Governo recua no caso da Fase, mas avança na descentralização da Fase

Antes mesmo de apresentar a opção de permutar por nove centros regionais os 73 hectares da área onde funciona a Fase em Porto Alegre, a governadora Yeda Crusius foi aconselhada a não levar o projeto adiante. O timing parecia tensionado e o clima pré-eleitoral favoreciam manifestações hostis por parte da oposição e dos grupos mais ressentidos da sociedade gaúcha.
“A sociedade gaúcha é muito conservadora, tanto pela direita quanto pela esquerda”, disse ao editor, resignado, nesta terça-feira, o secretário da Justiça, Fernando Schuller. Schuller refere-se ao reacionarismo decorrente de posições estratificadas impermeáveis a mudanças.

. A proposta de financiar a reestruturação da Fase foi tecnicamente bem costurada pelo secretário da Justiça, Fernando Schuller, obtendo apoios inesperados do Poder Judiciário, do Ministério Público, do Conselho da Criança e da OAB, mas levantou restrições políticas desde o início. O secretário não teve força política para superar os ataques da oposição, unir a base aliada e conter a histeria de setores da grande mídia . Desgastou-se no episódio. A Internet foi usada pelos opositores do governo para denunciar um suposto acordo entre o governo e a Maiojama, ligada aos interesses da RBS. A oposição nunca assumiu o discurso, mas obliquamente alimentou a calúnia.

. Ao retirar o projeto da Assembleia, o governo demonstrou que nada havia por trás da iniciativa. O governo, quis provar que fez o que pode, mas não quis continuar se desgastando politicamente diante dos ataques da oposição e recuou.

. A vitória política de Schuller, portanto do governo, foi consagrar a tese da descentralização da Fase, porque esta até mesmo os setores mais reacionários da direita e da esquerda foram obrigados a engolir.

. A governadora vai anunciar sua nova política, a da descentralização, a qualquer momento. Vai realizar o que tinha planejado, mas agora com recursos do próprio Tesouro.

- O problema continua sendo da sociedade, que paga R$ 9 mil por mês para que cada um dos 550 bandidos juvenis recolhidos na Fase, continuem aprendendo a delinqüir ainda mais.