O PT apoia sua estratégia de controle hegemônico do
Brasil na reafirmação sistemática de mentiras essencialmente porque isso
funciona. É uma técnica especialmente desenvolvida, testada e aprovada. O dano
colateral do uso dessa arma é virtualmente irreversível, mas o poder é sexy o
bastante para contar sempre com quem esteja disposto a matar e morrer por ele.
Na quarta-feira, 15, este jornal publicou extensa
reportagem do Guardian sobre o assunto, no mínimo, angustiante.
Hoje todo mundo já nasce com os recursos de manipulação
de imagens nas mãos e vive a maior parte da vida em mundos virtuais, de modo
que a primeira coisa de que estamos treinados a desconfiar é daquilo que nossos
olhos veem. Mas não foi sempre assim. A humanidade custou a recuperar-se do
advento do registro cinematográfico. A edição de imagens destruiu a última
barreira sólida que havia entre o nosso equipamento cognitivo e a realidade
exterior. "Eu vi com meus próprios olhos" já foi o argumento que
encerrava qualquer controvérsia. Hoje não existem mais certezas. Tudo pode ser
nada.
Os totalitarismos e os genocídios do século 20 não teriam
sido possíveis sem as falsas emoções e "realidades" que era possível
plantar como reais antes que a humanidade aprendesse a redefinir o valor do que
seus olhos viam e seus ouvidos ouviam.
Na ponta contrária, desenvolver essas técnicas em
ciências se transformou numa credencial obrigatória de acesso ao poder e num
imperativo de sobrevivência para os Estados nacionais. Enquanto os dois lados
tinham objetivos diferentes a atingir, tratava-se de antecipar as reações do
adversário, algumas jogadas adiante, e induzi-lo a erro ou a reações
previsíveis por meio de informações falsas.
Mas os tempos ingênuos da "desinformação"
ficaram para trás. Agora, na era do poder para nada, na era do poder pelo poder,
não se trata mais de convencer, ainda que pela mentira. O que conta é
conquistar e manter o poder, seja como for, não "para isto" ou
"para aquilo", mas apenas para tê-lo, apenas para desfrutá-lo.
O Guardian descreve, então, como o celerado Putin, ex-KGB
e agora czar de todas as Rússias, retomou a obra de onde a tinham deixado os
soviéticos para adaptá-la à nova realidade das armas tão destrutivas que não
podem mais ser usadas, em que as tiranias se impõem e se mantêm como se tudo
não passasse de uma disputa entre advogados desonestos que se confrontam nos
fóruns e tribunais internacionais, na qual o objetivo é manter-se sempre nas
intersecções da regra e "destruir a ideia mesmo de prova" capaz de
caracterizar uma determinada ação como estando em conflito com alguma delas,
num universo em que nada é moralmente superior a nada, não há mais fatos, só
versões, e onde a realidade "pode ser constantemente recriada".
Como é que se faz isso?
A Pequena Enciclopédia e Guia de Referências sobre
Operações de Informação e Guerra Psicológica, compilada a partir do momento, em
1999, em que o marechal Igor Sergeyev, então ministro da Defesa, admitiu que a
Rússia não tinha mais condição de competir militarmente com o Ocidente e era
preciso partir para "métodos alternativos" para levar as guerras para
a "psicosfera", onde as armas são outras, explica didaticamente o
caminho. "Trata-se menos de métodos de persuasão e mais de influenciar as
relações sociais (...) de desenvolver uma álgebra da consciência (...) As armas
de informação funcionam como uma radiação invisível que atua contra alvos que
sequer ficam sabendo que estão sendo atingidos e, assim, não acionam seus
mecanismos de autodefesa."
Aproveitando o momento vulnerável da imprensa americana,
que, no nível historicamente mais baixo de sua credibilidade por ter embarcado
na mentira das armas químicas de Saddam Hussein sem checar suficientemente
fontes alternativas, tentava redimir-se obrigando-se a dar um "outro
lado" a toda e qualquer história que publicasse, Putin sentiu que estava
na mão a oportunidade de levar a sua "guerra da psicosfera" para um
patamar mais elevado.
Criou, então, a RT, uma espécie de BBC russa de televisão
transmitida para diversos países, a começar pelos próprios Estados Unidos,
chefiada por Margarita Simonyan, cujo mantra é "não existem reportagens
objetivas. E se elas não existem, todas as versões são igualmente
verdadeiras". Na velocidade da internet (Putin também paga um exército de
blogueiros para inundar a rede de "provas" e "versões" do
seu interesse para todo e qualquer fato que surge na imprensa mundial, de modo
a tornar impossível apurá-los e desmenti-los a todos), os russos passam a
testar a fidelidade dos jornalistas americanos à nova regra.
"Especialistas" são convocados a todo momento às bancadas da RT para
dar versões estapafúrdias de todo e qualquer acontecimento, que os jornalistas
nunca desafiam, apenas reproduzem sob o onipresente título/álibi: "O outro
lado". Assim nascem histórias bizarras que chegam a correr mundo como as
de que o Ebola foi criado pela CIA para destruir populações de países pobres, a
derrubada do avião da Malaysia Airlines pelos invasores russos da Ucrânia foi
um erro dos americanos, que pensavam estar atacando o jato particular de Putin,
e por aí afora.
2 comentários:
O Putin e os russos usam muito a desinformação, a mentira e o blefe como armas para a expansão da ideologia política totalitária conhecida como Eurasianismo. Por exemplo, por centenas de vezes caças e bombardeiros atômicos russos invadem espaço aéreo de diversos países mundo afora, incluindo inclusive o EUA: "Em apenas 10 dias do mês de agosto (2014), bombardeiros estratégicos russos protagonizaram pelo menos 16 incursões em zonas defensivas de identificação ao noroeste dos EUA, numa abrupta escalada de incidentes, segundo oficiais da defesa americana". É como aquela estória do menino que cuidava de um rebanho de ovelhas e por brincadeira gritava, "um lobo, um lobo" assustando os aldeões, mas que depois de várias vezes o pessoal já não acreditava mais, até que um dia o fato ocorreu de verdade, e aí já era tarde!
Quanto ao poderio militar da Rússia e Ocidente: "FORÇA NUCLEAR ESTRATÉGICA DA RÚSSIA ESTÁ MAIS AVANÇADA EM COMPARAÇÃO COM ARSENAL DO OCIDENTE." E o potencial de armas convencionais também. Leiam em: https://dinamicaglobal.wordpress.com/2014/11/17/forca-nuclear-estrategica-da-russia-esta-mais-avancada-em-comparacao-com-arsenal-ocidental/
a marca registrada de um PT é a mentira e eu seria capaz de afirmar que Lula é o melhor mentiroso da historia,melhor ate que foi Hitler e stalim.
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