No RS, honra política ofendida era lavada com sangue, mas agora o duelo é na TV

Não houve consenso nas publicações de hoje sobre a forma correta de escrever a palavra mau-caráter, que tem, sim, hífen. Os mesmos periódicos trouxeram, em páginas diferentes, a palavra com e sem hífen. O plural, se surgirem outros maus-caracteres, também tem hífen e não deve ser escrita com acento.

. O chefe da Casa Civil, César Busatto, insultou o vice Paulo Feijó, chamando-o de mau-caráter, mas preferiu não ir adiante, embora pudesse, o que o teria obrigado a identificar os maus-caracteres.

. Ações traiçoeiras como a de Feijó e insultos como os proferidos por César Busatto, em épocas recentes e passadas da política gaúcha, eram resolvidos a bala ou no tabefe no RS, mas os tempos mudaram.

. É de 1962, no Rio, por exemplo, o episódio protagonizado pelo então deputado federal Leonel Brizola, que depois de ter sido atacado na revista O Cruzeiro pelo jornalista David Nasser, ao enxergá-lo no saguão do aeroporto do Galeão, esmurrou-lhe a cara. Na edição seguinte da revista, Nasser escreveu um artigo sobre o episódio, intitulado "O coice da mula". No caso, Brizola resultou aplaudido por quem acha que este tipo de agressão só se resolve com sangue, até porque David Nasser não valia nada.

. Nas revoluções de 1830, 1893 e 1930, no RS, as diferenças de honra que ocorreram na política gaúcha foram todas resolvidas na ponta da lança, no talho da adaga ou no cano do revólver. Hoje, os ataques contra a honra política são lavados na telinha da TV. É mais civilizado, mas é anódino.

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