A candidata petista falou "dilmais"

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Revista Veja - 10 de abril de 2010

O pacote da pré-campanha da ex-ministra Dilma Rousseff é de impressionar. O PT alugou casas, um comitê, reservou carros, jatinhos, contratou especialistas americanos em internet, jornalistas, institutos de pesquisa, consultores de imagem, fonoaudiólogos e marqueteiros – um aparato de estrela que já está trabalhando, mas que ainda convive com um grande enigma: o desempenho da ex-ministra sem a presença do presidente Lula a seu lado.

Na semana passada, surgiram os primeiros indícios do que está por vir. Em sua incursão-solo inicial, Dilma escolheu Minas Gerais como cenário para testar seu desempenho. Seguindo o roteiro convencional dos políticos, a petista colocou crianças no colo, fez promessas a empresários, tomou cafezinho com cidadãos comuns e distribuiu beijos e afagos. O resultado foi considerado satisfatório. No palanque e nas entrevistas, territórios em que talvez o eleitor tenha as melhores condições de enxergar seu candidato da maneira como ele realmente é, a ex-ministra causou espanto.

Ao contrário de tudo o que já havia feito, Dilma adotou um discurso agressivo, classificando os opositores como "lobos em pele de cordeiro", para, logo depois, defender a possibilidade de uma parceria entre ela e o candidato ao governo de Minas Antonio Anastasia, do PSDB – supostamente um dos tais "lobos em pele de cordeiro".

Um comentário:

abi disse...

NÃO PODE FICAR SÓZINHA

Por Carlos Chagas

Senão revendo a candidatura, hipótese impossível, ao menos perplexo está o presidente Lula diante das trapalhadas de Dilma Rousseff. Porque enquanto ela permaneceu à sombra do criador, pecava por omissão. Solta, peca por confusão.

Ninguém na presidência da República confirmava, ontem, mas espalhava-se por Brasília a versão de estar o primeiro-companheiro irritado com o périplo da candidata por Minas Gerais. Em quinze minutos ela desfez quinze semanas de trabalho minucioso do Lula em favor da aliança PT-PMDB para o governo local. Além de haver deixado confusos os mineiros, ao admitir apoiar o nome de Alberto Anastásia para o palácio da Liberdade, com a contrapartida de os tucanos sufragarem o seu nome para a presidência da República.

Como ficou o senador Hélio Costa, do PMDB, quase endossado pelo presidente Lula para o governo mineiro? E os companheiros Fernando Pimentel e Patrus Ananias, que ainda insistem em disputar a sucessão local?

Dilma também deixou mal o ex-governador Aécio Neves, supostamente beneficiado com o reforço ao seu candidato Anastásia. Estranhou, tanto que não acompanhou a candidata na visita ao túmulo de Tancredo Neves, em São João Del Rey. Mas ficou calado, pois seria descortês criticar homenagem feita ao avô.

Em suma, a conclusão é de que Dilma não pode ser deixada sozinha. Começa a quebrar louças, como já fez no Rio de Janeiro ao confraternizar com Anthony Garotinho, para horror do governador Sérgio Cabral.

Imagine-se quando for a Pernambuco ou ao Rio Grande do Sul...

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