A charge é de Joca Barreto e está disponibilizada no Google.
A OAB, buscando apoio para suas ideias sobre reforma política, contratou o
Ibope, que fez pesquIsa nacional com 1.500 pessoas entre 27 e 30 de julho. Os
resultados tiveram ampla repercussão nacional nesta terça-feira. Trata-se de
uma pesquisa que atende plenamente os interesses da OAB. E é altamente
questionável, para dizer o mínimo. O editor ficou perplexo quando recebeu os resultados
através de release distribuído na terça-feira a tarde, mas resultou
surpreendido quando as TVs repercutiram tudo de modo amplificado nos
noticiários da noite. Sobre o caráter, no mínimo polêmico, do que foi colocado,
vai esta análise do ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, economista, ex-deputado, e
o homem que implodiu a roubalheira que a Globo tentou fazer na eleição de
Brizola para governador do Rio, no episódio Pro Consult.
. Leia tudo:
1. Primeiro Problema: a pesquisa foi telefônica.
2. 85% querem reforma política. Mas 92% querem que seja
por Iniciativa Popular. Bem, para se divulgar uma proposta consensual e obter
as assinaturas necessárias, não se levaria menos de 3 meses. Em seguida, teria
que ser votada no Congresso. Mas a OAB pergunta se seria aplicada em 2014 e 84%
dizem que sim. Absolutamente inviável dia 3 de outubro estar tudo pronto. Quem
sabe se não ano que vem.
3. A pergunta sobre financiamento de campanha é capciosa.
17% aprovam doações privadas e 78% não. Mas não se inclui a hipótese do
financiamento público, o que distorce as respostas. Provavelmente a maioria não
ia querer pagar campanha com dinheiro que deveria ser aplicado em saúde,
educação, segurança...
4. Perguntar algo cuja resposta é óbvia, é outro defeito.
Por exemplo: limite de gasto em campanhas (a favor 80%) e maior rigor na
punição ao caixa 2 (a favor 90%).
5. A pergunta sobre sistema eleitoral é irrespondível. A
hipótese OAB, que tem apoio de 56%, trata de um sistema de lista com propostas.
Único no mundo. Uma jabuticaba política. Ou seja, um partido deveria votar em
convenção as propostas. Certamente seriam aprovados aumentos de salários, fim
da crise na saúde, emprego decente para todos, triplicar a bolsa família e
duplicar o piso de aposentadoria... Afinal, os partidos querem ter votos.
Ninguém iria propor coisas como ajuste fiscal ou meta de inflação...
6. Assim mesmo, do outro lado, manter o sistema atual tem
38% de respostas positivas. Então por que 85% querem reforma política se 38%
(quase a metade) querem manter o sistema eleitoral atual? Ou para os
entrevistados, reforma política nada tem a ver com sistema eleitoral?????
7. Nos temas destacados, só 14% escolhem o combate à
corrupção. Claro, pois se coloca numa mesma lista funções sociais de governo
(Saúde, Educação...) e questão comportamental que não fazem parte do mesmo
gênero.
8. São 84% os que apoiam as manifestações. Mas as razões
indicadas ficam circunscritas às sensações: Revolta 37%, Descaso 32%, Esperança
13%, Frustração 9%. Essas sensações são alternativas ou fazem parte de um mesmo
grupo geral?
9. Primeiro foi Dilma querendo constranger o Congresso
com plebiscito. Agora é a OAB com uma pesquisa de perguntas falhas,
contraditórias, insuficientes e tautológicas que a imprensa destaca. Nem Dilma
nem a OAB ajudam assim o fortalecimento das instituições.
10 - Claro, o
IBOPE não tem culpa, pois aplicou o questionário que recebeu.
3 comentários:
Pesquisa do IBOPE boa é só quando o resultado for contra o governo Dilma/Tarso.
O editor pode contrapor A pesquiza do IBOPE e fazer a sua própria pesquisa dirigida, digo, induzida, digo, digo aquela que se vc não for engulido pelo leão se joga no riu e cai na boca do jacaré, digo, pesquiza justa (sic).
Também sou advogada e não fui consultada. Sou contrária a essa tentativa de manter o pt no poder ad eternum. Basta de cubanização do Brasil.
"1. Primeiro Problema: a pesquisa foi telefônica."
Qual o problema de ser telefônica?
A maioria das pesquisas são telefônicas.
Inclusive a Esomar (world association for market, social and opinion research)valida esse método.
Já começa por aí os erros dessa análise.
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