Artigo, Alexandre Schwartsman - Humores

Hoje "humor" é entendido como um estado de espírito, mas houve época em que era visto como algo físico, fluidos que controlavam, entre outras coisas, o próprio temperamento das pessoas (o fleumático, por exemplo, seria dominado pela "fleuma", humor procedente do sistema respiratório). Doenças eram atribuídas a desequilíbrios entre humores; daí prescrições de tratamentos como sangrias e afins, supostamente para recuperar o equilíbrio perdido.

. A falta de base científica, porém, da teoria dos humores ficou clara com o desenvolvimento da medicina, levando ao seu abandono, do qual se salvaram apenas expressões como "mau humor", utilizadas, é claro, num contexto bastante distinto do original.

. É irônico, portanto, que a mesma visão medieval ressurja expressa na noção que a prostração da economia brasileira - aparente no "pibículo" do primeiro trimestre, assim como o que nos espera ao longo deste ano - se deva ao mau humor dos empresários. 

. Obviamente a confiança empresarial anda baixa, e não apenas ela: medidas da confiança do consumidor também não são nada animadoras, mas, isto dito, é um erro acreditar que alterações de humor, de empresários ou consumidores, surjam do nada e, a partir daí, afetem o desempenho econômico. A relação entre causa e efeito parece ser precisamente a inversa: é o desempenho da economia que afeta o estado de espírito a que chamamos de "confiança" ou "humor", ou qualquer nome que se queria dar à sensação que algo está muito errado no país.

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Um comentário:

Anônimo disse...

A explicação para muitos dos "humores" pode ser vista no inocente vídeo que pode ser acessado no endereço abaixo:

http://telly.com/1LCO21W

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