O editor acaba de ler as 3.548 páginas dos autos da Operação Solidária

Foi uma dura e penosa leitura as 3.548 páginas (15 volumes) dos autos da Operação Solidária, desde as 18h30m desta segunda-feira até agora, terça, 01:44m. A leitura incluiu transcrições de grampos devastadores e cruéis, relatórios de campanas fotográficas sobre suspeitos (o deputado Padilha foi o mais fotografado e filmado) e até confidências sobre a preferência sexual de meia dúzia de personagens, o que inclui a narração explícita sobre um inacreditável consórcio de garotas de programa em Canoas.

. No RS, nas relações nada edificantes existentes entre alguns poucos políticos, empresários e homens públicos, a promiscuidade com o trato do dinheiro público pode ser sórdida, mas esta não é a regra e isto se percebe até mesmo no exame desapaixonado dos autos. O leitor identificará no processo, alguns personagens que povoaram antes a CPI da Propina (governo Collares, do PDT) e a CPI da Jogatina ou Segurança Pública (governo Olívio, do PT).

. O Tribunal Regional Federal, que recebeu pedido da presidente da CPI do PT, Stela Farias, para entregar-lhe cópia completa, adiou a decisão para o mês que vem. Nos autos, o editor verificou que antes de Stela, no dia 16 de dezembro, o deputado Elvino Bohn Gass pediu acesso ao material, porque queria examinar referências às circunstâncias da nomeação do coronel Paulo Mendes ao Comando da Brigada, mas nada conseguiu. O próprio ministro Marco Aurélio Melo, relator do processo desmembrado para os deputados Eliseu Padilha e José Otávio, tem negado reiteradamente a quebra do segredo de justiça.

. O editor deu-se ao trabalho de conseguir uma cópia própria e resolveu virar a noite lendo tudo, porque estava buscando a verdade e não conseguia nada além de trechos publicados com exclusividade pelo jornal Zero Hora, ambos pinçados cirurgicamente das 3.548 páginas com o objetivo determinado de mostrar o boi da cara preta. Até hoje, terça-feira, ninguém sabe como o jornal conseguiu os trechos cirúrgicos que publicou, quais eram seus objetivos e se foi cobrado de alguma autoridade pelo atrevimento de quebrar o segredo de justiça por duas vezes seguidas. ZH talvez não vá gostar de ler tudo que está nos autos, se é que já não fez o que fez o editor.

. Os implicados na Operação Solidária foram todos identificados e respondem a processo em Santa Maria, em Porto Alegre e em Brasília.

. A cada nova investida que ocorrer do mesmo gênero, o editor desmascarará seus autores, revelando o contexto em que se insere o boi da cara preta mostrado - que não tem nada de cara preta.

- Se você, leitor, tiver dúvidas sobre verdades ou mentiras inscritas nos autos, mande e-mail para polibio.braga@uol.com.br, porque esta página está a serviço da verdade e mostrará o que está escondido da opinião pública (com cópia fiel sobre o que for questionado). É simples como o ar que respiramos.