Crônica de sexta, Vitor Bertini - A serenata dos anjos, versão completa.

Mamãe chegava de mansinho, sentava na borda da cama e passava a mão na minha cabeça:

– Bom dia, meu filho.

Depois, sorria para os olhos que abriam, abria a janela, dizia do clima e estendia a mão para eu levantar. Lembro disso.

Lembro também da delicadeza de seus gestos; do seu corpo franzino e de seus olhos fundos; de uma vaga sensação de segurança em seu abraço; de seus vestidos bons de tocar e do seu cabelo preso com passadores.

Às vezes, ainda na janela, respirando fundo, ela inclinava a cabeça como quem apura o ouvido, regia os passarinhos.

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