob investigação no Supremo Tribunal Federal pelo STF, aparece nos registros da Petrobras como representante da construtora. Germano esteve dez vezes na Petrobras entre 2007 e 2013, segundo as informações obtidas pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação. Em sete oportunidades, a visita foi ao ex-diretor.

A vinculação do parlamentar à empresa é reforçada pelo registro de uma visita feita em 10 de dezembro de 2008. Germano, que já era deputado na época, entrou no edifício sede pelo subsolo para visitar Costa. O formulário da Petrobras prevê a indicação do nome, do documento e da empresa do visitante. No campo destinado à empresa está registrado “Fiens”, com o nome da construtora grafado de forma incorreta.

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No caso dos outros políticos investigados que visitaram a empresa — 26 conforme revelou o GLOBO — ficou registrado que eram deputados ou senadores, ou o campo ficou sem a informação. No dia em que se identificou com o nome da Fidens, Germano entrou no prédio da Petrobras às 10h51m e saiu 40 minutos depois.

Segundo o relato de Costa, Germano e o também deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG) lhe solicitaram que a Fidens passasse a ser convidada a participar das licitações da Petrobras. Entre 2010 e 2011, segundo o delator, os dois lhe convidaram para um encontro em um hotel no Rio e lhe entregaram R$ 200 mil como um “agrado” da empresa.

Costa destacou que a situação era inusitada porque, nesse caso, não tinha havido pedido de propina da parte dele.

“Não tratei nada de percentual com eles, não discuti nenhum assunto em relação a isso. Obviamente que a empresa ganhando deve ter dado comissão para eles. Aí eles me chamaram e disseram: “Olha, a empresa mandou aqui um agrado para você”. Os dois me chamaram e me disseram que a empresa mandou lá os R$ 200 mil. Não cobrei nada, não pedi nada”, disse Costa, em depoimento prestado em 11 de fevereiro deste ano.

Costa afirmou que o pagamento foi feito no Hotel Fasano, em Ipanema, no Rio, no qual os deputados estavam hospedados. Ele recebeu o dinheiro em uma sacola e levou para casa. Entrou e saiu do hotel pela porta principal. O Ministério Público Federal pediu que sejam verificados os registros do Fasano, para tentar comprovar essa parte da acusação.

Na Petrobras, além da visita em dezembro de 2008, Germano esteve com Costa em agosto de 2007, junho e julho de 2008, janeiro, fevereiro e dezembro de 2010. O deputado voltou à Petrobras duas vezes após a saída de Costa da companhia.

Ele visitou em dezembro de 2012 e em fevereiro de 2013 José Carlos Cosenza, sucessor de Costa na diretoria de Abastecimento. O primeiro registro da presença de Germano na Petrobras é de 2007, quando esteve com o então presidente José Sérgio Gabrielli.

O GLOBO entrou em contato com o gabinete dos dois parlamentares. Ambos recomendaram procurar o advogado Marcelo Bessa, que os defende. O advogado não atendeu aos telefonemas nem retornou mensagem com questionamentos sobre o tema. A Fidens foi procurada e não respondeu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas os encontros dele com a Petrobrás não foram na Condição de Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados???????

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