O Relatório Reservado de hoje informa que a presidente Dilma Rousseff dorme e acorda com a ideia de
uma reforma ministerial na cabeça. Mas tem dúvidas sobre qual reforma deve implementar. É uma decisão grave, porque são modelos
antípodas.
Leia todo o relatório:
De um lado, a reforma “por dentro”, buscando ministros
que controlem suas bancadas, defendida por Lula e por acólitos do Planalto, tal
como Aloizio Mercadante e Edinho Silva; do outro, uma reforma contemplando a
presença de “notáveis”, técnicos e guerreiros.
O objetivo da mudança “por dentro” seria enfrentar a
crise política criando trincheiras no Congresso. A novidade maior seria o uso
da caneta por Dilma, aprovando os pedidos e benefícios que caracterizam a
política do “é dando que se recebe”. Seria um ministério político ocupado por
políticos.
O critério da convocação seria o grau de influência junto
à sua base e o número de votos no Congresso. Os ministros técnicos, a exemplo
de Joaquim Levy e Nelson Barbosa, seriam preservados. Alguns próximos, como
Mercadante e José Eduardo Cardozo, iriam para o sacrifício, abrindo vagas
disputadas.
Todos os demais postos seriam passíveis de troca. A outra
reforma ministerial, a proposta por seu ex-marido Carlos Araújo, tem um viés
inteiramente contrário. Araújo é a pessoa mais influente junto a Dilma e
considera que a presidenta é refém de um ministério pouco qualificado e sem
vocação guerreira.
Qualquer associação com o ministério de notáveis de
Fernando Collor não é mera coincidência. A diferença seria a predisposição para
sair no pau e governar para valer. Por essa ótica, o governo de coalizão não se
daria a qualquer preço ou com uma coalizão tão obesa.
Quando se sentisse chantageada, Dilma confrontaria o
Congresso, vetando projetos de lei. E explicaria o ocorrido publicamente. O
novo ministério buscaria o maior distanciamento dos mensaleiros e do próprio
Lula. Exemplo de um ministeriável: o ex-senador Ciro
Gomes, que tem chamado o deputado Eduardo Cunha de
canalha nas mídias.
Os empresários seriam bastante contemplados: Josué Gomes
da Silva, Jorge Gerdau, Luiz Carlos Trabuco e Benjamin Steinbruch são alguns
nomes. Levy e Nelson Barbosa não permaneceriam
nos seus cargos. Uma fantasia que teima em perdurar:
Fernando Henrique Cardoso em qualquer ministério.
Ah, impossível! Para quem não se lembra, FHC foi o
primeiro a se apresentar para o ministério de notáveis de Collor quando o impeachment já era pule de dez. As duas reformas
ministeriais
trazem propostas de como governar – e tanto num modelo
quanto no outro, há muito de wishful thinking.
A melhor escolha assim é se lhe parece. A pior é
permanecer com a abulia decisória, ausência de governança e falta de
qualificação dos quadros. Esse tem sido o governo Dilma (Relatório Reservado,
11/8/15)
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