O resultado das contas públicas seguiu fraco em junho,
reforçando a piora do quadro fiscal observado no curto prazo. Esse
movimento se deve à forte retração das receitas, por conta da recessão
econômica, e à dificuldade de promover cortes significativos nas despesas, que
têm regras rígidas.
A arrecadação federal somou R$ 98,1 bilhões em junho, acumulando
R$ 617,3 bilhões no ano, segundo divulgado ontem pela Receita Federal. No ano,
a queda real é de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Nessa mesma
base de comparação, as receitas previdenciárias caíram 5,0%, enquanto receitas
mais relacionadas à atividade, como IRPJ e CSLL, apresentam queda de 5,9%, e as
receitas com imposto de importação e IPI vinculado à importação estão caindo
25,7%.
Adicionalmente, o Tesouro Nacional divulgou o resultado primário do
governo central, deficitário em R$ 8,8 bilhões em junho, frustrando as
expectativas nossas e as do mercado, que apontavam saldos negativos de R$ 10
bilhões e R$ 15 bilhões, respectivamente. No mês passado, as receitas foram
positivamente influenciadas pelo recebimento da segunda parcela com concessões
de hidrelétricas (R$ 5,2 bilhões). Apesar disso, a receita total caiu 5,9% em
relação a junho do ano passado, em termos reais, levando a uma retração de
6,1%, no acumulado do ano. Ao mesmo tempo, as despesas recuaram 5% em relação a
junho do ano passado, ainda crescendo 0,3% no acumulado do ano, já descontando
o efeito da inflação. No ano, o governo central já acumula déficit de R$ 32,5
bilhões e não esperamos reversão para os próximos meses.
Os economistas do Bradesco lembram esta manhã que a
meta do governo, tanto para este como para o ano que vem, contempla déficits de
R$ 170,5 bilhões e R$ 139 bilhões, nessa ordem, o que sugere que as contas
públicas seguirão mostrando resultados fracos no curto prazo, aumentando a
pressão para que as reformas estruturais sejam endereçadas e avancem nesta
segunda metade do ano.
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