Reitor da UFSM resiste em admitir culpa na confecção da Lista Burmann-Schlosser

A polêmica em torno do ofício encaminhado pela reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com o objetivo de identificar a presença de estudantes e professores israelenses na instituição segue ecoando dentro e fora da instituição, escreve hoje o Diárkio de Santa Maria, que é editado pelo grupo RBS. 

A seguir, leia entrevista do reitor Paulo Burmann ao jornal. Leia tudo:

Na terça-feira, o reitor Paulo Burmann abriu as portas do seu gabinete ao "Diário" e falou por cerca de 30 minutos. Burmann reconheceu que a UFSM fica um tanto chamuscada com o caso.

A imagem da instituição está abalada — admite Burmann.

O reitor sustentou que não errou no encaminhamento do caso, mas lamentou não ter dimensionado a repercussão política:

A universidade arriscou-se a responder um questionamento sobre um tema que poderia ter repercussão no cenário político de relações entre os povos.

Burmann argumentou ainda que não cabe a ele questionar o pedido com cinco perguntas, feito pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) e Associação dos Servidores (Assufsm), em nome do Comitê Santa-Mariense de Solidariedade ao Povo Palestino. O reitor alegou que a instituição apenas seguiu o que prevê a Lei de Acesso à Informação.

— O que está sendo posto é que a universidade estaria elaborando uma lista. Em nenhum momento, isso está sendo mencionado. Não existe lista — afirmou Burmann.

O reitor não escondeu seu descontentamento com a exposição da UFSM e avaliou que há falas oportunistas e discursos difamatórios em torno da Federal e, inclusive, direcionados a ele e a sua gestão.

Desde a última sexta-feira, o gabinete do reitor contabilizou seis reuniões. A última delas, na segunda, durou duas horas, com os diretores de centros. Ele pediu reserva ao tratarem do tema. A precaução é justificada pelo próprio Burmann para que a instituição não seja alvo de um desgaste ainda maior.

A entrevista do Diário foi acompanhada por dois assessores, um deles gravou a conversa. Ao final da entrevista, Burmann afirmou que, em apenas 10 dias, esse foi o segundo ataque à instituição. O primeiro, segundo ele, foi quando se anunciou a criação da Comissão da Verdade, o que gerou posições contraditórias.

Sem desdobramentos

O caso também está sendo acompanhado pela Polícia Federal, que instaurou um inquérito para investigar duas denúncias que envolvem a UFSM: racismo e falsificação de documento. Burmann foi, na última sexta-feira, espontaneamente, à delegacia de polícia. Por enquanto, o Ministério Público Federal ainda avalia se vai abrir ou não inquérito quanto ao caso.

Especialistas com os quais o "Diário" conversou acreditam que o caso não deve trazer sanções administrativas ao reitor da UFSM, uma vez que, embora o tema suscite bastante polêmica, Paulo Burmann apenas cumpriu a Lei de Acesso à Informação.

Lei gera interpretações divergentes

Não há consenso nem mesmo entre os especialistas na hora de interpretar a Lei de Acesso à Informação. O professor da Escola Superior do Ministério Público e advogado Antônio Augusto Mayer dos Santos explica que os conceitos de direito à informação e o de publicidade das informações obtidas não podem ser confundidos. Ele sustenta que esse é o cenário no caso em discussão:

Há uma confusão de conceitos. Não se pode confundir o acesso à informação com a ampla publicidade dessas informações. Informação e publicidade não são a mesma coisa. Embora seja legítima essa pretensão de informação, a publicidade demasiada não é a intenção da legislação, o que se enquadraria nesse caso. Ambos os conceitos são bastantes largos e dão inúmeras correntes de interpretação.

Professora da UFSM e da Unifra e estudiosa da lei, Rosane Leal explica que antes de polemizar o tema é preciso destacar o aperfeiçoamento que a lei trouxe à sociedade. Ela enfatiza que o brasileiro dispõe, hoje, de ferramentas e mecanismos que permitem saber o que se passa em todos os poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esferas federal, estadual e municipal:

— A regra é permitir o acesso a quem pede esclarecimentos. O sigilo, em casos específicos, passa a ser exceção. A lei parte de um princípio básico de que vivemos sob um Estado democrático de direito e o acesso à informação deve ser regra. Claro que há exceções e, basicamente, são duas: informações em grau de sigilo, como questões de segurança nacional, e a outra exceção é a privacidade do cidadão.

A advogada que preferiu não emitir considerações sobre o caso envolvendo a UFSM afirma que o Estado tem como regra o dever de informar o que foi solicitado. Dessa forma, o brasileiro estará, segundo ela, exercendo sua cidadania de forma ativa.

Sem perspectiva de um consenso

A exemplo de tantas outras leis, a de Acesso à Informação também possibilita leituras diferentes e divergentes. Para o advogado e professor de Direito Administrativo, Giorgio Forgiarini, há, basicamente, duas posturas a serem adotadas quanto ao tema:

— A autoridade pode exercer o juízo de razoabilidade quanto ao fornecimento de informação. Ou seja, pode questionar se o pedido é pertinente ou não. Porém, há uma outra vertente em que se diz "pediu a informação e a informação é pública, então, a autoridade tem de fornecer.

Sobre a notícia-crime, apresentada ao MPF pelo professor universitário aposentado da UFRGS Luis Milmann, que defende que houve discriminação e preconceito contra o povo judeu, Forgiarini avalia que não há a tipificação de racismo ou qualquer indício de prática de injúria racial por parte da reitoria.

O advogado, escritor, jornalista e sociólogo Marcos Rolim, ressalva que o pedido das entidades no sentido de averiguar um possível convênio da UFSM com a empresa israelense Elbit é válido. Porém, ele vê como temerário o pedido de saber da presença de israelenses:

— A pretensão de identificar ou de efetuar levantamento sobre israelenses atuando na UFSM é descabida e potencialmente discriminatória. Acho que a UFSM deveria reconhecer que o tema foi, pelo menos, mal encaminhado pela instituição.


11 comentários:

Anônimo disse...

O "magnifico" é burro ou mal intencionado. Eu acho que é mal intencionado. E hipócrita.

Anônimo disse...

>>

O que esse reitor da UFSM, bolivariano, comunista e anti-semita está esperando para deixar o importante cargo que ocupa?

Esse reitor tem que pedir demissão ou ser demitido.

<<

Cap Caverna disse...

A cada declaração desse reitor petista, eu fico mais perplexo! Como pode um sujeito com varios títulos acadêmicos se fazer de abobado e retardado, dizendo que não viu segundas intenções no pedido dessas entidades, que são primordialmente socialistas marxistas! Estamos chegando a um radicalismo perigosíssimo e que nos trará muitas consequencias maléficas. DCE tem que atentar aos interesses dos estudantes, Sedsfsm que cuide dos seus sindicalisados e a Assufsm que zele pelo bem estar dos funcionários e deixem dessas tendências stalinista e cuidem de suas vidas, que farão um grande bem ao Brasil. Eta país atrasado, e pelo jeito é em todos os niveis.

Anônimo disse...

Sr Polibio Braga:

Sou neto de italianos e nasci no Brás,onde tenho amigos árabes,árabes palestinos e judeus,não tem sentido trazer o conflito da Palestina para cá.
burmann e schlosser,formem uma dupla caipira,nome já tem:

CANALHA E CANALHINHA

Saudações

Ps Pela mesma lei de informação,o reitor poderia despachar o pedido de informações sobre israelenses,como descabido.É feio se justificar sr reitor.

Anônimo disse...

A própria UFSM, corpo docente e corpo discente, é conivente com a lista, pois deveriam estar fazendo panelaço e manifestações contra os antissemitas da reitoria.

Emmanuel disse...

Amigo Políbio,
Não adianta tentarem dourar a pílula: se há como apontar quem seja "israelense", "palestino", "negro", "gay" ou coisa que o valha, é fato que já houve uma pré-seleção anterior; noutras palavras, estaríamos classificando pessoas segundo critérios que agradam uns e outros.
Bem por isso, sequer deveria ser questionado se o cidadão é "isso" ou "aquilo".
Bem por isso, não há confusão alguma, como alguns doutos querem sustentar; o simples fato de poder separar uns de outros segundo determinados critérios, é evidente que o "pente fino" foi feito antes.
No estado de direito se faz segundo o princípio de que se governa pela maioria, mas essa maioria não tem direito de impor suas vontades à minoria, e vice-versa; bem por isso, infeliz o dito reitor, eis que ele deveria ser o primeiro a se rebelar quanto ao pedido da instituiçãozinha claramente retrógrada e discinimadora; não o fez, é isso é sinal de não apenas aquiesce, mas também defende aquela postura.

Maria Aparecida Vieira Souto disse...

E se o "Movimento Orgulho de ser Hetero" tivesse solicitado a informação sobre a existencia de pessoas que requeriram o uso do denominado "NOME SOCIAL"?
A adoção do “nome social” ocorre mediante simples requerimento do interessado.
RESOLUÇÃO Nº 12, DE 16 DE JANEIRO DE 2015 prevê a adoção do chamado “nome social” em escolas e em concursos públicos. A RESOLUÇÃO Nº 12 é Conselho Nacional de Combate à Discriminação de LGBT, órgão da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, tendo a RESOLUÇÃO Nº 12 força de lei. A resolução determina que escolas, tanto públicas quanto privadas, passem a adotar o “nome social àqueles e àquelas cuja identificação civil não reflita adequadamente sua identidade de gênero”.

Anônimo disse...

Qual o motivo desse animal bolivariano e antissemita ainda não ter sido preso?

Anônimo disse...

Fogueira nele.. kkkkkj

Anônimo disse...

E assim o Estado Islâmico vai gostando do entredo no Brasil, como já fez na Europa. A pergunta principal é: por que é que estão se abrindo as portas para nutrir mais raiva e alimentar mais diferenças?
Nada existe sem explicação. Seria mais benéfico e honesto que o Reitor dissesse a verdade, já que está tão preocupado em montar uma Comissão sobre o tema...!

Anônimo disse...

Senhor Reitor da UFSM

Como parte da Comunidade de UFSM, lhe solicito:
- Admita a trapalhada e peça desculpas à Comunidade Israelense
- Frente a lambança criada, peça desculpas à Comunidade da UFSM
- Admita que esta foi só mais uma lambança da sua equipe
- Se tiver dignidade suficiente exonere-se

Que Deus salve todos no final.


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