Yoáni, a blogueira cubana, usa a palavra contra o regime

Esta semana, a cubana Yoáni Sanchez, dona do blog Generación Y, o de maior acesso de Cuba (menos em Cuba, onde a recepção é bloqueada), apanhou de desconhecidos. Ela trabalha sob severa vigilância. Em Porto Alegre, seu livro "De Cuba com carinho", vende muito bem (compre na Cultura por R$ 23,00). Yoáni, como todos os demais cubanos, não podem viajar sem licença das autoridades. A ela é negado o acesso ao aeroporto. No Brasil, intelectuais, jornalistas, juristas e as ONGs de todo o gênero, negam-se a apoiar a cubana e a pedir que Fidel trate de restabelecer a liberdade em Cuba. A entrevista a seguir é do jornal Zero Hora deste domingo.

15 de novembro de 2009

ENTREVISTA
A voz da Cuba cotidiana

Yoani Sánchez não estudou para ser jornalista ou escritora. Formou-se em Letras. Especializou-se em Filologia. Mas as circunstâncias a levaram a escrever, simplesmente para falar de seu país. A comunicação talvez seja uma vocação trazida desde o nascimento, em 4 de setembro de 1975, na mesma Havana sobre a qual faz relatos e de onde não pensa em sair.Com seu blog, tornou-se a voz que conta o cotidiano cubano, não necessariamente as mazelas. São os problemas, porém, que sobressaem. Como ela mesmo conta, Cuba hoje, sem os subsídios soviéticos, importa 80% dos seus alimentos – mas não tem dinheiro. Consequência lógica: a vida ficou cara para quem quase nada tem.A cubana, casada e mãe de um filho adolescente, é uma profunda conhecedora da literatura latino-americana contemporânea. Sua tese na universidade foi Palavras sob pressão – um estudo sobre a literatura da ditadura na América Latina. Pois essas palavras sob pressão traçaram um destino. Ao deixar a faculdade, ela concluiu: não queria a vida voltada para a intelectualidade. Não queria ser filóloga.Em setembro de 2000, foi trabalhar em um pequeno escritório da Editora Gente Nova. Para viver dignamente, concluiu que seu emprego não bastava. Passou, então, a ensinar espanhol a turistas alemães. Dois anos depois, pressionada pela falta de dinheiro, migrou para a Suíça, de onde retornou em 2004, com saudade da família.A temporada na Europa a levou a se aproximar da informática. Até que, em abril de 2007, resolveu fazer aquilo que a tornaria conhecida mundo afora: o blog Generación Y.Apesar do custo alto, tratou de atualizar o blog semanalmente. Tão grande foi o sucesso e tão livre o conteúdo que o governo cubano o bloqueou dentro do país. Restou o mundo, que o lia traduzido em 15 idiomas. Foi, a partir de então, uma sucessão de prêmios e a surpresa de integrar a lista das cem pessoas mais influentes da revista Times na categoria “Heróis e Pioneiros”. A mesma revista, junto com a rede de TV CNN, incluiu seu blog entre os 25 melhores do mundo.– Vivo em Havana, apostei em ficar. E a cada dia sou mais blogueira e menos filóloga – diz.

3 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de já saber a dezenas de anos eu continuo ficando pasmo com a esquerda brasileira que não tem o menor senso crítico em relação a Fidel.
Em dois anos apenas Fidel se livrou dos outros 3 "comandantes" vitoriosos para assumir o mando absoluto em Cuba.
Refrescando a memória, Che foi para Bolívia sem meios de sobreviver (só Che mesmo para não ver ), o que era sindicalista do porto foi condenado por alta traição (20 anos) por querer sair da Junta, e o Cienfuegos, muito mais carismático do que Fidel desapareceu (mas não seu avião, nem seu plano de vôo, o ajudante de ordens, oficial, foi assassinado na mesma semana, um assalto na versão oficial).
O Fidel sempre foi uma pessoa má, egoísta, que queria o poder custe o que custasse.
Fidel, traidor dos próprios companheiros, merece todo meu desprezo.
Mas é admirado por essa esquerda brasileira que como Fidel não vale nada.

Anônimo disse...

Complementado o comentário acima, com vossa permissão.
Ele é admirado pela esquerda brasileira não pelo que fez e está fazendo ao longo destes anos no poder, mas sim por ter conseguido chegar ao poder e ter se mantido.

Na verdade é dor de cotovelo destes "brasileiros", pois não conseguiram e não conseguirão a onde esta pessoa chegou, ditador carrasco em sistema hereditario, Imperador Cubano, dono absoluto da verdade e dos destinos dos habitantes de uma ilha.

Anônimo disse...

O anônimo das 21:10 h faz uma observação totalmente pertinente. A única explicação possível é a da esquerdopatia aliada a uma percepção distorcida da realidade com um radicalismo semelhante ao dos fanáticos religiosos do Irã, pois aparentemente, há esquerdistas que tem QI superior a 60, mas sua "fé" na "bíblia", "O Capital", suplante de longe suas escassas sinapses. Para eles há um outro mundo possível sim, ele é composto por Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.

Nota: Se estes países são tão bons, porque não se mudam para eles? Ninguém daqui vai impedir suas saídas, as portas estão totalmente abertas, não acontecerá nada semelhante ao que acontece com Yoani em Cuba!

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