Clipping - Revista Veja - 24 de outubro
"Pra quebrar tudo é mais caro"
Poucos negócios no Brasil são tão lucrativos quanto montar um sindicato. Para começar, o sindicato tem monopólio local garantido por lei. A segunda característica desse ramo especialíssimo de negócio é o fato de que o dinheiro cai no caixa automaticamente, sem que seja preciso mexer uma palha. As contribuições, para filiados ou não, são compulsórias. Delas, dos impostos e da morte, ninguém escapa. Uma terceira faceta do negócio é ainda mais atraente. A lei garante a inviolabilidade de suas finanças. Isso significa que os sindicatos estão dispensados de prestar contas sobre como gastam o dinheiro arrecadado compulsoriamente.
Mas – e sempre tem um mas – um negócio desses, garantido e lucrativo, é muito disputado. Para evitarem que um sindicato "roube" o monopólio de filiação de outro, lideranças desenvolveram uma estratégia previsível quando se trabalha fora do alcance da lei. Estão contratando capangas armados para, na base do quebra-quebra e da pancadaria, impedir a realização de assembleias de fundação de sindicatos potencialmente concorrentes. Desarmado, cada um custa 130 reais; armado, sai por 180 reais – ou 250 reais caso seja policial.
. Os desfecho do embate ocorrido em 31 de julho, em Osasco, entre a CUT e a Nova Central não foi nada diplomático. A disputa para abocanhar as "contribuições" de trabalhadores do setor de bares e restaurantes envolveu 300 cavalheiros, muitos sopapos, coquetéis molotov e cadeiras voando pelos ares. "Estamos vivendo numa anarquia sindical. E a razão é que o movimento está sendo dirigido por interesses financeiros e pessoais", diz Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
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