Ex-diretor da PF avisava Lula sobre operações no governo

A presidente Dilma quer repetir no seu governo algo que era prática corrente na gestão de Lula: o compartilhamento de informações mínimas sobre as operações da Polícia Federal. Uma forma de não se surpreender com os esquemas de corrupção descobertos na administração pública. A doutrina policial tem um mecanismo legal que rege suas operações. Pela regra, cada esfera do Estado só precisa saber um mínimo necessário. O normal é o ministro da Justiça, mesmo sendo superior hierárquico da PF, não ser informado das investigações.

. Segundo reportagem do "Estado de S.Paulo", por conta desse procedimento, a relação entre PF e o Palácio do Planalto sempre foi tensa. Para suavizar essa convivência, o ex-diretor da PF Paulo Lacerda criou uma fórmula salomônica que compatibilizava o sigilo das investigações com a exigência do governo por informações prévias. Lacerda passou a centralizar as grandes operações na Diretoria de Inteligência Policial (DIP). Quando recebia dados das investigações, dava um alerta para o ministro da Justiça. Nessa troca de informações, o governo não era avisado sobre quem seria preso ou qual ministério seria alvo da PF. Sinalizava apenas que haveria uma grande operação envolvendo integrantes do governo. O ministro repassava essas informações para o presidente.

. Para facilitar essa comunicação, foi criada uma escala informal de gravidade: A, B ou C. Quando a operação era de nível A, o presidente cancelava compromissos e se preparava para a repercussão. Com a saída de Lacerda e a chegada de Luiz Fernando Corrêa, a tática foi alterada. A DIP foi desidratada e as operações foram descentralizadas. A vantagem: o foco das crises políticas saiu da sede da PF em Brasília. A desvantagem: a decisão deu excesso de autonomia para os superintendentes e delegados.

7 comentários:

Anônimo disse...

Essa DESVANTAGEM me parece ótima. Quem não sabe que existe irregularidade nos governo? Um país marcado pela corrupção que faz parte do cotidiano do brasileiro pagador de impostos, taxas, contribuições e propinas. Quando o governo e empresários que fazem conluio contra a nação para 'se arrumarem' mais rápido a desvantagem se faz necessária.
Luciana Abreu - RS

Anônimo disse...

ISTO é para dizer "eu não sabia".

Anônimo disse...

a policia independente de esfera deve ter liberdade com responsabilidade, só falta amigos do rei dizer quem deve ser investigado. se algemas valem para o cidadão comum porque não vala prá autoridades, na contituição diz que todos iguais. edus

Luiz Vargas disse...

E quanto taR$o oGênio foi ministro como funcionava a PF?

Cláudio Bortowski disse...

Se há um presidente eleito democraticamente (no Brasil,é chefe de estado e de governo,cumulativamente tal como nos EUA) ele precisa,sim,na DEMOCRACIA PLENA E GARANTISTA, ser informado do que ocorre ou vai ocorrer no âmbito nacional e internacional. E deixar,inteirado das provas ou indícios fortes,a coisa correr pelos canais competentes,democráticos e republicanos. Se não deixar,então denuncie-se formal e até informalmente em última instância, mas o presidente como chefe da nação tem de saber,sim! Até para ser responsabilizado diretamente e em primeiríssimo lugar, política,adminstrativa,civil e criminalmente,quando for o caso!
Sem o já famoso escapismo do "eu não sabia" do governo anterior...
Lula foi,como presidente, o exemplo mais emblemático do "eu não sabia" e apesar de denunciados, processados,todos os réus dos crimes do mensalão de 2005irão (na sua quase totalidade) verem suas culpas serem determinadas prescritas pelos juízos, em suas intermináveis instâncias e recursos que a lei, bonachã e leniente,ainda oferece...
No juízo estritamente político Lula teria sofrido, indubitavelmente,o devido processo de "impeachment" e seria afastado definitivamente do poder pelo julgamento político.
Sem prazos prescricionais...
O conhecimento presidencial tem de ser formal e formalizado para que possamos cobrar,ao presidente, politicamente, nem que para isso se lhe exija "fé e contrafé, passada e carimbada em cartório"...
Antes o poder máximo e o conhecimento privilegiado das informações nas mãos de quem foi levado ao poder pelo povo,em eleições livres e é o chefe máximo da nação,do que nas mãos de agentes,delegados e outros secretários e informantes "especiais".
Apesar da lisura,competência e honestidade de propósitos,com que tem se portado, até aqui e até onde sabemos, a nossa P.Federal.
Ainda assim, no estado democrático de direito não pode haver "poder ou poderes paralelos",além dos imaginados por Montesquieu para a república constitucional (independentes e harmônicos),ainda que com algum risco ao processo e sucesso investigatório. Faz parte do pacote democrático.
O estado democrático não pode tornar-se um estado policialesco. Riscos de abafa político sempre existirão mas ainda assim,e com a vigilância social e midiática participativa acompanhando o quanto puder,é muito melhor do que o totalitarismo quase sempre "kafkiano" dos agentes públicos de estado que muitas vezes vão muito mais longe do que a lei e a "fé de ofício" lhes faculta. Os (maus) exemplos, lamentavelmente,são fartos e cotidianos...
Especialmente no que concerne de injustiças cometidas, em "porões"e "administrações", à cidadania honesta,ordeira e pagadora dos seus impostos. Historicamente.
Todo o cuidado é pouco com a nossa liberdade e as nossas garantias legais,constitucionais,cidadãos.

Anônimo disse...

Importante referir que a utilização constante do "eu não sabia" referia-se a prática de crimes e não as investigações da PF. Em democracias fortes, as instituições funcionam no interesse público, independente das ações e vontades do governo. Em democracias fracas (não são democracias), as instituições são partidarizadas, e funcionam de acordo com a vontade do governo,

Anônimo disse...

São tantos os trambiques que o Chefe de Governo precisa saber antes do que vai ser feito, até para saber onde a bomba vai estourar e onde poderão continuar a acontecer os desfalques.

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