Em um domingo remoto, 15 de março de 2015, no começo da noite, eu inaugurei a série O upgrade do Brazil. Era dia de protesto e eu escrevi: “O mundo tomou nota de um Brasil cívico que foi às ruas no domingo exigir o fim deste estado de coisas, o estado de 12 anos de lulopetismo”. E como estamos no desenrolar deste domingo, 16 de agosto? Eu escrevo no final da manhã dominical, arriscando um quadro mais complexo visto de fora, mas que no final das contas reflete uma visão de dentro.
O podre império do lulopetismo contraatacou, embaralhando o jogo de amigos, adversários e fisiológicos. Portanto, cuidado para assinar prematuramente o seu atestado de óbito. Melhor falar de uma uma lenta morte anunciada. O Instituto Blinder & Blainder sempre oferece privilegiadas poltronas de observação para a consultoria de risco Eurasia e para o jornal espanhol El País. E qual é avaliação feita por ambos ainda antes dos protestos dominicais?
Para a Eurasia, os protestos provavelmente não irão aprofundar a crise de governabilidade, mesmo que a mobilização seja superior às de março e de abril. A consultoria mantém a probabilidade de 30% de saída da presidente Dilma Rousseff do poder antes do final do seu mandato. A Eurasia enfatiza que o maior risco para o governo é se os protestos maciços se tornarem frequentes e se os sindicatos lulopetistas aderirem de forma efetiva para sabotar o ajuste fiscal.
Já o El País tem uma vasta cobertura sobre os protestos no seu site em português neste domingo. No final da manhã, a manchete era: “Uma Dilma frágil encara outra vez a prova de fogo das manifestações”. O jornal ressalva que os protestos talvez não correspondam às expectativas de organizadores, mas destaca alguns pontos elementares como o agravamente da crise econômica, o cansaço popular e o aprofundamento da Operação Lava-Jato.
Portanto, apesar do contrataque, o governo não tem motivos para a pausa que refresca. Nas palavras do El País, ele tem, porém, um consolo: “Dilma parece ir ganhando tempo nesta crise não por suas virtudes, mas porque as alternativas a ela, caso seu mandato seja abreviado, são fracas até o momento.”
Este Brasil em trânsito desgovernado (de situação e de oposição, de upgrade e de downgrade) obviamente justifica que eu abrevie por um precioso dia o mandato de minhas merecidas férias.
2 comentários:
Até Financial Times desiste do golpe: Dilma deve ficar:
Jornal britânico, que com frequência dispara contra as ações do governo brasileiro, aponta em editorial as razões pelas quais a presidente está em uma "posição precária", mas avalia que, se Dilma Rousseff deixar o poder, "provavelmente seria substituída por um outro político medíocre".....
A Globo ja se definiu . Nao ao impechement . E sim a 4 anos de governo fraco . Leia num bom artigo publicado pela comprada e governista Carta Capital . Explica tambem a queda do Collor da presidencia : querer construir um imperio das comunicacoes em choque com os Marinhos .
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